Postagens

Mostrando postagens de janeiro, 2020

A conquista da Península Ibérica

Imagem
“Batalha de Guadalete”, quadro de Mariano Barbasán Langueruela, pintado em 1882. Resultado da expansão islâmica iniciada no século VII, o processo de conquista da Península Ibérica, a partir do ano 711, delimitou um período de franco desenvolvimento econômico e cultural em uma região da Europa que seria marcada pela estagnação característica do continente durante grande parte da Idade Média , caso os muçulmanos não a conquistassem. Esta região foi dominada por cerca de sete séculos e mantém resquícios culturais daquela época até hoje. Mas como começou a invasão muçulmana na região, e como os conquistadores conseguiram ficar tanto tempo a ponto de influenciar (positivamente) a cultura local mesmo após deixar a Península? O último reino visigodo na Hispânia Se olharmos o atual mapa da Europa, veremos que ali na Península Ibérica temos três países ocupando a região: Portugal, Espanha e uma parte da França. Mas em 711 nós temos registros da existência de vários reinos na região, que muita

As Guerras Médicas

Imagem
Na Antiguidade, quando um império crescia e ameaçava outros povos que viviam próximos às fronteiras deste império, os governantes podiam resolver os impasses de duas formas, uma simples e outra mais complicada : rendição e submissão de um dos lados, ou a guerra, até a rendição de um dos lados. Quando os persas , liderados por Dario I , iniciaram a conquista da região da Lídia, na Ásia Menor, colocaram em jogo não só o domínio de uma região como também a supremacia marítima sobre um importantíssimo ponto de comércio do Mediterrâneo. Este é o ponto de partida das Guerras Médicas , que colocaram gregos e persas em conflito por várias décadas. Os textos que formam esta revista foram publicados originalmente em posts separados no “antigo” HistóriaZine, mas agora passaram por uma revisão para formar esta edição. E o que você vai encontrar nesta revista? Explicações sobre a Primeira e a Segunda Guerra Médica , além da Guerra do Peloponeso , que também foi um episódio importante d

O Coliseu Romano

Imagem
O Anfiteatro Flaviano teria o nome de “Coliseu” inspirado no Colosso de Nero, uma estátua de cerca de 35 metros de altura que existia nas proximidades. Foi construído entre os anos 70 e 90 da “Era Cristã” e o imperador que deu início à construção foi o Vespasiano . Seu filho, Tito, no ano de 79, inaugurou o Coliseu ainda inacabado —  da mesma forma que certos governantes inauguram obras públicas hoje em dia  — pois no ano 80 aconteceriam os primeiros jogos no local. Roma tinha acabado de passar por uma erupção do Vesúvio, um surto de peste e um incêndio que destruiu muitas construções pela cidade. Tito teria ordenado os jogos para acalmar e distrair a população. Antes do Coliseu, no local havia um palácio construído por Nero, que procurava restaurar a área após aquele histórico incêndio que aconteceu durante seu governo e que atingiu várias partes de Roma. Mas para os romanos, o palácio era apenas desperdício de dinheiro público, já que a maioria da população não teria acesso à sun

O Mercantilismo seria o “pai” do Capitalismo?

Imagem
Resposta: basicamente, o Mercantilismo é uma forma de Capitalismo. Mas neste texto vamos fazer uma rápida explanação sobre o tema. É claro que o Capitalismo, enquanto conjunto de práticas econômicas, políticas e de relações de produção não deve ter apenas o Mercantilismo como sua única raiz. Mas esta prática econômica, iniciada no século XV pelas nações absolutistas da Europa tem uma certa culpa no nascimento do Capitalismo na forma como nós conhecemos hoje. O Mercantilismo foi um conjunto de medidas adotadas pelas nações absolutistas com a intenção de angariar e reter riqueza. E esta riqueza, muitas vezes, era simplesmente ouro e prata. Assim, a premissa básica do Mercantilismo era de que a riqueza de uma nação era determinada pela quantidade de ouro e prata que ela possuía. Simples assim, com tudo controlado pela mão-de-ferro do Estado, que adotava uma postura completamente intervencionista sobre a economia do país. Só que os governantes da época, monarcas soberanos que tomavam to

O Golpe de 1964: perguntas e respostas

Imagem
O dia 31 de março (ou seria 1° de abril?) de 1964 marca o início do Golpe Civil-Militar que implantou duas décadas de ditadura no Brasil. Neste texto vamos fazer um breve resumo dos acontecimentos que marcaram uma época bem turbulenta de nossa História. Para isso, vamos fazer uma série de perguntas e respostas. As perguntas eu já ouvi de algum amigo ou parente curioso ou então ela foi feita algum dia em sala de aula, durante a graduação — por um colega de sala ou por minha própria pessoa. E as respostas estão de acordo com o que eu ouvi dos professores, os livros que eu li e as diversas opiniões que eu já ouvi ao longo das muitas conversas que eu já tive sobre o assunto. Espero que vocês gostem do formato adotado para este texto e sintam-se à vontade para fazer novas perguntas nos comentários, caso tenham mais dúvidas. Eu, Vinicius, estarei à disposição na medida do possível, ok? (até porque eu adoro conversar sobre este assunto) Ah, em tempo: se vier com pedrada ou revisionismo his

A Revolução Francesa

Imagem
Falar sobre a Revolução Francesa não é fácil. O assunto é muito extenso e vários autores já pesquisaram e publicaram excelentes obras sobre o assunto. A importância da Revolução é tanta que ela não ficou restrita à França. Os ideais que a motivaram influenciaram eventos semelhantes não só na Europa como também na América. Podemos citar, por exemplo, a luta de Toussaint Louverture para libertar o Haiti , entre outros exemplos. Óbvio que neste site nós não conseguiremos falar sobre tudo que envolveu este importante evento da História. No entanto nós publicamos anteriormente três textos sobre o assunto, ainda em 2011. E agora, em 2020, resolvemos revisar (mais uma vez) estes textos e apresentá-los em formato "revista". E o que você vai encontrar nesta revista? Explicações sobre como estava a França antes da Revolução , o que foi a Bastilha, o Terror, o Diretório , além dos grupos jacobinos e girondinos , as influências e o legado da Revolução francesa no mundo. Basta

Marie Curie, a Dama Radioativa

Imagem
Maria Salomea Sklodowska, que mais tarde ficou conhecida no mundo inteiro como Marie Curie , nasceu em Varsóvia, na Polônia, em 7 de novembro de 1867. Filha de um professor de ensino secundário, ela recebeu uma boa educação. Durante sua juventude, enquanto estudava Química ainda em Varsóvia, envolveu-se com alguns grupos estudantis meio revolucionários , que naquela época nasciam aos montes no Leste europeu e teve que deixar a cidade — na época a Polônia fazia parte do reino da Rússia, e é óbvio que estes grupos lutavam contra o Czar e não eram bem vistos pelos russos. O local escolhido para fugir foi a cidade de Cracóvia, que na época estava sob domínio do Império Austríaco. Mas ela não ficou muito tempo por lá. Em 1891 Maria foi até Paris, onde pode enfim terminar seus estudos em Física e Matemática pela Universidade de Sorbonne. É também em Paris que ela vai conhecer seu marido e principal parceiro em suas pesquisas mais importantes. Pierre Curie, o amor e a Ciência Ao mudar-se para

A Era dos Samurais

Imagem
Eles existem desde o século VIII, mas foi entre o Período Kamakura , iniciado em 1192, até a Restauração Meiji , em 1867, que os samurais tiveram sua época áurea no Japão. A Restauração Meiji é o marco do início do fim da estrutura feudal japonesa, o início da industrialização do país e o fim dos samurais enquanto servidores do imperador. Mas como os samurais chegaram a ter este status? É isso que vamos tentar explicar agora. Servidores de valor Devido seu isolamento do resto do mundo — em especial o fim do contato direto com a China, principalmente após a invasão de Gengis Khan àquele país — a sociedade japonesa teve um desenvolvimento bem peculiar, com características que nós não encontramos em outros povos. Querem um exemplo um pouco recente? O grande terremoto que causou um tsunami em março de 2011. Mesmo com lugares completamente destruídos e outros necessitando de abastecimento básico de água e alimentos, TODOS os jornalistas fizeram questão de destacar a forma ordeira, discipli

A formação do Feudalismo

Imagem
Europa, séc. IV d.C. O Império Romano do Ocidente, separado de sua porção oriental pelo imperador Teodósio no ano de 395 d.C., entrou em franca decadência. Entre os muitos fatores responsáveis por esta queda, podemos destacar: 1)  A crise do escravismo ; 2)  As chamadas invasões bárbaras , muitas sem qualquer derramamento de sangue; 3)  A crescente distribuição de terras , que antes estavam concentradas e eram administradas pelos senhores romanos. Cada vez mais os colonos passaram a administrar e trabalhar nas terras, pagando impostos aos donos das mesmas. Junte-se a isso a estagnação romana nas conquistas territoriais , e temos também um quadro onde os soldados recebiam terras para cultivar, e ao invés de lutar nas Legiões, plantavam para sobreviver. Com o tempo, o feudo virou a “ unidade básica ” da produção medieval. Tudo que era necessário para a sobrevivência dos habitantes, dos servos, passando pelos senhores feudais — barões, condes, duques etc… — até os reis era produzido nos f

Batismo de Sangue e a face podre da Ditadura

Imagem
Um dos filmes nacionais mais fortes, tanto pela temática quanto pelo trabalho dos atores, excelentes em seus papéis, é o “Batismo de Sangue” (2007), inspirado no livro homônimo escrito por Frei Betto . Ele conta a história dos frades dominicanos Tito, Oswaldo, Fernando e Ivo , além do próprio Betto, que no fim da década de 1960 auxiliaram a Ação Libertadora Nacional (ALN), liderada pelo guerrilheiro Carlos Marighella , um dos principais líderes da resistência armada contra os militares que tomaram o poder no Brasil a partir de 1964, com o Golpe Militar. Dirigido pelo cineasta Helvécio Ratton, o filme chama a atenção porque mostra a face mais cruel da Ditadura no Brasil: a tortura institucionalizada pelos aparelhos repressivos , que vitimou milhares de pessoas e deixou marcas até em quem jamais sofreu qualquer tortura, tamanho o medo que despertou até naqueles que só ouviam falar dos acontecimentos. O trailer deste filme você pode assistir neste link . A morte de Marighella Ele era uma

Por que todo mundo deveria ler “Maus”, a HQ de Art Spiegelman

Imagem
Uma das melhores obras já feitas sobre o holocausto na Segunda Guerra é, por incrível que pareça, uma história em quadrinhos. Sim, nós não enlouquecemos e hoje vamos indicar a HQ “Maus — A história de um sobrevivente” , do judeu norte-americano Art Spiegelman. Atenção: o texto abaixo possui spoilers leves da história. O holocausto segundo Vladek Spiegelman Engana-se quem pensa que “Maus” — “rato”, em alemão — é uma obra bonitinha , pois os personagens são antropomorfizados, ou seja, retratados como animais humanizados — os judeus são os ratos; os nazistas, gatos; os poloneses são porcos; norte-americanos são cachorros etc… “Maus” é uma obra forte, construída a partir do relato real de Vladek Spiegelman , pai do autor, que viveu os difíceis anos de invasão alemã à Polônia e, assim como a maioria dos judeus dos países ocupados pelo nazismo, sofreu nos campos de concentração. O mais impressionante é o desenrolar da trama, pois “Maus” é uma história dentro de outra história. O fio condu

A Queda do Muro de Berlim

Imagem
1945, fim da Segunda Guerra Mundial . A Alemanha derrotada está ocupada pelos Aliados. De um lado a União Soviética , os verdadeiros resistentes à ocupação nazista. Foram eles que lutaram bravamente às portas de Moscou, defenderam com a vida Leningrado e Stalingrado; e ao vencer estas batalhas, enfraqueceram sobremaneira o exército alemão. De outro lado, EUA, Inglaterra e França , que organizaram o Dia D e a mega invasão dos Aliados pelo oeste da Europa. Em comum, o interesse em dividir a Alemanha em “áreas de influência” , e a necessidade de impedir que uma nova liderança como a de Hitler tomasse a frente na política local. A Alemanha foi dividida em dois países, a República Democrática Alemã (RDA), conhecida como Alemanha Oriental, de regime socialista , e a República Federal Alemã (RFA), ou Alemanha Ocidental, de regime capitalista . A capital, Berlim, que fica do lado oriental, também foi dividida (como mostra o mapa acima). Só que o muro não começou a ser construído logo após os