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Resumo da História de Roma: Monarquia

Rômulo e Remo

Segundo a lenda, Roma foi fundada pelos irmãos Rômulo e Remo no ano 753 a.C. Esta mesma lenda informa que os dois eram filhos da princesa Reia Silvia, filha do rei de Alba Longa, uma cidade às margens do rio Tibre.

O tio de Reia destronou o próprio irmão e mandou matar todos seus sobrinhos. Reia ainda não era casada, nem tinha filhos, por isso foi obrigada a virar uma Virgem Vestal, título dado às sacerdotisas dedicadas à deusa Vesta e, como o próprio nome sugere, uma pessoa proibida, pelo compromisso religioso, de ter relações sexuais.



Mas Reia acabou grávida do deus Marte — deuses nesta época não respeitavam muito esse negócio de virgindade, Zeus que o diga… — e em 771 a.C. nasceram os gêmeos Rômulo e Remo. Ao saber deste nascimento, Amúlio — o tio de Reia — mandou jogar as crianças no rio Tibre. O cesto onde estavam os garotos encalhou próximo onde hoje é a cidade de Roma, entre os montes Palatino e Aventino. Encontrados por uma loba, que os amamentou, os garotos milagrosamente escaparam da morte certa. Mais tarde, um pastor encontrou os dois bebês e acabou cuidando dos dois até a idade adulta.

Depois de crescidos, os irmãos fundaram Roma nesta região onde foram encontrados e criados, mas algumas divergências foram resolvidas só quando Rômulo matou Remo — Rômulo queria chamar a cidade de “Roma” e fundá-la no monte Palatino, enquanto Remo desejava nomeá-la “Remora” e fundá-la no monte Aventino.

Assim, com um fratricínio nas costas, Rômulo foi o primeiro rei de Roma. Apesar da origem “lendária” — e dos seis reis que sucederam Rômulo serem chamados também de “reis lendários” — é fato que naquela região já existiam povos bem desenvolvidos, como os etruscos, que mais tarde tiveram sua cultura assimilada por Roma. E não é errado dizer que estes “reis lendários” eram reis etruscos, pois este era o povo daquela região naquela época.

O que Rômulo fez foi fundar uma nova cidade que se desenvolveu recebendo influência direta dos etruscos, mas o que torna Roma especial é a sua História, seus feitos após séculos de fundação. Na época, era apenas mais uma cidade como outra qualquer, e a versão histórica mais confiável atesta que Roma teria sido fundada a partir de uma fortificação militar, construída por volta do século VIII e usada pelas tribos da região para defesa contra as tribos vizinhas.

Os outros reis lendários

Após Rômulo, que governou entre 753 e 716 a.C., Roma teve outros seis reis; os três primeiros eram considerados sabinos e os três últimos, tarquínios. Os sabinos — que também são chamados de “latinos” ou “italiotas” — , em ordem, foram os seguintes:


1 - Numa Pompílio (716 a 673 a.C.): responsável pelo primeiro sistema de leis romanas, além de ser o responsável por elaborar o primeiro calendário da cidade e de organizar os ofícios religiosos. Por causa desta “reforma religiosa”, os romanos consideravam que a cidade viveu uma época de paz e prosperidade, o que garantiu a este rei um grande reconhecimento após sua morte. Pompílio foi eleito entre os romanos e não era descendente de Rômulo.
2 - Túlio Hostílio (673 a 641 a.C.): também foi eleito, como Pompílio, mas ao contrário deste, levou Roma à primeira expansão territorial, conquistando territórios vizinhos. É creditada a Túlio a organização do primeiro exército romano, assim como a vitória e posterior destruição de Alba Longa. Conta a lenda que Túlio, considerado muito orgulhoso, teria morrido queimado por um raio desferido pelo deus Júpiter — que era a representação de Zeus em Roma.
3 - Anco Márcio (641 a 616 a.C.): neto de Numa Pompílio, também foi responsável por um período de relativa paz, apesar dos confrontos com as cidades de Ficana e de Politorium durante seu reinado. Aos derrotados destas cidades, Márcio cedeu terras do monte Aventino e acabou criando o primeiro núcleo da plebe romana. Também construiu a primeira ponte sobre o rio Tibre.

Após Anco Márcio, estes três próximos reis são considerados “tarquínios”:

4 - Tarquínio Prisco (616 a 578 a.C.): Os filhos de Anco Márcio ainda eram muito jovens quando ele morreu, abrindo a brecha para uma nova “eleição” de um rei. Tarquínio, um rico comerciante da região da Etrúria, convenceu a Assembleia Curiata(*) de que ele deveria ser eleito rei de Roma. Manteve a expansão territorial, fomentou o comércio com as cidades próximas e foi responsável pela drenagem dos pântanos da região em volta da cidade, além de algumas reformas estruturais que garantiram o crescimento da cidade. Tarquínio também reformou o exército e aumentou o número de curiatas — de 100 para 200.
5 - Sérvio Túlio (578 a 534 a.C.): Tarquínio foi morto por um complô dos filhos de Anco Márcio, agora crescidos. Sérvio era genro de Tarquínio e recebeu valiosa ajuda de sua sogra para ser eleito rei de Roma. Terminou a reorganização do exército romano (agora dividido em centúrias, cem homens liderados por um centurião) e promoveu a primeira reforma social, dividindo os romanos por classes, de acordo com a renda de cada um. Também ergueu a primeira muralha em volta de Roma, garantindo a defesa da cidade.
6 - Tarquínio, o Soberbo (534 a 509 a.C.): Filho de Tarquínio Prisco, era casado com uma das filhas de Sérvio Túlio quando decidiu tomar o poder degolando o sogro. Apesar de tocar novas obras estruturais na cidade, era considerado um déspota, pois confiscou diversos bens de famílias romanas influentes, e seu reinado foi a ruína da Monarquia e a principal causa da fundação da República Romana.

Em 509, quando encontrava-se fora da cidade, seu filho Sexto Tarquínio teria provocado o suicídio de Lucrécia, filha de um influente aristocrata e casada com Lúcio Tarquínio Colatino, um influente patrício, chefe da Ordem Equestre Romana da época. Lúcio, juntamente com o prefeito Lucrécio Tricipitino e o senador Lúcio Júnio Bruto, lideraram a deposição do rei ausente e fundaram a República.

Os dois próximos textos deste “resumão” sobre Roma Antiga você pode acessar clicando nos banners abaixo:




Notas:

(*) A Assembleia Curiata ou Comitia Curiata pode ser considerado o “embrião” do Senado Romano. Era formada por cidadãos romanos, responsável pelas leis e pela eleição dos reis.

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