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Os Maias

Os maias vivem na América Central por cerca de 3000 anos. Vivem sim, pois os espanhóis não conseguiram exterminar por completo o povo. Eles começaram a habitar a região sul do México por volta do ano 1000 a.C. e muitos de seus descendentes vivem próximos aos locais onde hoje temos vários sítios arqueológicos.

Estima-se uma população de 2 milhões de maias espalhados pela região, compreendendo os territórios do México, Guatemala, São Salvador e Honduras; e desenvolveu-se em três períodos históricos:

Pré-maia (aproximadamente 3000 a.C. até 317 d.C.)

Época que permanece um tanto quanto obscura para os historiadores e arqueólogos até o ano 1000 a.C., quando começou na América Central um grande crescimento populacional, em parte pelo aumento significativo da produção de milho — base da alimentação do povo — e a formação de grande aglomerados populacionais, originando as primeiras cidades maias.

É neste período que foram construídas as cidades de Tikal, Palenque, Copán e Uaxactún, entre outras.

Nesta época ainda não existia uma unidade imperial, estas cidades funcionavam como cidades-estado independentes. Algumas em algum momento formaram ligas que, para comparação, eram bem parecidas com as ligas criadas pelas cidades gregas lá na chamada “Antiguidade Clássica”.

Antigo Império (317 a 987)

Neste período as cidades maias formaram um estado centralizado e governado por um monarca semidivino, que era o proprietário nominal de todas as terras que eram cultivadas e que também determinava o trabalho obrigatório, durante uma época do ano, para toda a população.

Mesmo com esta unidade regida por um poder teocrático, as cidades ainda tinham relativa liberdade, o que vai motivar o estabelecimento do…

Novo Império (987 a 1697)

No Novo Império as cidades reconquistaram a independência e voltaram a formar as cidades-estado. Mas esta independência das cidades não modificou a cultura comum do povo maia. As diferenças culturais, quando existiam, eram imperceptíveis. No entanto, essa desagregação facilitou o domínio espanhol.

Sociedade e Economia

Nas cidades viviam os nobres — classe formada pela família real, chamados de “aqueles que possuem pai e mãe”. Havia também os sacerdotes, os comandantes militares e os funcionários do império que cuidavam da administração e cobrança de impostos.

A base da sociedade era formada pelos trabalhadores urbanos, os artesãos e os camponeses, que além do trabalho e do pagamento de impostos, ainda prestavam serviços militares em épocas de conflito.

A base da economia era a agricultura, principalmente a plantação de tubérculos, milho e feijão. Cultivavam também algodão, tomate, batata e cacau. A maior parte destas plantações pertenciam ao Estado, e os camponeses prestavam serviços em uma parte do ano nestes locais. Possuíam técnicas avançadas de irrigação, mas também faziam uso das queimadas, o que causava o esgotamento precoce do solo.

Segundo alguns estudos arqueológicos, foi a partir do ano 1000 a.C., com a introdução do milho “maís” que os maias passaram a destinar seus trabalhos públicos para a construção dos templos e cidades, entre outras obras públicas, pois este milho não dependia de técnicas muito elaboradas para o cultivo, tomando rapidamente o lugar de produto-base da alimentação maia, o que também acarretou em um desenvolvimento agrícola mais lento da região.

É aquela coisa: com abundância de alimento, sobra tempo para outras atividades laborais.

Religião, cultura e arte

Chichén-Itzá. As pirâmides maias eram o centro religioso das cidades.

Chichén-Itzá, a pirâmide da foto acima, é considerada patrimônio da humanidade pela Unesco, e foi eleita uma das 7 novas maravilhas do mundo, assim como Machu Pichu, obra-prima da arquitetura inca. A arte maia, assim como todos os outros povos pré-colombianos, tem ligação direta com a religião local.

A religião era politeísta, os maias acreditavam em vários deuses e davam valores humanos aos fenômenos da natureza, além de deificar vários elementos naturais — animais, plantas, pedras e minerais — que eram identificados como deuses.

A religião também era dualista — tinham noção de bem e mal — , e estes deuses frequentemente lutavam entre si. Com frequência realizavam sacrifícios humanos para aplacar a ira dos deuses.

Assim como os egípcios, os maias também tinham uma escrita baseada em desenhos e símbolos. Registravam com esta escrita os acontecimentos, contagem dos impostos, colheitas, guerras e datas. Tinham um calendário baseado nas fases da Lua, e outro que registrava o tempo de acordo com a posição do planeta Vênus.

A astrologia maia era avançadíssima para os recursos da época, e o topo das pirâmides serviam também como observatório astronômico, além das construções específicas para este fim.

Segundo os maias, este mundo teria sido precedido por outros mundos, e existiram três Eras neste mundo que terminaram em destruição. A quarta era, a Era dos Maias, terminaria com o estabelecimento da fraternidade universal. Coincidentemente, esta Era acabava em 2012, e isto foi motivo para várias especulações sobre o fim do mundo.

A matemática também era muito desenvolvida, e os maias desenvolveram as casas decimais e o número zero. Seu sistema era de base 20, ou seja, ia do 0 ao 19.

Chegaram a desenvolver também um jogo de bola, com associações rituais e eram jogados em estádios que foram construídos em várias das grandes cidades maias.

Decadência do povo maia

Entre os séculos VIII e IX os maias entraram em decadência devido a guerras internas, doenças, inundações e grandes períodos de seca. As cidades passaram a ter muros em volta. E em algumas cidades, revoltas dos camponeses também enfraqueceram o império.

Mais ao sul os maias continuaram prosperando, mas os territórios do norte foram agregados à expansão asteca, vinda do México por volta do séc. XIV. Com a chegada dos espanhóis, a última cidade-estado maia deixou de oferecer resistência em 1697.

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