tag:blogger.com,1999:blog-55638399151671348792024-02-07T06:22:48.220-03:00HISTÓRIAZINEA História descomplicada!Vinicius Cabralhttp://www.blogger.com/profile/02972282144353255052noreply@blogger.comBlogger105125tag:blogger.com,1999:blog-5563839915167134879.post-50201345399499816002022-01-31T09:39:00.000-03:002022-01-31T09:39:16.479-03:00Período Regencial: o golpe da maioridade<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEh1L_-gviwqiAtxOFA4WG-_Czj_djzpgp_TSGxTxrrigT-e9DyOjZq70ck8Z1eXwL_v7ZYugTZAkwlWOeTvrS-EvIGh8vVYBm79dKv86IKMhXjB64zbhhj4L6qE4bJ1DL70c2G_RukeqbxDk6GZoLdf7RoIQqryTl7xRVyy7tubbSTVjPNhEld92kL1" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="424" data-original-width="800" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEh1L_-gviwqiAtxOFA4WG-_Czj_djzpgp_TSGxTxrrigT-e9DyOjZq70ck8Z1eXwL_v7ZYugTZAkwlWOeTvrS-EvIGh8vVYBm79dKv86IKMhXjB64zbhhj4L6qE4bJ1DL70c2G_RukeqbxDk6GZoLdf7RoIQqryTl7xRVyy7tubbSTVjPNhEld92kL1"/></a></div><br>Em 23 de julho de 1840 os membros do Partido Liberal conseguiram que o Senado declarasse D. Pedro II capaz de ocupar o trono do Império Brasileiro. Assim, o país passava a ter um imperador “maior de idade” com 14 anos, quando o normal seria que ele ocupasse o trono a partir dos 18.<br><br>Antes de prosseguir, recomendamos primeiro a leitura de nossos dois outros textos sobre o tema. Caso você já tenha lido, vamos continuar após os links.<br><br><h2><a href="https://www.historiazine.com/2022/01/periodo-regencial-abdicacao-de-d-pedro-i.html" target="_blank">Período Regencial: a abdicação de D. Pedro I</a><br><a href="https://www.historiazine.com/2022/01/periodo-regencial-as-trinas-e-as-unas.html" target="_blank">Período Regencial: as Trinas e as Unas</a></h2><br>Devido as crescentes agitações políticas do período e as <b>constantes ameaças de descentralização do poder central</b> causadas, principalmente, pelo Ato Adicional aprovado desde 1834 - durante a Regência Trina Permanente de José Carvalho, Bráulio Muniz e Francisco de Lima e Silva -, além das revoltas que pipocavam em algumas províncias, a unidade territorial e política do Brasil estava abalada.<br><br>Este temor, claro, era observado com maior vivacidade pela ala conservadora da política brasileira, formada por pessoas ligadas à corte e também por donos de terras e escravos.<br><br>O clima era bem instável e já havia, desde 1835, a vontade de que D. Pedro II ocupasse o trono, mesmo sem idade para tal. É importante frisar que a Constituição de 1824 dizia que a maioridade do imperador se daria com 21 anos, mas o Ato Adicional baixou a maioridade para 18 anos. Mas em 1835 D. Pedro II ainda era bem novo para tal empreitada.<br><br>Mas com o tempo e as já citadas agitações, foi crescendo a ideia de que a figura do jovem Pedro II ocupando o trono e ditando os rumos do país seria a única salvação para os problemas do Brasil. E é aí que entra o trabalho do <b>Partido Liberal</b> para colocar D. Pedro II no trono o mais rápido possível.<br><br><h2>O Clube da Maioridade</h2>Afastados do poder, os liberais, após proposta do senador José Martiniano de Alencar, criaram no início de 1840 a Sociedade Promotora da Maioridade, também conhecida como <b>Clube da Maioridad</b>e, liderada por Antonio Carlos de Andrada e Silva, que se reunia com o <b>objetivo de encontrar uma melhor forma de aprovar e aclamar a maioridade de D. Pedro II.</b> A medida teve apoio de grande parte da imprensa, ganhando as ruas e recebendo um considerável apoio popular até mesmo para a época.<br><br>Mas não pensem que os liberais desejavam o jovem Pedro II no poder porque gostavam da centralização política que sua figura reforçaria. Eles contavam com a inexperiência de Pedro II em conduzir questões políticas e administrativas complexas para fortalecer os desejos liberais de descentralização do poder. <b>Neste caso, os liberais buscaram a maioridade do futuro imperador para tentar provar, de alguma forma, que D. Pedro II não tinha condições de ocupar o trono.</b><br><br>Mas alguns historiadores defendem a versão de que os liberais não buscaram o golpe para desqualificar D. Pedro II, como veremos a seguir.<br><br><h2>O “golpe” em si: uma grande manobra dos liberais</h2>Os conservadores não puderam ir contra a vontade de diminuição da maioridade, pois certamente seriam acusados de “<i>inimigos do regime monárquico</i>”. Assim, em 23 de julho de 1840, com a concordância do jovem Pedro II, o Senado aprovou a maioridade de forma unânime. Em carta, os senadores proclamaram à população:<br><br><h3><i>Brasileiros!<br>A Assembleia Geral Legislativa do Brasil, reconhecendo o feliz desenvolvimento intelectual de S.M.I. o Senhor D. Pedro II, com que a Divina Providência favoreceu o Império de Santa Cruz; reconhecendo igualmente os males inerentes a governos excepcionais, e presenciando o desejo unânime do povo desta capital; convencida de que com este desejo está de acordo o de todo o Império, para conferir-se ao mesmo Augusto Senhor o exercício dos poderes que, pela Constituição lhe competem, houve por bem, por tão ponderosos motivos, declará-lo em maioridade, para o efeito de entrar imediatamente no pleno exercício desses poderes, como Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil.<br>Brasileiros! Estão convertidas em realidades as esperanças da Nação; uma nova era apontou; seja ela de união e prosperidade. Sejamos nós dignos de tão grandioso benefício.<br>Paço da Assembleia Geral, 23 de julho de 1840.</i></h3><br><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhz-yUAg6huYgYM3ifPdyhzZKyMPrMywmGmpRRIO9QTqmCEIqwrXb4NOd06L8fShN7FOYVn13idSetWhRJfCCNXNCKPLxdQmadRwRf4rPV1dvey6u2MZC56AbTKRXuFBaVdkOX1RzDEIV1f-IJysJlA9YXxPcbI6JWvwC_2Ph90I-1D7JXYeSiUXikM" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="523" data-original-width="800" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhz-yUAg6huYgYM3ifPdyhzZKyMPrMywmGmpRRIO9QTqmCEIqwrXb4NOd06L8fShN7FOYVn13idSetWhRJfCCNXNCKPLxdQmadRwRf4rPV1dvey6u2MZC56AbTKRXuFBaVdkOX1RzDEIV1f-IJysJlA9YXxPcbI6JWvwC_2Ph90I-1D7JXYeSiUXikM"/></a></div><center>“Coroação e sagração de D. Pedro II”, quadro de François René Moreaux.</center><br>E é agora que a gente discute se o ato de apoiar e até mesmo forçar o “golpe” foi uma manobra <i>ardilosa</i> dos liberais. Porque se nós olharmos os fatos, após ocupar o trono D. Pedro II iniciou uma espécie de <b>revezamento administrativo</b> em seus ministérios, ora convocando políticos liberais, ora conservadores, medida que acalmou os ânimos dos mais descontentes com as recentes decisões regenciais da última década.<br><br>Pedro II também conseguiu manter o país unido, mesmo tendo em um primeiro momento que vencer as dificuldades impostas principalmente pela <a href="https://www.historiazine.com/2019/12/a-revolucao-farroupilha.html" target="_blank">Revolução Farroupilha</a>, que já havia atingido Santa Catarina em 1839 e, mesmo sem obter sucesso em sua expansão, ainda trazia sérios problemas para a unidade territorial brasileira.<br><br>Segundo os livros de História, D. Pedro II foi um imperador sábio e justo. Homem culto e curioso, adorava viajar e procurou desenvolver o Brasil na medida do possível. Mas não foi suficientemente inteligente para acabar com a escravidão, mas aí a gente também já está pedindo demais de um monarca que nasceu num meio escravagista e era sustentado por uma elite totalmente escravagista.<br><br>E fica aí uma proposta de discussão interessante sobre a política imperial brasileira, já que os próprios liberais não eram exatamente um poço de virtudes, ficando assim sem muito espaço de manobra frente a estas medidas tomadas por Pedro II...Vinicius Cabralhttp://www.blogger.com/profile/02972282144353255052noreply@blogger.com0Brasil-14.235004 -51.92528-42.545237836178842 -87.08153 14.075229836178845 -16.76903tag:blogger.com,1999:blog-5563839915167134879.post-30458113582858350462022-01-12T11:25:00.001-03:002022-01-31T09:40:30.228-03:00Período regencial: as Trinas e as Unas<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhznb7E_G7Ujk_QVzHDbALCQ8n8EETFgRw9GgM3egE2WZqXtXJVCO2KbcES0jgdYUKEKqoWzU-QHWICAKqMrqDa5cEwZhES8Li865nSkY3do0dBLrYZIwUyFn9Ibm_GFsdG5nEo_BZwRrJ2DONUq90LJTHGWxYzVe0X23PCkPri1KRczFQiXGOnwgCQ" style="display: block; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="500" data-original-width="1024" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhznb7E_G7Ujk_QVzHDbALCQ8n8EETFgRw9GgM3egE2WZqXtXJVCO2KbcES0jgdYUKEKqoWzU-QHWICAKqMrqDa5cEwZhES8Li865nSkY3do0dBLrYZIwUyFn9Ibm_GFsdG5nEo_BZwRrJ2DONUq90LJTHGWxYzVe0X23PCkPri1KRczFQiXGOnwgCQ" /></a></div>No texto anterior nós tratamos especificamente da abdicação de D. Pedro em 1831 e agora vamos falar das <b>Regências</b>, a forma de governo central, encontrada pelos nossos dirigentes da época, após o D. Pedro deixar o Brasil.<br /><br />Se você ainda não leu nosso texto sobre a abdicação de D. Pedro, aí vai o link:<br /><br /><a href="https://www.historiazine.com/2022/01/periodo-regencial-abdicacao-de-d-pedro-i.html" target="_blank"><b>Período Regencial: a abdicação de D. Pedro I</b></a><br /><br />Imaginando que vocês já estão a par do texto anterior, seguimos...<br /><br />Segundo a Constituição da época - aquela de 1824 - o Brasil deveria ser governado por um imperador. Na falta de D. Pedro I, seu filho mais velho seria coroado. Mas neste caso, a pessoa que possuía direito a ocupar o trono tinha apenas 5 anos e 4 meses de vida.<br /><br />O pequeno Pedro não tinha qualquer noção do que era governar um império. Portanto, a Constituição previa a instalação de uma Regência, até que o pequeno Pedro tivesse idade suficiente para ocupar o trono e tomar decisões sobre o país.<br /><br /><h2>A regência trina provisória</h2>Assim que D. Pedro I entregou sua carta de abdicação, os senadores e deputados reunidos trataram de nomear uma <b>regência trina provisória.</b> O objetivo principal desta regência era <b>conter o vácuo de poder</b> deixado pelo ato da abdicação e <b>controlar o país</b> até as eleições que definiriam uma outra regência trina, desta vez “permanente” - na verdade, esta regência eleita teria duração de 4 anos, o que também era previsto na Constituição de 1824.<br /><br />Foram nomeados para a regência trina provisória as seguintes pessoas: o general <b>Francisco de Lima e Silva</b> (o mesmo que recebeu a carta de abdicação de D. Pedro), o liberal <b>Nicolau Pereira de Campos Vergueiro</b> e o conservador <b>José Joaquim Carneiro de Campos</b>, o Marquês de Caravelas. A intenção dos deputados e senadores ao nomear três pessoas com visões políticas diferentes foi justamente <b>manter o equilíbrio do governo e conter possíveis protestos</b> que poderiam ocorrer, por exemplo, caso dois liberais ou dois conservadores fossem nomeados para a regência.<br /><br />Os primeiros atos desta regência provaram o interesse em conter os ânimos mais exaltados. Eles restituíram os cargos dos ministros demitidos por D. Pedro I e afastaram das tropas militares os elementos considerados <i>desordeiros</i>.<br /><br />Em 9 de abril D. Pedro II foi aclamado imperador mas, como já foi dito, não poderia governar o Brasil. <b>José Bonifácio</b> foi nomeado tutor dos herdeiros ainda por D. Pedro I, até que estes alcançassem a maioridade. Com a partida de D. Pedro I em 13 de abril, os regentes anunciaram oficialmente à população a atual situação do país e em alguns estados ocorreram confrontos, principalmente entre brasileiros e portugueses. De um lado os brasileiros contentes com a abdicação de D. Pedro, do outro os portugueses insatisfeitos com a situação.<br /><br />É interessante citar que apesar do garoto Pedro II ser ligado diretamente à família real portuguesa, ele era brasileiro, e alguns brasileiros viam neste fato o definitivo fim do perigo do Brasil voltar a ser colônia de Portugal.<br /><br /><h2>A regência trina permanente</h2>Eleitos em 17 de junho de 1831, <b>José da Costa Carvalho</b>, o Marquês de Monte Alegre, <b>Bráulio Muniz</b> e o general <b>Francisco de Lima e Silva</b> - o único mantido da regência provisória - iniciaram o mandato que durou até 1835. O padre Diogo Antônio Feijó, que também era deputado, criou no mesmo ano a Guarda Nacional ao ser nomeado como ministro da justiça.<br /><br />A maioria “moderada” dos políticos da Assembléia Legislativa conteve os ânimos dos exaltados e mudou a Constituição, sem atender todas as solicitações de todos os lados políticos. Eles <b>restringiram o Poder Moderador</b>, que passava a ser exercito pelo regente ou pelo ministro responsável, mas tirava do mesmo o poder de destituir a Câmara dos Deputados, como fez D. Pedro I. Os regentes também não podiam distribuir títulos nobiliárquicos ou qualquer tipo de nomeações sem o aval da Câmara.<br /><br />Os regentes receberam um Brasil combalido, tanto financeira quanto politicamente. Apesar de tentar agradar todos os atores políticos sem ceder mais para um lado do que para o outro, os regentes tiveram diversos problemas com os exaltados - também conhecidos como jurujubas - e os restauradores - conhecidos como caramurus - liderados por José Bonifácio, então tutor do infante D. Pedro II.<br /><br />A crescente agitação em algumas províncias e principalmente na capital fez com que o padre Feijó solicitasse aos regentes que dessem a ele liberdade para abafar qualquer manifestação contrária à ordem estabelecida.<br /><br />Na queda de braço, Feijó deixou o cargo de ministro da justiça e Bonifácio perdeu a tutoria para o Marquês de Itanhaém, Manuel Coelho, após diversas rusgas entre os grupos políticos que chegaram até a colocar em risco a segurança de Pedro II.<br /><br />Com o Ato Adicional de 1834, que modificou a Constituição mais uma vez, a próxima eleição regencial escolheria apenas uma pessoa para ocupar o cargo.<br /><br /><h2>A regência una de Feijó</h2><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgS19wNarqwneWCd-bYusr29-CRAHBiUy9yeyCnNhFxxBbZRL7g6snbh2YSBdAFpLqSZoa-HWyFUnq-gGjEzM6tVB-uHr-DNTnq1sfgcLzR0WrRIk8uL3pKqGhL4YNXNPcknZ2h5qwRISYrzfld-PIvZ0U0fQLfhI5zZbEh8UQaIA9TOyjkw7FDy-h8" style="display: block; margin-left: 1em; margin-right: 1em; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="257" data-original-width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgS19wNarqwneWCd-bYusr29-CRAHBiUy9yeyCnNhFxxBbZRL7g6snbh2YSBdAFpLqSZoa-HWyFUnq-gGjEzM6tVB-uHr-DNTnq1sfgcLzR0WrRIk8uL3pKqGhL4YNXNPcknZ2h5qwRISYrzfld-PIvZ0U0fQLfhI5zZbEh8UQaIA9TOyjkw7FDy-h8" /></a></div>Eleito em 1835, o padre <b>Diogo Antônio Feijó</b> manteve a postura e a mão firme que o tornou figura de destaque no período em que foi ministro da justiça, apesar de estar com alguns problemas de saúde.<br /><br />Durante sua regência começaram os três maiores conflitos do período: a <a href="https://www.historiazine.com/2019/12/a-cabanagem.html" target="_blank"><b>Cabanagem</b></a>, a <a href="https://www.historiazine.com/2019/12/a-sabinada.html" target="_blank"><b>Sabinada</b></a> e a <a href="https://www.historiazine.com/2019/12/a-revolucao-farroupilha.html" target="_blank"><b>Revolução Farroupilha</b></a>.<br /><br />Feijó também não era muito afeito aos caprichos da Câmara. Moderado, não cedeu às propostas extremas dos dois lados e, apesar de ouvir propostas de descentralização do poder, não deixou de combater aqueles que ameaçavam a unidade política do Brasil. Ele também não era muito bem visto na Igreja, já que era favorável ao fim do celibato. Feijó tinha um grande aliado político: Evaristo da Veiga. Mas a morte de seu aliado, em 1837, fez com que o padre repensasse seu cargo.<br /><br />Feijó renunciou em 19 de setembro de 1837. Um dia antes ele havia nomeado Pedro de Araújo Lima como ministro. O mais interessante de tudo é que Araújo Lima, de orientação moderada, era adversário político de Feijó, e com a renúncia ele acabava de ocupar o posto de regente interino.<br /><br /><h2>A regência una de Araújo Lima</h2>O período em que ficou como regente interino deu força para que <b>Araújo Lima</b> se candidatasse no pleito de 1838 e vencesse com relativa facilidade. Mas sua permanência enquanto regente não foi nada fácil.<br /><br />Apesar de conseguir acabar com o Ato Adicional, o que voltava com a centralização total do poder para o Rio, acabando com a autonomia das províncias , Araújo Lima teve que lidar com a época mais complicada da Farroupilha e da Sabinada, além de ter que conter a eclosão da <b><a href="https://www.historiazine.com/2019/12/a-balaiada.html" target="_blank">Balaiada</a></b>, no Maranhão. Para isso, a Guarda Nacional teve seu comando subordinado diretamente ao poder central, e aumentando o controle sobre as tropas, Araújo Lima reprimiu violentamente todas estas revoltas.<br /><br />Em 1839 as agitações políticas e o descontentamento de alguns pela forma com que as decisões eram tomadas fez com que crescesse a ideia do <b>Golpe da Maioridade</b>, levado a cabo em 1840. Mas deste acontecimento nós trataremos no próximo texto...<br><br><h2><a href="https://www.historiazine.com/2022/01/periodo-regencial-o-golpe-da-maioridade.html" target="_blank">Período Regencial: o Golpe da Maioridade</a></h2>Vinicius Cabralhttp://www.blogger.com/profile/02972282144353255052noreply@blogger.com0Brasil-14.235004 -51.92528-54.511236075112052 -122.23778 26.041228075112048 18.38722tag:blogger.com,1999:blog-5563839915167134879.post-91962835359015483382022-01-03T10:20:00.003-03:002022-01-12T11:27:39.130-03:00Período regencial: a abdicação de D. Pedro I<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgq4023oLlvfh32k3m6XLLRq-ruafWaRTRrI7ibGufdCKGu-qSvwcDa59hYlftdvfjrjEIns_mWln3gcyy9DZYGH-ejnaatWIjTPYokm75YiIpNk1AkHCW3WYLw4NgbFULP3Nk1RFm14YH-oUuG5_3f74YlNSc-xqd6Qywej6GH5TwrkNPZG118x18r" style="display: block; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="313" data-original-width="800" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgq4023oLlvfh32k3m6XLLRq-ruafWaRTRrI7ibGufdCKGu-qSvwcDa59hYlftdvfjrjEIns_mWln3gcyy9DZYGH-ejnaatWIjTPYokm75YiIpNk1AkHCW3WYLw4NgbFULP3Nk1RFm14YH-oUuG5_3f74YlNSc-xqd6Qywej6GH5TwrkNPZG118x18r" /></a></div><br />O cenário político brasileiro durante o reinado de D. Pedro I era um pouco <i>confuso</i> e <i>agitado</i>. Por causa da Constituição outorgada de 1824 e das agitações liberais crescentes na época, principalmente na Europa, o Brasil passou por um período bem conturbado em sua História.<br /><br />Antes de falar do período regencial, nós precisamos entender os antecedentes do processo e qual o papel dos protagonistas da política brasileira nesta época.<br /><br />Recomendamos também o nosso texto sobre <a href="https://www.historiazine.com/2019/11/o-processo-de-independencia-do-brasil.html" target="_blank">o processo de independência do Brasil</a>, pois este texto aqui é quase que uma continuação.<br /><br /><h2>A Constituição de 1824 e o Poder Moderador</h2>D. Pedro I <b>não aceitou a primeira Constituição</b> elaborada pela Assembleia Constituinte, que foi convocada em 1823, pois a mesma <b>limitava seus poderes</b> enquanto imperador. Um Conselho de Estado foi convocado após D. Pedro dissolver a Assembleia e este Conselho elaborou a Constituição, que foi <b>outorgada</b> - ou seja, imposta - por D. Pedro no dia 25 de março de 1824, sem qualquer discussão ou interferência externa ao Conselho.<br /><br />Mas apesar desta Constituição implantar o <b>Poder Moderador</b>, que dava plena liberdade de ação ao imperador, havia - além dos Poderes Executivo e Judiciário - o Poder Legislativo, exercido pelos deputados e senadores, eleitos segundo o voto censitário, pois só podia votar quem tivesse uma renda específica, os pobres estavam de fora do processo eleitoral.<br /><br />Entre estes deputados e senadores existiam membros favoráveis à atual situação administrativa do Brasil e também aqueles membros contrários tanto aos supremos poderes do imperador - concedidos pelo Poder Moderador - quanto contra a manutenção da própria monarquia. Estes eram os <b>liberais</b>, elementos da sociedade que causavam maior dor-de-cabeça a D. Pedro I.<br /><br />Mas como estes elementos eram eleitos e respaldados pela Constituição, tanto D. Pedro quanto o Conselho de Estado, formado em sua maioria por simpatizantes da monarquia e pessoas próximas ao imperador, tinham que <i>aturar</i> os liberais e vez ou outra <i>bater-boca</i> para resolver os impasses sem causar muitos danos à ordem estabelecida.<br /><br />D. Pedro ainda estava meio acuado frente a uma situação no mínimo inusitada: ainda existiam pessoas no Brasil, a maioria portugueses e membros do <b>Partido Português</b>, que <b>desejavam que o país voltasse a ser colônia de Portugal.</b> E estas pessoas também faziam parte da corte e dos círculos próximos à coroa, além das pessoas “comuns” - comerciantes, trabalhadores etc… - que tinham o mesmo desejo.<br /><br />Agora imaginem a situação de D. Pedro I desde a Independência:<br /><br />- Portugal <i>atrapalhando</i> o jogo e não reconhecendo a independência do Brasil;<br />- Um bando de ingleses perambulando pela corte e parasitando por estas bandas, além de grande parte do nosso comércio estar atrelado a eles;<br />- Uma quantidade considerável de portugueses vivendo aqui no Brasil, sem condições ou sem interesse em voltar a Portugal e desejando a volta do Brasil para a condição de colônia ou reino unido, o que fosse melhor, pois país independente era uma situação inaceitável para estas pessoas;<br />- E entre os brasileiros, os <b>nacionalistas</b>, uma parte que era favorável à manutenção da monarquia, mas outra parte queria ver D. Pedro longe do poder (esse grupo era conhecido como os <b>"exaltados"</b>), ou pelo menos que o Parlamento tivesse mais força que o imperador (estes eram conhecidos como os <b>"ximangos"</b>).<br /><br />Era muita opinião divergente e muita gente dando palpite. Qualquer um ficaria maluco… ou abdicaria.<br /><br /><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEipQsL9BUZNJV8WYNtf9H7j2elf29yT28f03Tmcm4bRgV8Oh2xLmMEvUoJ9wA4fe2FRqrhiKpIfSYVJkZFe2vlBJn2si6jbf8hH362BfWP-U2qLo7HubvzgOd8M9DsGgO9o4a-rzJeEIqF1cX_1yHcFrS7zQJ48GoMWDgFY7n9yxFLgy1O_FsjOYKF2" style="display: block; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="256" data-original-width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEipQsL9BUZNJV8WYNtf9H7j2elf29yT28f03Tmcm4bRgV8Oh2xLmMEvUoJ9wA4fe2FRqrhiKpIfSYVJkZFe2vlBJn2si6jbf8hH362BfWP-U2qLo7HubvzgOd8M9DsGgO9o4a-rzJeEIqF1cX_1yHcFrS7zQJ48GoMWDgFY7n9yxFLgy1O_FsjOYKF2" /></a></div><br />Outros problemas atrapalhavam o reinado de D. Pedro I:<br /><br />Enquanto país recém-independente, as outras nações tinham que reconhecer o Brasil como um país soberano, o que acabava gerando pequenos atritos diplomáticos. Os gastos militares do Brasil na guerra contra as Províncias Unidas do Rio da Prata também causou certo desconforto nos parlamentares.<br /><br />As dificuldades financeiras internas começaram, na verdade, desde o dia em que D. João VI <i>limpou os cofres</i> do Banco do Brasil e voltou para Portugal.<br /><br />D. Pedro, sem ter muito o que fazer e tendo uma queda de arrecadação por conta de uma baixa quase geral nos preços das exportações mais para o fim da década de 1820, mandou o Banco do Brasil emitir mais dinheiro, o que gerou uma espiral inflacionária e forçou a liquidação deste banco em 1829, agravando a crise.<br /><br />Os liberais ganharam força após a Revolução de 1830, que derrubou Carlos X na França. Apesar da distância, os ideais liberais desta manifestação francesa espalharam-se por muitas outras nações ao redor do mundo, principalmente aqui na América. No Brasil a notícia foi recebida com entusiasmo pelos liberais, que iniciaram manifestações para derrubar com o Poder Moderador.<br /><br />Nesta época existiam, entre tantas, duas grandes vozes liberais no país que estavam bem próximas ao Império: <b>Evaristo da Veiga</b>, que era responsável pelo jornal carioca “Aurora Fluminense” e <b>Libero Badarò</b>, fundador e redator do jornal “O Observador Constitucional”, de São Paulo.<br /><br />Badarò, após apoiar a manifestação de estudantes paulistas que simpatizavam com a causa liberal e de atacar, a partir do jornal, o ouvidor Cândido Japiaçu, que havia processado alguns dos estudantes, foi morto por supostos capangas de Japiaçu.<br /><br />O assassinato de Badarò deixou os ânimos inflamados e outros protestos tomaram conta das ruas das principais cidades do Brasil. Eram protestos modestos, de uma pequena parte da população, mas atrapalhavam a ordem estabelecida pela Constituição de 1824. Em fevereiro de 1831, D. Pedro foi até Minas Gerais, a fim de acalmar os ânimos exaltados por <b>Bernardo Pereira de Vasconcelos</b>, jurista e jornalista que também tomou frente nas manifestações liberais.<br /><br />Na volta para a capital, em 11 de março, D. Pedro foi recebido por portugueses interessados na volta do Brasil submisso à coroa portuguesa. Na verdade houve uma festa, e os nacionalistas, irritados com os gastos da festa, já que o país estava em crise, entraram em atrito com os portugueses, o que resultou na <b>noite das garrafadas</b>, uma briga generalizada pelas ruas do Rio de Janeiro.<br /><br />D. Pedro I, após o ocorrido, ao invés de tentar acalmar os ânimos, destituiu seu ministério - que era formado em sua maioria por pessoas moderadas - e nomeou pessoas reconhecidamente favoráveis ao absolutismo e, consequntemente, o Poder Moderador previsto na Constituição. Meio <i>perdido</i> entre protestos que exigiam a volta dos antigos nomes ministeriais e sem o apoio das Armas, pois as tropas aderiram aos protestos, D. Pedro até tentou compor um novo Ministério, mas acabou abdicando ao trono no dia 7 de abril de 1831 com a seguinte carta:<br /><br /><blockquote>“Usando do direito que a Constituição me concede, declaro que hei muito voluntariamente abdicado na pessoa de meu muito amado e prezado filho o Senhor D. Pedro de Alcântara.<br />– Boa Vista, sete de abril de mil oitocentos e trinta e um, décimo da Independência e do Império.”</blockquote><br />Ao entregar a carta de abdicação para o major Miguel Vasconcelos, comandante da fortaleza da Ilha das Cobras, D. Pedro teria dito: “<i>Aqui está a minha abdicação. Desejo que sejam felizes! Retiro-me para a Europa e deixo um país que amei e que ainda amo.</i>”<br /><br />D. Pedro voltou para a Europa com a imperatriz D. Amélia e a filha D. Maria, deixando no Brasil seus filhos Pedro, futuro imperador, e as meninas D. Januária, D. Paula e D. Francisca. Como o filho Pedro tinha apenas 5 anos e ainda era pequeno para governar, D. Pedro nomeou <b>José Bonifácio</b> como tutor da criança.<br /><br />Após a abdicação, os políticos brasileiros tiveram que se organizar em torno de uma <b>regência</b>, que ficaria responsável pelo governo até que o pequeno Pedro alcançasse a maioridade. Mas isto é assunto para o próximo texto:<br><br><h2><a href="https://www.historiazine.com/2022/01/periodo-regencial-as-trinas-e-as-unas.html" target="_blank">Período Regencial: as Regências Trinas e Unas</a></h2><br /><h2>Fontes:</h2>– FAUSTO, Boris. <b>História do Brasil.</b> Editora EDUSP. São Paulo, 2008.
Vinicius Cabralhttp://www.blogger.com/profile/02972282144353255052noreply@blogger.com0Brasil-14.235004 -51.92528-89.573133272065149 167.44972 61.103125272065142 88.69972tag:blogger.com,1999:blog-5563839915167134879.post-54764285252968038192021-11-04T11:11:00.000-03:002021-11-04T11:11:41.227-03:00O dia em que o futebol venceu o nazismo<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg7F22dKdSnaO2TjPiSV3wi_67ZIY5pwRB9dn-FnxB90CKv75wB5a44jvFz1yszr8Yk6WHJDlnIjRvygT0F6QbqKT471QeHtwV2LmcoN4UfBJY7_q1tdDuaFT8R79fgV5DMENR3gIdLvMRJtKXEi_vbsQeimLXo43C_fsEG2wfs3wHH0mPXxgJvWLgH" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="530" data-original-width="800" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEg7F22dKdSnaO2TjPiSV3wi_67ZIY5pwRB9dn-FnxB90CKv75wB5a44jvFz1yszr8Yk6WHJDlnIjRvygT0F6QbqKT471QeHtwV2LmcoN4UfBJY7_q1tdDuaFT8R79fgV5DMENR3gIdLvMRJtKXEi_vbsQeimLXo43C_fsEG2wfs3wHH0mPXxgJvWLgH"/></a></div>Na madrugada do dia 22 de junho de 1941 teve início a <b>Operação Barbarossa</b>, a invasão alemã à antiga União Soviética. Nos dias seguintes os soldados alemães empreenderam a <b>blitzkrieg</b>, encontrando fortíssima resistência do exército vermelho apenas nas cidades de Leningrado, Stalingrado e Moscou.<br><br>Mas não pensem que a resistência dos soviéticos no início da invasão alemã, às bordas da fronteira soviética, não tenha existido. A cidade de <b>Kiev</b>, na atual <b>Ucrânia</b>, foi um dos focos desta resistência. Milhares de civis <i>engrossaram</i> o exército e lutaram diretamente contra os alemães. Não ajudou muito, muitos soldados e civis morreram frente à tática de “guerra-relâmpago” imposta pelos alemães, mas os que sobreviveram às batalhas iniciais continuaram vivendo suas vidas após a rendição. Ou tentaram vive-las da melhor maneira possível nas cidades ocupadas.<br><br><b>Josef Kordik</b> reuniu trabalhadores e outras pessoas que inicialmente lutaram contra os alemães e colocou todos para trabalhar em sua fábrica de pães, evitando que elas sofressem perseguição direta da Gestapo. <i>Qualquer semelhança de Kordik com Oskar Schindler não é mera coincidência</i>.<br><br>Entre os trabalhadores, Kordik identificou e empregou os jogadores do <b>Dínamo</b>, clube pelo qual ele torcia antes da guerra, e que era considerado por muitos o melhor time de futebol da Europa (algumas fontes citam que três jogadores do Lokomotiv também faziam parte do time).<br><br>Kordik não só empregou como também incentivou os jogadores a manter o time. Durante a noite eles trabalhariam na fábrica e jogavam futebol durante o dia. E para manter a integridade dos jogadores o time foi renomeado como <b>FC Start</b>, já que o Dínamo estava proibido pelos alemães de manter qualquer atividade esportiva ou cultural.<br><br><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjxYkZmqNAxxL95kjToAlhXCg8aLmcGRJuwp5TL08QB0gekYW6dilrptxsM8Zj550TmQOm62PxnfyZiqC9C43krHxkV2yqNuNNv8ZPk5LrFnGatdahnY0CYRaDcFMZGSEEYvs5iK9jMVGxgJ4VI8xrlWTt1wFN-Y0ge1qCjOIdFsYemWowsbftahtaS" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="779" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjxYkZmqNAxxL95kjToAlhXCg8aLmcGRJuwp5TL08QB0gekYW6dilrptxsM8Zj550TmQOm62PxnfyZiqC9C43krHxkV2yqNuNNv8ZPk5LrFnGatdahnY0CYRaDcFMZGSEEYvs5iK9jMVGxgJ4VI8xrlWTt1wFN-Y0ge1qCjOIdFsYemWowsbftahtaS"/></a></div><center>Time do FC Start (os jogadores numerados). Os outros jogadores seriam do Flakelf, mas há controvérsias sobre a data da foto.</center><br><h2>A vida tinha que continuar, mesmo com a guerra tão próxima</h2>Os alemães tentavam de todas as formas manter a <i>normalidade</i> em Kiev, apesar da proximidade dos combates. Sabendo que o padeiro tinha montado um time de futebol, os alemães decidiram deixar que algumas partidas fossem realizadas na cidade. O FC Start realizou suas primeiras partidas contra times formados por soldados alemães, húngaros e romenos.<br><br>E não perdia. Pelo contrário, só aplicava goleadas!<br><br>Só que as vitórias do Start começaram a perturbar os alemães, afinal de contas, todo provável símbolo de resistência - e convenhamos, o time formado por ucranianos era até certo ponto uma forma de resistência - deveria ser analisado e, quando considerado nocivo aos objetivos alemães, exterminado.<br><br>Os alemães então trouxeram da Hungria, para derrotar os ucranianos, um time chamado MSG, mas não adiantou muito. Os jogadores-padeiros, mesmo após virar a noite trabalhando na fábrica, venceram os húngaros por 5 a 1.<br><br>E na revanche, o placar de 3 a 2 para o Start mostrava definitivamente que os alemães deveriam conter aquele símbolo de resistência. Pelo menos eles pensavam desta forma.<br><br><h2>FC Start X Flakelf, “o time da Luftwaffe”</h2>Segundo Andy Dougan, no livro “<i>Futebol e guerra: resistência, triunfo e tragédia do Dínamo na Kiev ocupada pelos nazistas</i>”, o time convocado pelos oficiais alemães que estavam em Kiev foi o <b>Flakelf</b>, considerado na época um time de respeito, formado apenas por militares da Luftwaffe, a força aérea alemã. Inclusive este time servia de instrumento da propaganda nazista e suas glórias serviam de exemplo para justificar a “superioridade da raça ariana” - as aspas estão aí de propósito.<br><br>Não adiantou trazer de longe um time da ~raça superior~, pois no dia 6 de agosto de 1942 o FC Start, que nesta altura do campeonato - perdoem, mas o trocadilho é inevitável - já desfrutava do respeito e da admiração do povo de Kiev, tratou de massacrar o Flakelf por vergonhosos 5 a 1. Depois desta derrota os alemães descobriram, enfim, que os inocentes padeiros que envergavam a camisa do FC Start na verdade eram os antigos jogadores do Dínamo.<br><br>A ordem para matar todos os jogadores veio depressa de Berlim. Mas os oficiais sabiam que apenas matá-los não faria efeito e ainda criaria mártires desnecessários, além de deixar na população a imagem de jogadores vencedores que lutaram contra o nazismo. Decidiram então marcar uma revanche para o dia 9 de agosto.<br><br><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgDRZd8WMvSbBc83qXmrNJN9DtRReZ7PAGoBGHtxg9BXZgS72ZkdxhKT8F93inavNCSliJk45pXfXeeACGijGqiKlzHAGKpMwdxujbIQ81HfO3lNx5O7nR4Th8gwoSHodZ1zRf7GIUkBXK38lX3vdWB2ZIqTNhhVOrlZbmeX0SssBB0H-GSQ7uxLU4l" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="533" data-original-width="800" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgDRZd8WMvSbBc83qXmrNJN9DtRReZ7PAGoBGHtxg9BXZgS72ZkdxhKT8F93inavNCSliJk45pXfXeeACGijGqiKlzHAGKpMwdxujbIQ81HfO3lNx5O7nR4Th8gwoSHodZ1zRf7GIUkBXK38lX3vdWB2ZIqTNhhVOrlZbmeX0SssBB0H-GSQ7uxLU4l"/></a></div><center>Cartaz da “revanche” (não me peçam para traduzir isso!)</center><br><h2>“O Jogo da Morte”</h2>O ambiente em Kiev estava pesado, com provocações dos dois lados. Os soldados alemães estavam envergonhados e a população exultante com o feito de seus heróis. O estádio Zenit estava lotado para a partida e os jogadores do FC Start receberam antes do jogo a visita de um oficial alemão que ordenou que na hora em que o árbitro entrasse em campo - nota: o árbitro era alemão, claro - ele deveria ser recebido por todos os jogadores com a saudação nazista, mãos direitas estendidas à frente e o grito “Heil Hitler”.<br><br>Na hora os jogadores do Flakelf fizeram a saudação, mas os jogadores do FC Start colocaram suas mãos direitas no peito e gritaram “Fizculthura!”, um grito soviético comum aos atletas daquela época.<br><br>Os alemães até saíram na frente, mas o primeiro tempo terminou 2 a 1 para os ucranianos. No intervalo eles sofreram novas ameaças dos oficiais da SS, até pensaram em desistir da partida, mas no fim do intervalo resolveram voltar a campo. E apesar de todas as jogadas violentas dos alemães que eram ignoradas pela arbitragem, foi um massacre! 5 a 3 para os ucranianos, com direito a um lance humilhante do atacante Klimenko: ele recebeu a bola de frente para o gol, driblou o goleiro e, com a bola em cima da linha, virou-se e chutou-a para o meio do campo, negando o gol, mas humilhando completamente os alemães.<br><br>O público no estádio “veio abaixo”!<br><br>Os alemães agiram, aparentemente, como bons perdedores. O FC Start ainda jogou mais uma partida contra uma outra equipe - e também venceu este jogo - mas dias depois os soldados alemães invadiram a fábrica e prenderam quase todos os jogadores-padeiros. Goncharenko e Sviridovsky foram os dois únicos que conseguiram escapar, pois não estavam na fábrica no momento da invasão, e permaneceram escondidos até a saída dos alemães em 1943.<br><br>O primeiro a morrer foi Kordik, que dava abrigo e emprego para os jogadores. Todos foram mandados para o campo de concentração de Siretz. Ao chegarem lá, os alemães mataram Kuzmenko, Klimenko e o goleiro Trusevich. Os outros jogadores sofreram torturas até a morte.<br><br>Até hoje estes atletas são lembrados pelo Dínamo de Kiev. Na frente de seu estádio existe um monumento, erguido em 1971, em homenagem aos atletas que morreram defendendo, antes de tudo, a liberdade e o esporte. No monumento está gravada a frase:<br><br><center><i>“Aos jogadores que morreram com a cabeça levantada ante o invasor nazista.”</i></center><br><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgGZedy-XxT9VkAnOfL2aHLHS0KOFGPC0kYvjYFZmBH03PlQX4H4P9lL4lL9b9-A85aO5q4oQcidZtHtzbm_LAyb9tSHruOtht_9IgX32T2Sl1cQASqVKf1PmzVPB4GjxO3N0KwAoOY_Veg1Kut4Iw1OykKDVis8LRfJOtEF7CV081-Lq5nu_95V36W" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="400" data-original-width="347" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEgGZedy-XxT9VkAnOfL2aHLHS0KOFGPC0kYvjYFZmBH03PlQX4H4P9lL4lL9b9-A85aO5q4oQcidZtHtzbm_LAyb9tSHruOtht_9IgX32T2Sl1cQASqVKf1PmzVPB4GjxO3N0KwAoOY_Veg1Kut4Iw1OykKDVis8LRfJOtEF7CV081-Lq5nu_95V36W"/></a></div><br>O exemplo dos jogadores do Dínamo certamente ajudou a inflamar a resistência aos nazistas. No dia 6 de novembro de 1943 Kiev foi retomada pelos soviéticos e a história do jogo foi espalhada entre as fileiras russas, tomando ares de lenda com o passar das semanas.<br><br>Dizem inclusive que os jogadores do Dínamo, quando casam, vão ao monumento depositar flores em homenagem à memória dos jogadores mortos. E as pessoas que até hoje tem os ingressos daquela partida em 1942 tem assento cativo no estádio.<br><br>Com relação à “lenda”, costuma-se aumentar ou diminuir uma passagem da história de acordo com o lado que conta a mesma. A verdade é que o Dínamo era sim um timaço na época e não podemos negar seu exemplo de heroísmo. Não sabemos ao certo se os placares dos jogos foram exatamente aqueles, mas a “lenda” permanece viva.<br><br><h2>Fontes</h2>- DOUGAN, Andy. “Futebol & guerra: resistência, triunfo e tragédia do Dínamo na Kiev ocupada pelos nazistas”. Rio de Janeiro: J. Zahar, 2004.<br>- Tem um documentário bem legal da ESPN chamado "Defiance: The Story of FC Start". O vídeo estava disponível no YouTube quando este texto foi publicado pela primeira vez, mas a Disney bloqueou o mesmo e, até o momento da republicação deste texto, o vídeo não estava disponível no Star+.<br>- “<a href="https://www.nytimes.com/2012/06/24/sports/soccer/a-soccer-match-in-ukraine-during-world-war-ii-echoes-through-time.html" target="_blank">World War II Soccer Match Echoes Through Time</a>”, reportagem no NY Times sobre o FC Start. A foto do cartaz do jogo eu tirei desta reportagem.
Vinicius Cabralhttp://www.blogger.com/profile/02972282144353255052noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5563839915167134879.post-51027920128068774442021-08-05T11:08:00.001-03:002021-08-05T11:08:00.171-03:00Eram os deuses astronautas?<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiX7rIm-zhTs0omKanjrTWC5QcjY0cletWqM43yHASf5FYGqyhLJJ39EBJAfysQlGiAl6nwO1NzkACkiUm1vss4oass-3xbetGdUGskEFjm3ZTyLy5Vjuz9WtoqH2vykEqZcElYZDVheVQ/s0/deuses-01.jpeg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="450" data-original-width="1120" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiX7rIm-zhTs0omKanjrTWC5QcjY0cletWqM43yHASf5FYGqyhLJJ39EBJAfysQlGiAl6nwO1NzkACkiUm1vss4oass-3xbetGdUGskEFjm3ZTyLy5Vjuz9WtoqH2vykEqZcElYZDVheVQ/s0/deuses-01.jpeg"/></a></div><br>De vez em quando alguém pergunta minha opinião pessoal sobre as obras do escritor suíço <b>Erich von Däniken</b>, que entre outros livros escreveu o <i>petardo</i> “Eram os deuses astronautas?” título deste texto.<br><br>Para quem nunca leu qualquer livro do autor ou sequer ouviu falar dele, um resumo rápido: Däniken ganhou fama escrevendo estórias onde ele afirma que supostos extraterrestres — ou viajantes do tempo, vai saber ao certo? — teriam vivido entre os povos da Antiguidade e teriam ajudado inclusive no desenvolvimento das primeiras sociedades “organizadas”, doando tecnologias e técnicas para construção dos grandes templos.<br><br>As provas desta convivência estariam escondidas na arte produzida por estes povos. Inclusive a presença de seres exteriores estariam documentadas até na arte rupestre! “<i>E o que tem de verdade nisso tudo?</i>” é a pergunta que eu já ouvi algumas vezes.<br><br><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjefzb_p9wr3h5aDMGKZ-XN0GiIh6lMB3VVnZF_fNtfk2AyuFweH0DhYL-G6aJMrFQ78Z20jsYGrPOY4W8-gEkOLtcRCudYT1oIX7gJBtqeG_vJAYaZuSW4RY26SrWA9z4gydxOvKAIZPU/s0/ghost-panel.jpeg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="288" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjefzb_p9wr3h5aDMGKZ-XN0GiIh6lMB3VVnZF_fNtfk2AyuFweH0DhYL-G6aJMrFQ78Z20jsYGrPOY4W8-gEkOLtcRCudYT1oIX7gJBtqeG_vJAYaZuSW4RY26SrWA9z4gydxOvKAIZPU/s0/ghost-panel.jpeg"/></a></div><center>“The Ghost Panel”, arte rupestre que fica no estado de Utah, nos EUA. [<a href="https://dianeorr.com/" target="_blank">fonte</a>]</center><br><br>Quando falamos em arte rupestre nós estamos tratando de um tema que tem como personagem central não os homens que pintavam cavernas ou esculpiam pequenos totens de mulheres voluptosas, mas sim do <b>medo</b> que estes homens tinham dos fenômenos naturais que os cercavam.<br><br>E quando eu cito “fenômenos naturais” eu quero colocar na mesma categoria raios, chuvas, vulcões em erupção, caçadas e colheitas.<br><br>Estas caçadas e colheitas tem a ver com a fome, que também pode ser tratada como um fenômeno natural — ou pelo menos pode ser colocada entre os “medos” do homem pré-histórico —, já que o homem primitivo, nômade, era antes de tudo um caçador e coletor. Muitas de suas pinturas tinham dois motivos: inspirar a caçada do dia seguinte ou agradecer a boa caçada ou colheita do dia que passou, assim como as inúmeras Vênus esculpidas na Pré-História, que representavam e agradeciam a fertilidade feminina.<br><br>Mas a foto acima, conhecida como “The Ghost Panel”, não representa exatamente uma caçada. Aí é que entra um fator fundamental da humanidade e que nós esquecemos completamente quando damos ouvidos demais à estórias absurdas formuladas apenas com o intuito de entreter o leitor e arrecadar dinheiro para o autor:<br><br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js?client=ca-pub-5231292265723788"
crossorigin="anonymous"></script>
<!-- Novo horizontal - 01/03/2021 -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="5601121329"
data-ad-format="auto"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br><br><h2>A capacidade de evolução do ser humano</h2>Dizer que o homem não tinha capacidade, na Antiguidade, de erguer pirâmides como as de <b><a href="https://www.historiazine.com/2020/09/como-foram-construidas-as-piramides-do.html" target="_blank">Gizé</a></b> ou a de <b>Chichén Itzá</b>, ou então construir uma cidade como <b><a href="https://www.historiazine.com/2016/11/os-incas.html" target="_blank">Machu Picchu</a></b> é duvidar do poder de evolução da humanidade.<br><br>Claro que aqueles primeiros caçadores-coletores que pintavam paredes e corriam pelados atirando lanças em javalis não largaram de uma hora para outra o nomadismo, formaram sociedades complexas e começaram a construir grandes templos como em um <i>passe de mágica</i>.<br><br><b>O conhecimento matemático para erguer tais obras foi evoluindo de forma gradual</b>, até que foi possível não só imaginar, mas também colocar de pé os edifícios.<br><br>O que faltava na época era justamente o que nós, hoje em dia, temos em abundância e de forma mecânica: mão-de-obra para executar o trabalho. Mas nada que milhares de trabalhadores, submetidos a uma organização geral de trabalho conhecida como Modo de Produção Asiático pudessem resolver o problema.<br><br>Certamente você já ouviu falar deste esquema de trabalho mas vamos tentar explicar de forma simples: trabalhadores faziam parte de um esquema de “servidão coletiva”, no qual tinham que prestar serviços ao soberano — faraó, inca, rei… chame como quiser — por um período de tempo pré-determinado, que variava de algumas semanas a meses. Isso sem contar os escravos que não eram maioria da mão-de-obra, mas também trabalhavam nas obras públicas.<br><br><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSTKOCUruXSIyue3QIF7bkq23GKBUxIUsOBO9bDIaeaUz27mm1bzY4cuydoqavlP0aUxly7_T4ypJ-zY679-fm7cXO2dtGPEe0lAICTUtHgIwPq4uu3oVgUa5GzGYxAypebQhkR2CToH8/s0/construcao-piramides.jpeg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="268" data-original-width="628" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSTKOCUruXSIyue3QIF7bkq23GKBUxIUsOBO9bDIaeaUz27mm1bzY4cuydoqavlP0aUxly7_T4ypJ-zY679-fm7cXO2dtGPEe0lAICTUtHgIwPq4uu3oVgUa5GzGYxAypebQhkR2CToH8/s0/construcao-piramides.jpeg"/></a></div><center>Era um monte de gente puxando uma espécie de trenó enquanto um carinha ia na frente jogando água na areira, para facilitar o deslize.</center><br>E voltando um pouco na nossa linha temporal, quem prova o contrário que aqueles caçadores-coletores lá da Pré-História em algum momento de sua evolução não desenharam cenas imaginárias, como fazem hoje alguns pintores, ao invés de cenas que na verdade eram rituais de agradecimento?<br><br>Por falar em “provar o contrário”, deixem eu mostrar alguns exemplos que são usados pelos defensores das teorias do desenvolvimento humano atrelado à visitas alienígenas. Porque sejamos sinceros: várias culturas da Antiguidade produziram arte que dá margem à dupla interpretação. Vamos a alguns deles:<br><br><h2>As linhas de Nazca</h2><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoJrtPQMsqcp6Jmq-6e58gCBgRi28XVUaEMOw5_hCG48ujVa6_hkIm7eiyip0trilG5dO9t214s1ENHubV1J07AxzfTDcYxVmk4VscJ89TUI5Yk-mRzv8IY1y6C63QolEV36CQFv5Blas/s0/linhas-de-nazca.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="430" data-original-width="750" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhoJrtPQMsqcp6Jmq-6e58gCBgRi28XVUaEMOw5_hCG48ujVa6_hkIm7eiyip0trilG5dO9t214s1ENHubV1J07AxzfTDcYxVmk4VscJ89TUI5Yk-mRzv8IY1y6C63QolEV36CQFv5Blas/s0/linhas-de-nazca.jpg"/></a></div><center>[<a href="https://escolaeducacao.com.br/linhas-de-nazca/" target="_blank">fonte da imagem</a>]</center><br>As linhas que existem em Nazca, um vale deserto ao sul do Peru, até hoje são um mistério. Que finalidade teriam estes desenhos gigantescos que só podem ser vistos de avião ou helicóptero?<br><br>Maior pesquisadora do sítio arqueológico, a alemã naturalizada peruana Maria Reiche dedicou boa parte de sua vida a estudar as misteriosas linhas, e chegou a conclusão de que, devido a posição das figuras e das linhas que cortam todo o vale, <b>o conjunto é um imenso calendário astronômico e agrícola.</b><br><br>Até aí tudo bem, tudo perfeito. Culturas antigas estavam acostumadas a datar o período de colheitas baseado no movimento dos corpos celestes. O que intriga é justamente o fato das figuras terem boa visibilidade apenas do alto. É no mínimo esquisito, concordam?<br><br><h2>Os “astronautas” de Vale Camonica</h2><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVfI8WrK7L99_Nm11KhSScYRsWajuVPtVrrVabMVrBm4mWmcN4SxMGp70M0Cz37zAhPfg5mx0l7BjaL8Obe6oThDlzBZrTYQ3QNnHUpQdwHMzYnI1Bi9RlYEWJKeucKvJv9ZrdFZVcG_Y/s0/vale-camonica.jpeg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="600" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVfI8WrK7L99_Nm11KhSScYRsWajuVPtVrrVabMVrBm4mWmcN4SxMGp70M0Cz37zAhPfg5mx0l7BjaL8Obe6oThDlzBZrTYQ3QNnHUpQdwHMzYnI1Bi9RlYEWJKeucKvJv9ZrdFZVcG_Y/s0/vale-camonica.jpeg"/></a></div><br>As cavernas do Vale Camonica, nos Alpes Italianos, estão cercadas por uma natureza exuberante e tem dezenas de pinturas rupestres retratando animais em movimento correndo de caçadores, o Sol, homens lutando… e entre elas, estas imagens acima.<br><br>Aparentemente é apenas mais uma gravura rupestre retratando duas pessoas segurando o que seriam bastões, mas o que dizer dos halos em volta das duas cabeças?<br><br>Confesso que é uma gravura bem intrigante, mas vou repetir o que eu sempre respondo quando alguém questiona: isto é arte. E apesar de ter certeza quase absoluta de que na época o desenhista não tinha noção do que é uma <i>licença poética</i> para colocar os halos nas cabeças dos homens, ainda aposto na criatividade do autor para desenhar livremente o que ele bem quis.<br><br>E vamos continuar com os exemplos. Agora, o que mais chama a atenção por ser, além de polêmico, contraditório:<br><br><h2>OVNIS do tempo de Jesus</h2><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtkmGN72If9-qawuyVB7TNJcRWr64g-HpYatt0ftk4AM63kD5sey8Y9s8aGZH64yg4Keh8gdMrbGVj3XSgFJAB6omzuAfOAWveb3qLD0ho2l_nA0tS3BRVtiJExvvanAZmQDXZwUy1KTE/s0/batismo-de-cristo.jpeg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="522" data-original-width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtkmGN72If9-qawuyVB7TNJcRWr64g-HpYatt0ftk4AM63kD5sey8Y9s8aGZH64yg4Keh8gdMrbGVj3XSgFJAB6omzuAfOAWveb3qLD0ho2l_nA0tS3BRVtiJExvvanAZmQDXZwUy1KTE/s0/batismo-de-cristo.jpeg"/></a></div><br>Reparem no quadro acima, chamado de “O Batismo de Cristo”. Ele foi concebido pelo pintor flamenco Aert De Gelder, que viveu entre 1645 e 1727.<br><br>Portanto, uns dezesseis séculos DEPOIS de Cristo.<br><br>Na pintura, João está batizando Jesus, enquanto um curioso objeto discoide lança raios de luz sobre os dois.<br><br>O quadro entra com certeza na lista de figuras enigmáticas, mas eu não consigo entender como uma pessoa utiliza uma imagem feita dezesseis séculos depois do fato retratado e diz que é uma prova incontestável da existência de seres ou naves extraterrestres entre nós.<br><br>Se naquela época eles já existiam, tinham tecnologia e vinham até nós, porque não o fazem hoje, de forma aberta? Se eram visitantes do futuro, porque hoje não temos estes visitantes entre nós?<br><br>Bom, acho melhor parar um pouco por aqui, porque até à luz dos historiadores o assunto “Jesus” ainda é controverso, já que até hoje ninguém conseguiu comprovar se Jesus existiu realmente. Aliás, aproveita que você chegou até aqui e dá uma lida neste texto aqui…<br><br><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://www.historiazine.com/2019/11/o-jesus-historico.html" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="125" data-original-width="700" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRLY00Iht9AVYNwCm1e9eeSKiH4inVMq4v7ZkbIOBvwVl4Cvv9HjzeqAgQCxuxCWq_FWDtk4J_V8aDrX0UaoTd1YgVq9mIsow70sB99L-ufKoS0uSmQEM-0eyXsRf3J1GttIOJ5Maa7Lo/s0/baner-jesus-historico.jpeg"/></a></div>Vinicius Cabralhttp://www.blogger.com/profile/02972282144353255052noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5563839915167134879.post-27772327013756302862021-03-16T14:30:00.001-03:002021-03-16T14:30:45.043-03:00A Cruzada do Excomungado<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7DVGj1ekYgxlPXHDbWH8g3K0MllZB3NqAXfOgvJYD6iUrhd5hp8dwhaluZw2f33KgBLcGidFxEnSCRHGBt_KPXBveDuRUKAjv15QdJFjzQa0BFbuoyTYzEsPSqShHDDqhgvAH7VIV91I/s0/cruzada-1.jpeg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="812" data-original-width="1910" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg7DVGj1ekYgxlPXHDbWH8g3K0MllZB3NqAXfOgvJYD6iUrhd5hp8dwhaluZw2f33KgBLcGidFxEnSCRHGBt_KPXBveDuRUKAjv15QdJFjzQa0BFbuoyTYzEsPSqShHDDqhgvAH7VIV91I/s0/cruzada-1.jpeg"/></a></div><br><b>Frederico II de Hohenstaufen</b> era o imperador do Sacro Império Romano-Germânico e herdeiro do trono de Jerusalém, pois era casado com a primeira filha de João de Brienne, Isabel II.<br><br>João de Brienne ocupou o trono de Jerusalém entre 1210 e 1225. Em 1227, Frederico resolveu reclamar o trono e seus direitos sobre a ilha de Chipre e os territórios de Jerusalém e Acre, área do Reino de Jerusalém.<br><br>Para isto ele convocou uma <b>Cruzada</b>, a <b>sexta</b> desde que o movimento começou na Europa.<br><br>Esta cruzada deveria partir no mesmo ano para a região, retomando áreas ocupadas, quando necessário, ou somente instituindo seu reinado.<br><br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Novo horizontal - 01/03/2021 -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="5601121329"
data-ad-format="auto"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br>Conhecedor da importância religiosa da Cruzada e feliz por manter um representante em uma região sagrada para o catolicismo, o <b>papa Gregório IX</b>, recém-chegado ao pontificado e engajado em organizar a <a href="https://www.historiazine.com/2020/08/o-martelo-contra-as-bruxas.html" target="_blank">Santa Inquisição</a>, viu-se satisfeito com a determinação de Frederico.<br><br>Mas o papa não contava com um <i>probleminha</i>: Frederico era favorável ao diálogo, além de ter um profundo respeito pela religião islâmica. Quando já havia despachado alguns navios para a Síria com soldados para lutar pelos locais sagrados, Frederico ficou sabendo que o sultão do Egito havia mandado uma comitiva diplomática para selar um acordo de paz entre as partes. Frederico então resolveu aguardar esta comitiva antes de partir para a região (e consequentemente, para a guerra).<br><br>Então Gregório IX, insatisfeito com a postura <i>moderada</i> do imperador, resolveu excomungá-lo. Para quem não sabe, a excomunhão é uma punição utilizada para se retirar ou suspender uma pessoa, um crente, de sua filiação religiosa. Neste momento o papa Gregório IX acabava de expulsar Frederico II da Igreja Católica.<br><br><h2>Rumo ao Oriente: Frederico teve sérios problemas na Sexta Cruzada</h2>Mesmo excomungado, Frederico II resolveu manter seus planos, apesar do atraso de sua partida. As negociações de paz não deram resultado com o sultão do Egito e ele resolveu partir para a Síria no verão de 1228.<br><br><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCGQvd0TjTs40c6Imbh3GAUYkSq_y6qSJeNYATcNA92Wh1qcf4BFN_c6dMih1PqyhMoTPQaJOCVBot724oikBBXQm3WVHkx4d0BK4OAylRT1sIdyLIhGTVNS6oi-BxWriEvG2n_aAvtwc/s0/frederico-01.jpeg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="483" data-original-width="800" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCGQvd0TjTs40c6Imbh3GAUYkSq_y6qSJeNYATcNA92Wh1qcf4BFN_c6dMih1PqyhMoTPQaJOCVBot724oikBBXQm3WVHkx4d0BK4OAylRT1sIdyLIhGTVNS6oi-BxWriEvG2n_aAvtwc/s0/frederico-01.jpeg"/></a></div><center>“<i>Galera, o pau tá quebrando pro meu lado lá em Roma mas vem comigo que não tem erro!</i>”</center><br>Só que Frederico teve diversos problemas por causa da excomunhão. Vários soldados e cavaleiros que acompanhavam - ou acompanhariam - Frederico até a Terra Santa deixaram de lado as ordens do imperador, afinal de contas, o papa expulsou o imperador da Igreja. Reis que deveriam ajudar Frederico mandando soldados para auxiliar na conquista não quiseram mais ajudá-lo, até mesmo com medo de também receberem a excomunhão.<br><br>Mas o imperador manteve a Cruzada com a esperança de que a reconquista do Reino de Jerusalém poderia reverter sua excomunhão, mas estava cada vez mais difícil. Qualquer ordem mal interpretada por um soldado causava a deserção do mesmo, e não era raro quando vários soldados resolviam deixar o grupo de uma só vez, isso quando não brigavam entre si.<br><br>Para piorar de vez a situação a sua esposa Isabel morreu em maio de 1228. Saindo da Síria, Frederico partiu em julho para a ilha de Chipre, pensando primeiro em descansar e preparar os poucos soldados, agora já reforçados com a parcial ajuda dos <b>Cavaleiros Teutônicos</b>, para a viagem até Acre e Jerusalém. Só que ao chegar na ilha ele teve que encarar uma luta contra <b>João de Ibelin</b>, que comandava o lugar.<br><br>Mesmo vencendo Ibelin do então “Reino de Chipre”, Frederico teve muitas baixas. Sabendo que seria impossível vencer qualquer batalha em Jerusalém, ele passou então para a via diplomática. Percebendo que havia uma contenda entre os sultões de Damasco e do Egito, Frederico negociou com <b>Malik el-Kamil</b>, sultão do Egito, e garantiu sua soberania no Reino de Jerusalém por 10 anos, firmando o <b>Tratado de Jafra.</b><br><br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Novo horizontal - 01/03/2021 -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="5601121329"
data-ad-format="auto"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br>Um fator que certamente influenciou na boa recepção do sultão foi o <b>profundo respeito, admiração e conhecimento da cultura islâmica por parte de Frederico</b>. Como já descrito, Frederico era um admirador do Islã e suas demonstrações de respeito e conhecimento pela religião de Alah surpreendeu positivamente todo o sultanato egípcio.<br><br>Além de garantir a soberania sobre o Reino de Jerusalém, Frederico também garantiu a liberdade de culto para cristãos e muçulmanos na cidade sagrada. Só que esta atitude novamente moderada do imperador fez com que o papa Gregório IX excomungasse novamente Frederico II.<br><br><h2>Gregório IX, O Excomungador
</h2><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivS8ak_q27_BBdZkqVarmkJI09CyDLvDE0zECOmNZgl_OrXkVxCPS_oAL8a5DxseVEwQqWfXv-JwzDjOgCNNXDYymqqm26UxbVwMLV4YR6ctCxEvVGTaXCYwn_o6kBSWgt5eDqgu6TmuA/s0/papa-gregorio-ix.jpeg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="320" data-original-width="269" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEivS8ak_q27_BBdZkqVarmkJI09CyDLvDE0zECOmNZgl_OrXkVxCPS_oAL8a5DxseVEwQqWfXv-JwzDjOgCNNXDYymqqm26UxbVwMLV4YR6ctCxEvVGTaXCYwn_o6kBSWgt5eDqgu6TmuA/s0/papa-gregorio-ix.jpeg"/></a></div><center>TEJE EXCOMUNGADO!!! (de novo!)</center><br><br>Gregório IX organizou as bases e fundou o que viria a ser o <b>sistema repressivo mais cruel</b> da Idade Média, <b>a Santa Inquisição</b>.<br><br>O papa teria sido amigo de São Francisco de Assis e incentivou a criação de ordens monásticas como a dos franciscanos e dos dominicanos. É fácil entender porque Gregório IX não aprovou as atitudes "<i>moderadas</i>" de Frederico II.<br><br>Na Idade Média a atitude de qualquer católico frente ao islamismo que pendia para o diálogo não era bem vista pela Santa Sé. A Igreja Católica Apostólica Romana não aceitava que muçulmanos e cristãos discutissem seus pontos de vista religiosos, mesmo sabendo que nas áreas-limite, onde a população vivia sob as duas religiões, existiam constantes diálogos, tanto entre religiosos quanto entre fiéis, até mesmo para evitar os conflitos.<br><br>É fato também que muitas das vezes os muçulmanos usaram da força para impor a fé islâmica durante a jihad, mas a verdade é que os dois lados tinham desavenças que muitas das vezes eram resolvidas sem qualquer diálogo, apenas com o uso da força. Isto quer dizer que cristãos também eram violentos não só quando precisavam se defender, ou seja, os ataques sem motivo aconteciam dos dois lados.<br><br>Neste cenário o imperador Frederico conseguiu uma coisa que outros reis e imperadores levaram milhares de soldados à morte tentando: o domínio da região da Terra Santa sem luta. Existiram conflitos na Sexta Cruzada sim, mas não se comparam aos conflitos ocorridos nas Cruzadas passadas.<br><br>Por isto Gregório IX não deve ter ficado muito <i>satisfeito</i>. Era costume dos papas da época mandar soldados, cavaleiros e reis para a luta em nome de Deus, visando a reconquista dos lugares sagrados, na época ocupados por muçulmanos.<br><br>As Cruzadas reabriram rotas comerciais entre a Europa, a Ásia e a África, movimentaram pessoas e produtos entre os três continentes e influenciaram (ou não) milhares de pessoas a mudar de religião ao entrar em contato direto com “o outro”. Foi um movimento importantíssimo na Idade Média, mas deixou milhares de mortos pelo caminho.<br><br>Frederico II manteve sua influência na região por 15 anos, até os turcos retomarem Jerusalém e conseguiu isso sem muitas perdas humanas. Apesar de ter sido “A Cruzada do Excomungado”, a Sexta Cruzada merece especial atenção pois ajudou a favorecer diálogo entre duas religiões diferentes, mesmo que Cruzadas posteriores tenham voltado a apresentar conflitos bem violentos entre cristãos e muçulmanos.Vinicius Cabralhttp://www.blogger.com/profile/02972282144353255052noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-5563839915167134879.post-47481302585725460212021-03-03T12:13:00.002-03:002021-03-03T12:13:53.490-03:00A Trilha das Lágrimas<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8ciL330dolztql6MfGQx1S5xNoar7mgK2z3XpJZr6Y9-bC9JsQcOOPwSB7KEloYf0u2-dIOFUqvoxqTNzhXRT4F-s0bRGO3C63zUTNPEEtFEcmxBw7koFCjm2M-RDsCZYRIJIW1dHTjs/s0/trilha-lagrimas-01.jpeg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="812" data-original-width="1910" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8ciL330dolztql6MfGQx1S5xNoar7mgK2z3XpJZr6Y9-bC9JsQcOOPwSB7KEloYf0u2-dIOFUqvoxqTNzhXRT4F-s0bRGO3C63zUTNPEEtFEcmxBw7koFCjm2M-RDsCZYRIJIW1dHTjs/s0/trilha-lagrimas-01.jpeg"/></a></div><br>A partir de 1831, cerca de <b>80 mil nativos</b> norte-americanos tiveram que deixar suas terras ao leste e sudeste dos EUA e migrar para uma região onde hoje fica o estado de Oklahoma, um pouco mais ao oeste.<br><br>Lá, foi criada uma grande área que serviria como um <b>território indígena unificado.</b><br><br>Só que esta migração não foi nada fácil, nem pode ser considerada um ato de <i>caridade</i> do governo dos EUA para com os nativos do país.<br><br><h2>As cinco tribos “civilizadas” no caminho dos brancos</h2><b>Seminole, Choctaw, Creek, Cherokee e Chickasaw.</b> Estes eram os cinco povos considerados “<i>civilizados</i>” pelos governantes dos EUA no século XIX. <b>Cinco nações nativas</b> que viviam há séculos nas terras do leste e do sudeste da América do Norte.<br><br>Para estas pessoas, deixar suas terras e rumar para uma região desconhecida, distante mais de 1.500 Km de suas casas foi uma verdadeira <b>“Trilha de Lágrimas”</b>, porque foi uma imposição do governo dos EUA, que sequer ajudou no transporte. Muitos nativos morreram durante a viagem.<br><br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Novo horizontal - 01/03/2021 -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="5601121329"
data-ad-format="auto"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br>Na verdade, o <b>“Ato de Remoção dos Índios”</b> (Indian Removal Act), assinado em 1830 pelo presidente Andrew Jackson, <b>expulsou</b> os nativos de suas terras, pois a maioria vivia em regiões estratégicas para o desenvolvimento dos EUA, que na época sofria com uma crise na produção de alimentos, que começou por volta de 1828 e pode ser considerada um dos principais, senão o principal motivo que levou o presidente Jackson a assinar o Ato.<br><br><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9HLDYlKsQkro8RF7zrs90mI7SgUrHyU_N4GWcUmFLG63u0K7nzIwFu6Zeia_OgZOSs3PQaKI-34wBcxAfycgMLFuZcC6wHi2fzMowfPLhgtJbNGuJHlIpNSCsMUjhYhQ_zCTjsWBC56U/s0/seminole.jpeg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="450" data-original-width="395" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg9HLDYlKsQkro8RF7zrs90mI7SgUrHyU_N4GWcUmFLG63u0K7nzIwFu6Zeia_OgZOSs3PQaKI-34wBcxAfycgMLFuZcC6wHi2fzMowfPLhgtJbNGuJHlIpNSCsMUjhYhQ_zCTjsWBC56U/s0/seminole.jpeg"/></a></div><center>Nativos do povo seminole.</center><br><br>Estes nativos, já acostumados com a presença do homem branco e até mesmo integrados à sociedade da época , mesmo que de forma bem <i>marginal</i>, viviam como povos, digamos, em <b>processo de perda de identidade cultural</b>, causada principalmente pela aproximação com o homem branco e com os descendentes dos negros trazidos da África para trabalharem como escravos.<br><br>As nações que mais sofriam na época com este processo de aculturação eram os povos Cherokees e Choctaw, mas os outros três povos citados acima também sofriam este processo, mesmo que em menor escala.<br><br>Mesmo assim, estes povos gozavam de autonomia política, ao mesmo tempo que eram reconhecidos pelo governo dos EUA como cidadãos norte-americanos, o que não foi considerado na hora de propor esta mudança.<br><br><h2>Terras férteis por terras secas</h2>Óbvio que aconteceram vários casos de resistência dos nativos. Eles teriam que deixar suas terras férteis e arborizadas em troca de viver em terras semi-áridas do centro dos EUA.<br><br><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2g3ILT_SS81DIrxZ4oGHWhknbnjf9UH9J0v5Z4N8LTmPQaaiGN_Ba9W_BR03r3aQbkXMP3UpxeeLRcXfEbB7RItf9tYcTA_VbdEYRdCn6LRLDXCyoaVKimIf0MLrmy7ta27Sm1ngA8xs/s0/mapa-trilha-lagrimas-eua.png" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="916" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2g3ILT_SS81DIrxZ4oGHWhknbnjf9UH9J0v5Z4N8LTmPQaaiGN_Ba9W_BR03r3aQbkXMP3UpxeeLRcXfEbB7RItf9tYcTA_VbdEYRdCn6LRLDXCyoaVKimIf0MLrmy7ta27Sm1ngA8xs/s0/mapa-trilha-lagrimas-eua.png"/></a></div><center>O mapa acima traz o caminho percorrido por cada tribo. Caso você esteja vendo a imagem pequena e queira abrir em uma definição maior, <a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjG1AUtysYsgGMhW8reyv6GJNUHw2YPmZiHMKEr1Tsx4WWFq_bUGaj-664bFXhQ7HyRdpgUrHTFnj4SUP1m6zkYRGqAipa-TH2EpcunZsJUWN2czsotFnU1i9kCr7nPYxs_TEUrMmtwbO4/s0/mapa-trilha-lagrimas-eua-1.png" target="_blank">clique aqui</a> (vai abrir em uma nova janela, ok?).</center><br><br>Como a vida destes povos já não era lá uma maravilha , pois os nativos também sofriam discriminação do homem branco , a remoção foi marcada, muitas vezes, por intensas discussões das lideranças nativas com as autoridades norte-americanas e foi necessário até mesmo o uso da força militar.<br><br>Os Choctaw iniciaram a migração em 1831, seguidos em 1832 pelos Seminole. Os Creeks saíram em 1834 e os Chickasaw em 1837. O povo Cherokee foi o último a deixar suas terras, após forte resistência.<br><br>É que os cherokee já sabiam, desde a década de 1820, do interesse nas remoções por parte de pessoas ligadas à administração pública. Assim, eles iniciaram um processo de assimilação com os costumes dos brancos e a sociedade local, trabalhando no comércio das cidades e das vilas, cuidando de plantações como o homem branco fazia, plantando o que o branco plantava e construindo casas de madeira, ao invés das moradias tradicionais.<br><br><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMYWgS678YGzc6Oaxp0LDymw6KaJ_WzbeU41TKKPq_MGChZZC-720bKkUktdmXVt3QuiuvsRZzcoFlImLy_O9WJg2bpTEqSSUiY9p0q68cAXcAJFXNkd4DqFPbSTnju7oRfEXzGEUrmO0/s0/placa-trail-of-tears.jpeg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="450" data-original-width="600" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMYWgS678YGzc6Oaxp0LDymw6KaJ_WzbeU41TKKPq_MGChZZC-720bKkUktdmXVt3QuiuvsRZzcoFlImLy_O9WJg2bpTEqSSUiY9p0q68cAXcAJFXNkd4DqFPbSTnju7oRfEXzGEUrmO0/s0/placa-trail-of-tears.jpeg"/></a></div><center>Hoje em dia o caminho virou uma "atração histórica", mas na época não foi legal...</center><br><br>No caso dos cherokee, houve o uso da força militar para obrigá-los a deixarem as terras, e cerca de <b>quatro mil nativos morreram nos confrontos</b>, até que o povo resolveu deixar a região, mesmo com a decisão favorável da Suprema Corte, que permitia os cherokee manter seus domínios.<br><br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Novo horizontal - 01/03/2021 -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="5601121329"
data-ad-format="auto"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br>A expansão para o oeste ocorrida nos EUA matou milhares de nativos e mutilou muitos outros, e a “Trilha das Lágrimas” foi, de certa forma, um capítulo desta expansão.<br><br>Agora… <i>engraçado</i> mesmo é que a região para onde eles foram tinha jazidas de petróleo, descobertas tempos depois. Óbvio que nem todos os nativos levam uma vida abastada proporcionada pelos rendimentos do petróleo (e a extração destas áreas nem é tão grande assim ) mas algumas famílias, descendentes diretas daqueles nativos expulsos no século XIX, vivem com relativo conforto por causa deste petróleo.<br><br>E, assim como ocorre com outras culturas, estes descendentes dos homens e mulheres que enfrentaram a “Trilha das Lágrimas” hoje vivem como fazendeiros, professores, agricultores, advogados… enfim, completamente inseridos na cultura do homem branco e dos EUA, mesmo guardando nas veias suas origens e nas tradições orais, histórias e lendas que ainda são passadas pelas famílias.Vinicius Cabralhttp://www.blogger.com/profile/02972282144353255052noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5563839915167134879.post-8381211246739718232021-03-01T14:30:00.003-03:002022-03-03T09:02:52.587-03:00Os Vikings bizantinos<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyuAXxWsqJA3DgLdIP2Hkl-DluOG87IIha5tLPYjsOr-Twg_KaRk9H0lCzXOlR5BhKZ7dlfgxRjHqKU9aZlTyRT7cJP_x82GJJFkJcbLzS6OH_bW8P3lYZW3sBIJanvBQbf2rqr8WFVrk/s0/vikings.jpeg" style="display: block; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="679" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyuAXxWsqJA3DgLdIP2Hkl-DluOG87IIha5tLPYjsOr-Twg_KaRk9H0lCzXOlR5BhKZ7dlfgxRjHqKU9aZlTyRT7cJP_x82GJJFkJcbLzS6OH_bW8P3lYZW3sBIJanvBQbf2rqr8WFVrk/s0/vikings.jpeg" /></a></div>Você, querido(a) leitor(a), já assistiu a série “Vikings”? Se ainda não assistiu, deveria. Independente disso, se prepara porque tem uma história legal neste texto, falando sobre os vikings que migraram em direção à Europa oriental e até mesmo para a Ásia…<br /><br /><h2>Vikings defendendo Constantinopla - O nascimento da Guarda Varegue</h2>Lá pelos séculos X e XI uma parte do povo viking que vivia na região de Uppland - que hoje faz parte da Suécia - migraram para o nordeste, na região de Novgorod e Rostov. A partir dali, os vikings liderados pelo rei <b>Rurik</b> - que veio a ser o fundador da dinastia dos czares - iniciaram um novo movimento de migração para o sul, conquistando a região de Kiev, onde hoje é a Ucrânia, fundando o reino de Rus’.<br /><br />E se você já conseguiu ligar o nome “Rus” à “Rússia”, parabéns, é isso mesmo.<br /><br />Excelentes navegadores, passaram a controlar as rotas dos rios Volga e Dnieper, comercializando tanto com os califados árabes quanto com os gregos bizantinos, além de parte da Europa feudal.<br /><br />Constantinopla era um dos <i>entroncamentos</i> destas rotas, e é óbvio que nesta época alguns acordos comerciais e militares tiveram que ser celebrados para, digamos, evitar o <i>estresse</i> entre os líderes destas regiões.<br /><br />Ataques das forças de Rus’ contra o Império Bizantino aconteceram mas, neste caso, os bizantinos preferiram negociar - o <a href="https://www.historiazine.com/2019/12/constantinopla-capital-do-mundo.html" target="_blank">Império Romano do Oriente</a> não sobreviveu por mil anos à toa, né amigos? - e cederam certas vantagens comerciais aos vikings, em troca de algumas coisas.<br /><br />Entre estas coisas, a cessão de uma tropa que passou a auxiliar na defesa do Império, de onde acabou nascendo a <b>Guarda Varegue</b>, que por muito tempo foi uma das principais forças militares do Império Bizantino.<br /><br />Estes homens também eram chamados de <b>varangianos</b>, e vocês podem encontrar esta nomenclatura em outros textos, <b>mas aqui vamos usar o nome varegue</b>, ok? É mais fácil.<br /><br /><h2>Seis mil homens para defender Constantinopla</h2><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhufSnBx0N94UrLIMGg14WRC5QK1tI44uC7QbVpRl9P2MhQlThuztWFxQkxLh1HGDsluUNzI0v_YKtLJiLuU9sTWhqBLgB4sjucDhDMyTqnSFpNmPZFgFHcs82cy3CE54DAOOZV7RNVs0M/s500/guarda-varegue.jpeg" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="500" data-original-width="396" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhufSnBx0N94UrLIMGg14WRC5QK1tI44uC7QbVpRl9P2MhQlThuztWFxQkxLh1HGDsluUNzI0v_YKtLJiLuU9sTWhqBLgB4sjucDhDMyTqnSFpNmPZFgFHcs82cy3CE54DAOOZV7RNVs0M/w253-h320/guarda-varegue.jpeg" width="253" /></a></div><i>Ao lado, representação de um guarda varegue.</i><br /><br />Após os acordos, celebrados em 971, os varegues chegaram a servir como mercenários contratados em algumas batalhas bizantinas, mas foi em 988 que o imperador Basílio II celebrou um acordo definitivo com o rei Vladimir I de Kiev, que enviou seis mil homens para Constantinopla.<br /><br />Em troca, Vladimir casou com a irmã de Basílio, Anna.<br /><br />E na <a href="https://www.historiazine.com/search/label/Historia%20Medieval" target="_blank">Idade Média</a> nós sabemos que um <b>casamento</b> significava muito mais a <b>consolidação de uma aliança política</b> do que “amor” entre os casados, concordam?<br /><br />Além do casamento, Vladimir I também se converteu ao cristianismo, levando boa parte de seu povo a seguir sua opção religiosa.<br /><br />Conversões à parte, o que fez dos seis mil varegues a guarda de elite do imperador bizantino foi a lealdade dos homens, além da extrema violência com que tratavam seus adversários, promovendo o medo por onde passavam.<br /><br />Basílio II não confiava muito em seus comandantes - e o envio dos seis mil homens serviu justamente para Basílio derrotar o general Bardas Phokas, que havia se rebelado na região de Crisópolis - mas o fato é que os futuros imperadores também tiraram proveito desta lealdade e do terror provocado pelos varegues, o que tornou a Guarda uma força muito respeitada dentro do Império.<br /><br />O mais impressionante de tudo é que com o passar do tempo a Guarda recebeu guerreiros germânicos, suecos, dinamarqueses, até mesmo anglo-saxões, que tinham seus reis, seus imperadores, mas todos sempre lutaram até a morte pelo Império Bizantino.<br /><br />O maior exemplo talvez seja o cara representado na imagem no final deste parágrafo, <b>Haroldo Sigurdsson</b> (Haraldr Sigurðarson, também conhecido como Haraldr Hardrada ou Haraldr III), considerado “<i>o último grande rei viking</i>”. Antes de se tornar rei na Noruega e invadir a Inglaterra em 1066, ele serviu por dez anos na Guarda Varegue.<br /><br /><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSemHZfM_9d7P8f6pY7PtSwdRMfLfTf6Wvuf5MmmWv1dev_k8AQ4YmhGl5guDOfTHZjjMAneImE1XBrC1KKBCJmU7qrly-83B83x4ReNbzOtI6hyphenhyphenghZ-AQ6vJ5XwjNfwkD0Y4GCUt4uD8/s0/haraldr-hardrada.jpeg" style="display: block; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="480" data-original-width="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiSemHZfM_9d7P8f6pY7PtSwdRMfLfTf6Wvuf5MmmWv1dev_k8AQ4YmhGl5guDOfTHZjjMAneImE1XBrC1KKBCJmU7qrly-83B83x4ReNbzOtI6hyphenhyphenghZ-AQ6vJ5XwjNfwkD0Y4GCUt4uD8/s0/haraldr-hardrada.jpeg" /></a></div><br />Óbvio que uma força militar deste porte não serviria apenas para a defesa pessoal do imperador. Temos registros dos varegues em batalhas na Sicília contra os árabes, no sul da Itália contra os lombardos, além de batalhas na região de Venosa - atenção: não é Veneza, ok? - contra os normandos.<br /><br />Os soldados da Guarda normalmente usavam cota de malha e um elmo de ferro, além de botas de couro e um grande escudo redondo de madeira que, apesar de aparente fragilidade, era feito de abeto, pinheiro ou tília, madeiras mais resistentes a impactos.<br /><br />Chamava atenção o machado de cabo longo que a maioria dos guerreiros empunhavam, mas eles também carregavam uma espada larga , que era bem mais leve que uma longsword, por exemplo , e muitos utilizavam também o arco-e-flecha, além dos cavalos como montaria.<br /><br />O declínio da Guarda Varegue está ligado, em parte, ao declínio do próprio Império Romano do Oriente. Durante a Quarta Cruzada, em 1203, Constantinopla foi sitiada pelos cruzados liderados pelo veneziano Enrico Dandolo. Tanto o exército bizantino quanto a Guarda Varegue sofreram pesadas baixas. Os varegues até conseguiram proteger boa parte da muralha e o imperador Aleixo III por algum tempo, mas o imperador acabou fugindo para a Trácia.<br /><br />Após este evento, não se tem mais registros do uso de guerreiros escandinavos em Constantinopla. Uma Guarda Imperial, formada principalmente por cretenses e gregos, tomou o lugar da Guarda Varegue. E, cada vez mais enfraquecida, Constantinopla e todo o Império Romano do Oriente caíram em 1453…<br /><br />Mas isto é assunto para outro texto…Vinicius Cabralhttp://www.blogger.com/profile/02972282144353255052noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5563839915167134879.post-64044438941400417512020-12-10T21:20:00.008-03:002020-12-10T21:20:02.947-03:00Canudos: loucura, utopia ou necessidade?<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuvh4YzkzKYMvQWHVlLM3OxKjmPT2BJXsZIoLEwpWSGbTIG58qN96SIESq9fuzcmgAlGv3wsHzBgX4z0OQHivJz2M-W4zMh1Ta_Gk7wiG4lY2RvKi712hg20Gt71segZh0dHajaRQaokw/s0/conselheiro-01.jpeg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="812" data-original-width="1910" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuvh4YzkzKYMvQWHVlLM3OxKjmPT2BJXsZIoLEwpWSGbTIG58qN96SIESq9fuzcmgAlGv3wsHzBgX4z0OQHivJz2M-W4zMh1Ta_Gk7wiG4lY2RvKi712hg20Gt71segZh0dHajaRQaokw/s0/conselheiro-01.jpeg"/></a></div><br>Quando falamos em Canudos, logo lembramos de <b>Antônio Conselheiro</b> e das brutais investidas dos soldados da República que destruíram o <b>povoado de Belo Monte</b>, que estava localizado dentro da <b>fazenda de Canudos</b>, na Bahia, próximo às fronteiras dos estados de Pernambuco e Sergipe, às margens do <b>rio Vaza-Barris</b>.<br><br>Mas, via de regra, nós <i>quase-nunca</i> discutimos as condições que levaram Canudos àquela grandiosidade toda que até hoje causa admiração e espanto a quem procura estudar mais a fundo a história do povoado e de seus habitantes.<br><br>Para isso, primeiro vamos tentar entender, nem que seja só um pouco, quem era esse tal de Antônio Conselheiro…<br><br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Banner-horiz-2021 -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="2544580745"
data-ad-format="auto"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br><h2>Conselheiro: beato e monarquista</h2>Ele nasceu em 13 de março de 1830, na Vila do Campo Maior de Quixeramobim, no Ceará. Seus pais o batizaram de Antônio Vicente Mendes Maciel, mas a história o conhece como <b>Antônio Conselheiro</b>, o beato que teve uma infância marcada por várias agressões do pai alcoólatra e da madrasta, sem contar as inúmeras dificuldades encontradas por aquelas pessoas menos afortunadas que viviam no sertão nordestino.<br><br>Se hoje a situação do povo não é tão boa, imaginem no século XIX!<br><br>Mesmo assim, Antônio Maciel teve uma razoável formação escolar, sempre frequentou a igreja e era considerado por aquelas pessoas que viveram próximas a ele durante sua juventude como um bom rapaz, trabalhador e honesto. Sua família desejava que ele seguisse a vocação da batina, mas os problemas financeiros familiares não permitiram que ele pudesse estudar em uma escola apropriada.<br><br><h3>“A<i>ntônio caminha incansavelmente, conhece cada palmo do sertão, seus segredos e mistérios. Por onde anda, faz sermões, prega o evangelho e dá conselhos. Gradativamente se transforma, de Peregrino a Beato, de Beato a Conselheiro, Antônio Conselheiro ou Santo Antônio dos Mares ou Santo Antônio Aparecido ou Bom Jesus Conselheiro. Deixa crescer o cabelo e a barba, aprofunda o seu já grande conhecimento da Bíblia e sua fama começa a correr todo o interior do Nordeste e rapidamente vai formando em torno de si um número crescente de fiéis seguidores.</i>” [1]</h3><br>Este era Antônio Conselheiro. Para a época, vivendo ao lado de milhares de miseráveis largados à própria sorte no sertão, não é exagero falar que ele era visto como uma pessoa iluminada. Daí para conseguir uma legião de fiéis seguidores, foi um pulo.<br><br><h2>O “nascimento” de Canudos</h2>Após muitas idas e vindas, conhecendo parte do sertão e vivenciando a difícil condição em que vivia grande parte da população, Conselheiro também passou por episódios em que foi espancado por policiais - por desafiar a ordem pública - e até acusado de crimes que provavelmente não cometeu.<br><br>Em 1893 ele teria se rebelado contra os impostos cobrados em uma cidadezinha no interior da Bahia. O governo da província enviou um contingente de 30 praças para prender Conselheiro e dispersar seus seguidores. Óbvio que ninguém ficou esperando a polícia chegar, todo mundo <i>deu no pé</i>.<br><br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Banner-horiz-2021 -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="2544580745"
data-ad-format="auto"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br>Fugindo dos policiais, Conselheiro e seus seguidores entraram nas terras da fazenda de Canudos, que estava abandonada na época, instalando ali um pequeno povoado — batizado de Belo Monte — que atraiu em pouco tempo milhares de pessoas e desafiou a Igreja Católica e a República.<br><br>Isto aconteceu também porque, <b>após a Proclamação da República, Conselheiro ainda era favorável à manutenção da monarquia</b>, e a Igreja Católica já não admitia posição contrária, pois teria aceitado, <i>mesmo que à contragosto</i>, a ordem imposta que pôs fim ao Império Brasileiro. Com isso, Conselheiro passou a pregar contra os padres e bispos da região, o que levou o arcebispado da Bahia a emitir uma ordem proibindo que Conselheiro pregasse próximo às igrejas do estado.<br><br><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://www.historiazine.com/2020/03/proclamacao-da-republica-brasil.html" target="_blank" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="125" data-original-width="700" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5VKfGi_FPf5sCr0IMVtapXtkJfgS8UYAd6McKgaL5Ax8b3K5PAZpawpd8WhrzoeapWcRx89N_HJP2c_DPfk4rrYcQ9-oYs7V2Kqg48aZHrFapHYc0ZLGvVE44AyXSn-jfsGYJ6op5Tpo/s0/proclamacao-republica.jpeg"/></a></div><br>Assim, Canudos virou uma espécie de <b><i>território livre</i></b>, onde as pessoas iam ouvir Antônio Conselheiro e acabavam ficando por lá, pois encontravam em Belo Monte oportunidades melhores do que as que existiam fora dali.<br><br>Grandes empregos, bons salários? Que nada! <b>Em Canudos todos tinham um pedaço de terra e trabalhavam para o próprio sustento.</b> Nesta época o nordeste passou por uma <b>grande seca</b> e um período prolongado de fome; e o governo republicano, recém-implantado após séculos de colonialismo e monarquia, tendo que <i>fazer caixa</i>, mantinha os impostos altos e não revertia estes tributos recolhidos em melhorias para a população. Esta condição, inclusive, ainda existe em algumas áreas do nordeste — e, porque não, do Brasil — até hoje.<br><br>Talvez daí explique-se o “sucesso” de Canudos enquanto cidade auto-suficiente, pois Conselheiro passou a — não sei se esta é a palavra certa, mas vá lá — <b>desafiar</b> a República em um povoado que não respondia ao poder público.<br><br><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1EclOc5TcYj7Re_8WNBP8UIIJO6ET9A5B-AGNhPlJTEkMRP2vv03vl93zZ6b-iZw04BVOIVaOt5lxHEcLfbGSw0QPTwX8-zkL-SRMarPMQmEBJ56DYpjcl4gfQ-RMpbxE3b9BmDh8LWo/s0/canudos.jpeg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="717" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj1EclOc5TcYj7Re_8WNBP8UIIJO6ET9A5B-AGNhPlJTEkMRP2vv03vl93zZ6b-iZw04BVOIVaOt5lxHEcLfbGSw0QPTwX8-zkL-SRMarPMQmEBJ56DYpjcl4gfQ-RMpbxE3b9BmDh8LWo/s0/canudos.jpeg"/></a></div><center>Em pouco tempo o povoado tomou ares (e tamanho) de uma cidade…</center><br>Ser aceito em Canudos dependia de alguns fatores: a pessoa não podia demonstrar simpatia pela República. Ladrões e prostitutas não podiam fazer parte da comunidade. E a pessoa tinha que respeitar acima de tudo a palavra de Conselheiro e ter vontade de trabalhar de alguma forma, seja nas lavouras, na limpeza ou na segurança do povoado.<br><br>A influência de Conselheiro começou a incomodar as lideranças políticas da região, que viam no beato uma ameaça ao eterno <i>cabresto</i> em que grande parte da população era mantida. Muitos trabalhadores, famílias inteiras deixaram as fazendas onde trabalhavam para os grandes donos de terras da região e rumaram para Canudos.<br><br>Em 4 anos, Belo Monte já era a segunda maior <i>cidade</i> da Bahia, com cerca de <b>25 mil habitantes</b>. A grande maioria formada por ex-escravos que enfim conseguiam liberdade plena, já que após a abolição, por não ter para onde ir, muitos continuaram trabalhando nas mesmas fazendas onde foram escravos - e sem receber um salário digno pelo serviço.<br><br><h2>O começo do fim</h2>Em 1895 o arcebispo da Bahia enviou três frades capuchinhos para Canudos, a fim de dispersar a multidão. Conselheiro não proibiu a presença dos frades, mas o trabalho dos três não teve qualquer resultado prático.<br><br>Em novembro de 1896, Conselheiro e seus seguidores precisavam de madeira para a construção de uma nova igreja. A encomenda do material foi feita na cidade de Juazeiro e paga de forma adiantada, mas conta-se que o juiz da cidade, Arlindo Leone, proibiu a entrega da madeira.<br><br>Logo espalhou-se o boato de que os conselheiristas invadiriam Juazeiro. A população entrou em pânico e, por via das dúvidas, muitas pessoas fugiram de Juazeiro para Petrolina.<br><br>Com o clima favorável à <i>confusão</i> causada pelo boatos, o juiz então solicitou tropas estaduais, que partiram de Salvador para Juazeiro. Cerca de cem homens chegaram na cidade para defendê-la mas não tiveram lá muito trabalho, pois os seguidores de Conselheiro estavam bem longe dali e não planejavam atacar a cidade. Assim, os soldados rumaram para Canudos, mas foram surpreendidos por cerca de mil jagunços quando estavam estacionados em Uauá, um povoado próximo.<br><br><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGxfzGQI2gKURILYrxLpiU0qud1kWyg16Xgbo_xktiM4Hw3vDZDHbQ5eQ71NlTodBXJ6c3b2TA3VnKyElSLOF8PnAioGVQ36ErtPttugho2tmkknXIsBGA03oZL4yg5VNya04EPK_KTyU/s0/povo-de-canudos.jpeg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="378" data-original-width="600" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGxfzGQI2gKURILYrxLpiU0qud1kWyg16Xgbo_xktiM4Hw3vDZDHbQ5eQ71NlTodBXJ6c3b2TA3VnKyElSLOF8PnAioGVQ36ErtPttugho2tmkknXIsBGA03oZL4yg5VNya04EPK_KTyU/s0/povo-de-canudos.jpeg"/></a></div><br>Conta-se que os conselheiristas portavam uma grande cruz de madeira e a bandeira do Divino à frente da tropa — ou seja, símbolos de paz — e eles é que foram recebidos à bala pelos soldados estaduais, assustados. Verdade, mentira ou poesia, a luta com os conselheiristas em Uauá assustou tanto o governo baiano quanto o governo central, no Rio de Janeiro, que logo tomaria medidas mais enérgicas.<br><br>No fim de dezembro de 1896 foi reunida uma tropa com 543 soldados, 14 oficiais e 3 médicos, sob o comando do major Febrônio de Brito que rumou, já em janeiro de 1897, novamente para Canudos.<br><br>Muito bem armados e abastecidos com farta munição, a tropa foi surpreendida diversas vezes no caminho. Os defensores de Canudos atacavam com táticas de guerrilha, pelas costas e pelos flancos, e logo sumiam da vista dos soldados. Muita munição foi gasta tentando acertar tiros à esmo, e quando chegou próximo do povoado o número de baixas da tropa já era relativamente alto, com 10 mortos e cerca de 70 feridos. Muitos conselheiristas morreram, tanto em Uauá quanto nesta segunda emboscada, mas mesmo assim a tropa federal teve que recuar.<br><br><h2>Chamem metade do exército brasileiro!</h2>Em março de 1897 um terceiro destacamento rumou para Canudos, desta vez com <b>1300 soldados</b>, muitas armas, munições e seis temidos canhões krupp. No comando o coronel Moreira César, conhecido por sua eficácia e truculência. Chegando em Canudos na manhã do dia 3 de março, os soldados federais tiveram forte resistência dos conselheiristas, que lutaram bravamente até o pôr-do-sol. Moreira César foi atingido mortalmente e as tropas, em retirada, foram acossadas e perseguidas pela estrada por um bom tempo.<br><br>Não tinha jeito, <b>Canudos parecia indestrutível</b>, quando na verdade era apenas uma cidade cercada de trincheiras e defendida com bravura por homens e mulheres.<br><br>Dado o fracasso da terceira expedição, a opinião pública ficou assutada e o governo central mandou reunir, ainda no mês de abril, homens de diversas tropas de 17 estados — BA, SE, PE, PB, AL, RJ, PI, MA, PR, ES, MG, SP, RN, RS, AM, CE e PA — que rumaram, armados até os dentes e divididos em duas grande colunas, para Canudos. Eles atacaram de dois lados opostos, não sem antes sofrerem as mesmas emboscadas nas estradas que levavam para o povoado.<br><br>Óbvio que contra cerca de <b>12 mil homens</b> — que representavam <b>metade da força militar brasileira na época</b> — Canudos caiu frente aos soldados republicanos. Mas o povoado ainda resistiu bravamente por sete meses. Centenas de soldados morreram, milhares de conselheiristas também. Aliás, houve um massacre, as tropas republicanas não tiveram lá muito perdão com os resistentes à invasão.<br><br>Antônio Conselheiro teria morrido no dia 22 de setembro do mesmo ano — alguns falam que foi devido aos ferimentos causados por estilhaços de uma granada, outros já falam em disenteria — mas os conselheiristas resistiram até 5 de outubro, quando os últimos defensores, encurralados na praça central do povoado, foram mortos.<br><br><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnnf93UAqcYENOX4kwiEMFCQMk53Nmkg1iCutNtkPabKy-BU-mdVYeaV-e4Ln46UkKe4N_nIAdNOKPf892QVfrwuzmN6OPXoo4j9u3OYX0NspQd5gOrePkudY_B4EDsabvGu30VkM2Z58/s0/morte-de-conselheiro.jpeg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="928" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjnnf93UAqcYENOX4kwiEMFCQMk53Nmkg1iCutNtkPabKy-BU-mdVYeaV-e4Ln46UkKe4N_nIAdNOKPf892QVfrwuzmN6OPXoo4j9u3OYX0NspQd5gOrePkudY_B4EDsabvGu30VkM2Z58/s0/morte-de-conselheiro.jpeg"/></a></div><center>"A morte de Antônio Conselheiro"</center><br>Canudos entrou para a História como uma espécie de <b>grito de resistência e de união de um povo</b> em torno de um ideal e a vontade de viver uma vida menos reprimida e sofrida. Não cabe aqui fazer o julgamento se Antônio Conselheiro agia de forma correta ou não ao desafiar a República e praticamente fundar um Estado semi-independente no meio do sertão, mas não podemos deixar de admirar a coragem tanto de Conselheiro quanto de seus seguidores, principalmente os homens de confiança que lideraram os conselheiristas.<br><br>Respondendo à pergunta do título, Canudos nasceu como uma <b>necessidade</b> do povo nordestino, tornou-se uma <b>utopia</b> quase-real ao alcançar um razoável nível de organização social, ganhando a simpatia de grande parte da população da região e transformou-se em <b>loucura</b>, quando se viu acuado pelas tropas federais e teve que se defender até a morte.<br><br><h2>Fontes</h2><b>[1]</b> Site <a href="http://canudos.portfolium.com.br/" target="_blank">Portifolium</a>, que traz muitas informações valiosas sobre Canudos e Antônio Conselheiro. O grifo na citação é de minha responsabilidade. (Observação: em 10/12/2020 o site apresentava uma mensagem de "acesso restrito". Mantive o link, pois quando acessei para pegar a citação ele era um site "aberto").<br><br>- A imagem com os bonequinhos, o "Povo de Canudos", é obra de dois artistas, Demóstenes Fidelis e Lusyennir Lacerda. Eles trabalham com fécula de mandioca e vocês podem conferir suas obras no <a href="https://www.facebook.com/gomaearte/" target="_blank">Facebook</a> ou no <a href="https://www.instagram.com/gomaeartecariri/" target="_blank">Instagram</a>.<br><br>– Confiram também o <a href="https://historiandonanet07.wordpress.com/2011/08/01/canudos-1893-1897/" target="_blank">artigo sobre Canudos</a> escrito por Ligia Lopes Fornazieri no site Historiando.<br><br>– E por último (e não menos importante) a maior fonte, o livro <b>“Os Sertões”</b>, de Euclides da Cunha, obra que relata a guerra de Canudos. Euclides da Cunha foi como repórter cobrir a guerra e acabou escrevendo uma das maiores obras da literatura brasileira.Vinicius Cabralhttp://www.blogger.com/profile/02972282144353255052noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5563839915167134879.post-18057969254345832382020-11-13T21:05:00.002-03:002020-11-14T08:06:17.220-03:00As aventuras de Hans Staden<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEOEMo0gbgJLao2kqfeT0d9g94fsD8XU77szxH90y1O9mgqZHLnJpl4z4-OFENp1ggfYbdu3So6QmodF0MNSB_gL9F0EKhNFIz3Rlozn8Df9DMtr4ss39StxpR79UQ7rbRA6njN52_Uwo/s0/hans-staden.jpeg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="355" data-original-width="800" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEOEMo0gbgJLao2kqfeT0d9g94fsD8XU77szxH90y1O9mgqZHLnJpl4z4-OFENp1ggfYbdu3So6QmodF0MNSB_gL9F0EKhNFIz3Rlozn8Df9DMtr4ss39StxpR79UQ7rbRA6njN52_Uwo/s0/hans-staden.jpeg"/></a></div><br>Hans Staden nasceu na Alemanha (Homberg, 1525) e ficou conhecido por publicar um livro intitulado “<i>Warhaftige Historia und Beschreibung eyner Landtschafft der wilden, nacketen, grimmigen Menschfresser Leuthen in der Newenwelt America gelegen</i>”… que em português recebeu o singelo título de “Viagem ao Brasil”.<br><br>[<i>e nem me perguntem a tradução e muito menos a pronúncia do alemão, por favor!</i>]<br><br>Neste livro, que ajudou bastante no imaginário europeu sobre o “Novo Mundo” por muito tempo, Hans Staden conta como foram suas duas viagens ao Brasil, na primeira vez a serviço dos portugueses e na segunda a serviço dos espanhóis.<br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Links horizontal -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="9104490679"
data-ad-format="link"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br>A primeira viagem, em janeiro de 1548, ele foi até a capitania de Pernambuco para carregar o navio de pau-brasil e retornar a Portugal.<br><br>A embarcação também trouxe degredados para povoar as terras portuguesas d’além-mar e a tripulação tinha ordem de combater qualquer embarcação francesa que fosse encontrada na costa brasileira.<br><br>Só que ao chegar em Pernambuco a tripulação foi convocada pelo governador da capitania, Duarte da Costa, para ajudar a conter uma rebelião indígena. Todos foram até Igaraçu, que sofria um cerco contra aproximadamente 8 mil indígenas. Defendendo a localidade existiam apenas uns 120 portugueses.<br><br>O reforço de cerca de 40 homens da tripulação ajudou, pois após uma luta ferrenha o grupo conseguiu derrotar os nativos. Assim, os navios carregados de pau-brasil retornaram a Portugal em dezembro de 1548.<br><br>Mas a viagem mais interessante de Hans Staden foi justamente a segunda!<br><br><h2>Prisioneiro dos Tupinambás</h2>Em 1550, Hans Staden juntou-se aos comandados do espanhol Diogo de Sanábria, que partiu de Castela para o “Novo Mundo”. A armada de Sanábria tinha ordens para fundar um povoado na costa de Santa Catarina e outro na foz do Rio da Prata. Só que a embarcação onde Hans estava naufragou no litoral de São Paulo, próximo de Itanhaém. Os sobreviventes conseguiram chegar a São Vicente e juntaram-se aos portugueses.
Em 1553, Tomé de Sousa nomeou Hans Staden <b>comandante</b> — também chamado na época de <b>condestável</b> — do <b>Forte de Bertioga</b>. No ano seguinte, Hans caçava sozinho quando foi encontrado e capturado por integrantes de uma tribo <b>Tupinambá</b>.<br><br>Hans foi levado cativo à região de Ubatuba, onde permaneceu preso na tribo do chefe <b>Cunhambebe</b>. Desde o início ele tinha percebido que a intenção dos tupinambás era de devorá-lo e, segundo conta no livro, ele era ameaçado constantemente de morte. O que o salvou foi justamente sua tentativa de convencer os tupinambás de que ele não era português e sim francês, portanto, aliado dos tupinambás.<br><br><i>Segundo afirmam alguns antropólogos, Hans não foi devorado pois aos olhos dos tupinambás ele pareceu um covarde, e não um bravo guerreiro, por isso sua carne era indigna de ser consumida por um valente guerreiro tupinambá.</i><br><br>Um tempo depois, uma tribo tupiniquim que era aliada dos portugueses atacou a aldeia onde Hans estava cativo. Mesmo prisioneiro, Hans teve que lutar ao lado dos tupinambás. Sua vontade era que os tupiniquins vencessem a luta, libertando-o, mas os tupiniquins perceberam que não tinham chance de vitória e se retiraram do combate.<br><br>Hans Stadem ainda tentou, sem sucesso, ser resgatado por dois navios, um português e outro francês, mas o resgate não aconteceu pois os comandantes destas embarcações não queriam entrar em atrito com os tupinambás. Mas após nove meses aprisionado, Hans conseguiu ser resgatado pelo corsário francês Guillaume Moner, que o levou de volta para a Europa.<br><br>De volta à sua terra natal, em 1555, Hans escreveu o Warhaftige Historia, onde contava com detalhes seus dias no “Novo Mundo”. <b>O livro, publicado em 1557, acabou se tornando um importante documento sociológico, cultural e antropológico de parte da cultura nativa do Brasil em meados do século XVI.</b><br><br><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCAVEeqCO0ZvNBBYmFU0doN7hHyFQ5AhavJwTnA11-GI-m6lG7eqAtmHKKKsvCHEc-KdMhYYSJgOcwpZvUWJJ8OeGrtGBgWjHyBf30fAgQ0hhshjVjvdIZMrwVtKWXNQMXVETGSVmo4NU/s0/hans-livro-capa-original.jpeg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="526" data-original-width="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiCAVEeqCO0ZvNBBYmFU0doN7hHyFQ5AhavJwTnA11-GI-m6lG7eqAtmHKKKsvCHEc-KdMhYYSJgOcwpZvUWJJ8OeGrtGBgWjHyBf30fAgQ0hhshjVjvdIZMrwVtKWXNQMXVETGSVmo4NU/s0/hans-livro-capa-original.jpeg"/></a></div>Capa da versão original do livro em alemão.<br><br>Mas o que mais chama atenção nos escritos de Hans Staden é a sua tentativa de <b>transmitir um relato o mais próximo possível da realidade.</b> Na época, a Europa estava tomada de relatos fantásticos das terras do Novo Mundo, com descrições de seres humanos que tinham mãos no lugar dos pés, sereias, peixes com cabeça de homens; e homens com cabeças de feras — entre outras <i>aberrações</i> — o que fez, na época, o escritor François Rabelais dedicar dois capítulos de seu livro “Gargantua e Pantagruel” a satirizar essa visão fantástica dos exploradores.<br><br>Staden apenas relatou o que viu e, lógico, não <i>inventou</i> seres mitológicos.<br><br>No Brasil, só em 1925 que a obra de Hans Staden mereceu uma melhor atenção, já que a única tradução para o português datava de 1892 e era falha, pois tinha sido traduzida de uma versão francesa que já não era lá muito exata. O escritor Monteiro Lobato traduziu a primeira parte do livro, adaptando-o para os jovens. Já em 1930, o texto foi traduzido do original por Alberto Lofgren, e batizada, enfim, de “Viagem ao Brasil”.<br><br>E em 1999 as histórias de Hans Staden viraram filme, em uma produção conjunta de brasileiros e portugueses, dirigido pelo brasileiro Luis Alberto Pereira.<br><br>Hans Staden faleceu na cidade alemã de Wolfhagen, em 1579.<br><br><h2>Referências</h2><a href="http://purl.pt/151/5/P1.html" target="_blank">Viagem ao Brasil</a>, cópia da Biblioteca Nacional Digital.
Vinicius Cabralhttp://www.blogger.com/profile/02972282144353255052noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5563839915167134879.post-81301380681248563742020-10-14T10:00:00.006-03:002020-10-14T10:00:05.582-03:00Por que assistir o filme chileno “No”?<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgrqaUVyjpEehU805Mh9ympARp_mSyZGBJgMyG9ieE875SloUFrtkbL1irRLNnXthJ6tBZfHfZA2VzwZ0C-e0GILYa4rSJSi9qJCBSis8ecv0BpghyiQP-CZM4g6UkrJY0K0SErelvPE8/s0/no.jpg" style="display: block; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="337" data-original-width="561" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhgrqaUVyjpEehU805Mh9ympARp_mSyZGBJgMyG9ieE875SloUFrtkbL1irRLNnXthJ6tBZfHfZA2VzwZ0C-e0GILYa4rSJSi9qJCBSis8ecv0BpghyiQP-CZM4g6UkrJY0K0SErelvPE8/s0/no.jpg" /></a></div><br />Um dos melhores filmes de 2012 é, sem dúvida, o chileno “No” (Não). Aclamado no Festival de Cannes e indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, a obra do <b>diretor Pablo Larraín</b> conta — inserindo alguns personagens fictícios na realidade da época — como foi a campanha do plebiscito que tirou do poder o ditador Augusto Pinochet, em 1988.<br /><br />Para explicar melhor, vamos falar rapidamente do período da Ditadura chilena para poder entender o contexto do filme.<br /><br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Links horizontal -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="9104490679"
data-ad-format="link"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br><br /><h2>A situação política e social chilena</h2>O Chile, assim como todos os países da América Latina na segunda metade do século XX, estava passando por um período político turbulento. Políticos de esquerda tinham voz ativa, disputavam eleições e chegavam até a ganhá-las. Mas independente da orientação política, as decisões do Poder Executivo que beneficiavam o povo eram tratadas como atos “de esquerda”. E quem era de esquerda, “comunista”, corria sério risco de ser considerado um “revolucionário perigoso”.<br /><br />E revolução naquela época lembrava URSS e Cuba, o que não era lá muito bom se você vivia em um país sul-americano, quintal de <i>você-sabe-qual-nação-do-norte</i>…<br /><br />No Chile as maiores agitações políticas começaram com a chegada ao poder de <b>Gabriel Videla</b>, ainda em 1946. Videla foi plenamente apoiado por setores liberais e de esquerda mas, durante o mandato, alinhou sua política com a direita, mais conservadora e totalmente contrária a mudanças sociais profundas. Os apoiadores de Videla ficaram desapontados pois, mesmo com uma relativa prosperidade econômica, a maioria do povo chileno continuava passando por privações e necessidades.<br /><br /><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMAI4sIivDP7OvaJsH_CnWyyJJPuLHh5XODzNUDXX9-79KyQ72NbP1ZQSw2wDxEZGtLluCERNhbI2gAvwYxBYgA9jvw1HqRJ9Mw_agS9gEc8CiwYHTmR9F6x1b6b1IctpwfFzOAQatb6M/s0/salvador-allende.jpg" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="320" data-original-width="239" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMAI4sIivDP7OvaJsH_CnWyyJJPuLHh5XODzNUDXX9-79KyQ72NbP1ZQSw2wDxEZGtLluCERNhbI2gAvwYxBYgA9jvw1HqRJ9Mw_agS9gEc8CiwYHTmR9F6x1b6b1IctpwfFzOAQatb6M/s16000/salvador-allende.jpg" /></a></div>E assim seguiu a política chilena até 1970, com representantes eleitos que não se preocupavam muito em promover melhorias e mudanças sociais profundas.<br /><br />Em 70 a esquerda conseguiu eleger o médico <b>Salvador Allende</b>, um dos fundadores do Partido Socialista Chileno, de orientação claramente marxista. Ato quase contínuo à posse, Allende <b>estatizou todas as empresas estrangeiras que operavam em solo chileno.</b> As minas de cobre, maior riqueza do país, estavam todas nas mãos de companhias estrangeiras e passaram para o controle do estado. <i>Óbvio que alguém ia espernear</i>.<br /><br />Os investimento externos diminuíram de forma abrupta e o Chile mergulhou em uma crise que não era lá muito interessante para um político que precisava mudar para melhor justamente as condições sociais da população. Allende culpou os EUA de provocarem a crise e a direita chilena de influenciar os protestos que tomaram o país.<br /><br />Ele não estava errado em culpar estes atores, pois já foi comprovado que os EUA financiaram <i>vergonhosamente</i> o caos nas ruas do Chile. Mas com a taxa de desemprego altíssima, o sufocamento econômico do país e as sucessivas greves que inclusive atrapalharam a agricultura chilena em 1972–73, até os militantes e simpatizantes da esquerda não tinham muito o que fazer, não tinham muita opção na hora de pedir apoio popular para a manutenção de Allende no poder.<br /><br />Aliás, aconteceu algo bem parecido com uma certa presidenta brasileira que foi (re)eleita sendo levada no colo pela esquerda e na hora de montar sua equipe econômica enfiou um lacaio dos bancos pra cuidar da economia. Caiu sem muito apoio, até da esquerda...<br /><br />Mas voltando à nossa história, o “estrangulamento financeiro” promovido pelos EUA — que, diga-se de passagem, não deu certo em Cuba porque a URSS passou a comprar boa parte da produção cubana e bancou a economia da ilha de Fidel — acabou funcionando no Chile e em 11 de setembro de 1973 as Forças Armadas, comandadas pelo General <b>Augusto Pinochet</b> tomaram o poder, invadindo o Palácio de La Moneda.<br /><br />Conta-se que Allende, acuado, recusou-se a deixar a presidência e suicidou-se. Muitos chilenos acreditavam na versão do assassinato de Allende, mas a autópsia dos restos mortais do ex-presidente, realizada décadas depois, confirmou à História a versão do suicídio [<a href="https://www.cartacapital.com.br/mundo/justica-chilena-encerra-investigacao-sobre-morte-de-allende/" target="_blank">fonte</a>].<br /><br />O golpe de 73 e os meandros da época em que o Chile viveu sob a ditadura de Pinochet serão assunto de outro texto, mas para que nós possamos entender o contexto histórico do filme “No”, saibam que no Chile a ditadura foi tão ou mais pesada que a brasileira! Muitas pessoas foram presas por apenas pensar de forma diferente da ideologia dos que estavam no poder, milhares desapareceram e morreram nas mãos do governo, a censura atuava com força e as liberdades individuais também foram diminuídas.<br /><br /><h2>E então… como é o filme?</h2><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYxxRsRK8tEUuCDW-ffLzSK8AeM-f8V5KX09jZlM9EQK9Jps9Qbk-t4vGi5LWEj-o0brMmPMtI3lJ1zlo2yyNvnbOLb6rwya5E67a5cqD01QhPeJ3KF2WJEpOKTOyRgmdTWMzeuz22o6Q/s500/poster-no.png" style="clear: left; display: block; float: left; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="500" data-original-width="352" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYxxRsRK8tEUuCDW-ffLzSK8AeM-f8V5KX09jZlM9EQK9Jps9Qbk-t4vGi5LWEj-o0brMmPMtI3lJ1zlo2yyNvnbOLb6rwya5E67a5cqD01QhPeJ3KF2WJEpOKTOyRgmdTWMzeuz22o6Q/s320/poster-no.png" /></a></div>O cenário que encontramos na película, que se passa no ano de 1988, é o seguinte: Pinochet estava sofrendo pressão internacional para legitimar seu governo — afinal de contas em 1973 ele não foi eleito pelo povo — e convocou um plebiscito junto à população.<br /><br />A opção “sim” mantinha o ditador no poder, enquanto o “não” obrigava-o a convocar eleições diretas para presidente no ano seguinte.<br /><br /><b>O governo não acreditava na derrota, enquanto a esquerda não acreditavam na vitória.</b> Mas ela queria aproveitar os 15 minutos diários que teriam durante um mês em todas as rádios e TVs chilenas pra expor as mazelas causadas pela repressão.<br /><br />No meio disto tudo está o personagem <b>René Saavedra</b>, vivido pelo ator Gael García Bernal, um publicitário, filho de exilados, que viveu boa parte da vida no México e acreditava que a campanha do “não” deveria funcionar como algo alegre, e não como uma mensagem pesada contra a repressão.<br /><br />Ele ouviu críticas de pessoas que sofreram na mão da repressão e perderam parentes e amigos, mas conseguiu até certo ponto trabalhar bem com a parte dramática das vítimas da ditadura. Desde o dia em que aceitou o convite para ajudar na campanha, Saavedra pensou em vencer o plebiscito, mesmo com toda a expectativa de sofrer com uma possível repressão do governo.<br /><br />O resultado final do plebiscito é conhecido por qualquer pessoa que sabe um pouco da História recente de nossos <i>hermanos</i> chilenos, mas o importante na película é entender como uma mensagem, transmitida do jeito certo, pode tirar as pessoas do “marasmo político”. Os chilenos viviam acuados, amedrontados pela ditadura. Muitos protestavam contra Pinochet, queriam o fim do governo ditatorial, mas a pesada repressão tirava a vontade de muitas outras pessoas de ir às ruas pedir o fim da ditadura.<br /><br /><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyLszzsleWQRyyqmREiRcoQGg507Pv4ec9PIruXOQUKYh3TLqDB7SJRiLn634DKiKgZxH7ulJrOBlq0X5XxhdqEZsgdl0xA3hr2vZhBBgY3JtpLWrjQhrksoN_QcF_fc-kDKWMPUp2uA8/s0/saavedra.png" style="display: block; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="381" data-original-width="588" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgyLszzsleWQRyyqmREiRcoQGg507Pv4ec9PIruXOQUKYh3TLqDB7SJRiLn634DKiKgZxH7ulJrOBlq0X5XxhdqEZsgdl0xA3hr2vZhBBgY3JtpLWrjQhrksoN_QcF_fc-kDKWMPUp2uA8/s0/saavedra.png" /></a></div><br />Saavedra, o grupo de profissionais da publicidade e os coordenadores políticos da campanha que trabalharam a favor do “não” conseguiram mostrar que o povo chileno <b>podia acabar com a ditadura de Pinochet usando as urnas.</b> A opinião pública internacional estava de olho no plebiscito, o que passava uma certa segurança, mas não garantia o resultado final caso fosse desfavorável a Pinochet, pois ele tinha as Forças Armadas do seu lado.<br /><br />A equipe do “não” deveria inclusive, durante a campanha, mostrar que grande parte da população não queria a ditadura, o que ajudaria na percepção do resultado final contra possíveis manipulações. Por isso a violência do Estado deveria ficar meio “de lado” na campanha, pois o povo tinha que perder o medo de expressar sua opinião, deveria ir para as ruas e apoiar o “não”.<br /><br />A peça que inspirou o filme, um monólogo chamado “El plebiscito”, de Antonio Skármeta, nunca subiu aos palcos. Mas o filme conseguiu, com maestria, passar a mensagem. Outro trunfo do diretor Pablo Larraín foi fazer o filme como se ele fosse uma espécie de documentário filmado na época do plebiscito. Usando câmeras U-matic 3:4, Larraín reproduz a atmosfera da década de 1980 de uma forma que quando nós vemos os vídeos originais das duas campanhas, nós não sentimos qualquer diferença entre as filmagens da época e as que foram feitas recentemente. Talvez, se tivesse usado os equipamentos digitais que existem hoje, ele não conseguiria o mesmo resultado. <a href="https://www.youtube.com/watch?v=YKAejKU95VA" target="_blank">Deem só uma olhada no trailer</a>, dá para ter uma noção do que eu estou falando.<br /><br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Texto - 16/12/19 -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="1659883022"
data-ad-format="auto"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br><br />Por essas e outras, “No” vale a pena. Assista, não só para valorizar a produção cultural sul-americana mas também para prestigiar uma boa obra cinematográfica! Quem curte filmes com um forte viés histórico certamente vai gostar de “No”.<br /><br /><h2>Notas</h2>Para escrever este texto, eu acabei dando uma olhada em alguns sites que traziam matérias sobre o filme, mas estas foram tiradas do ar (<i>o texto originalmente foi escrito em 2012 e estou repostando agora, em 2020</i>), talvez por não trazerem tanto tráfego aos sites. No entanto, aproveito também para aconselhar a leitura de uma resenha voltada unicamente para o filme, com um olhar mais voltado para a Comunicação, no texto “<a href="https://www.socialistamorena.com.br/no-quando-a-publicidade-e-usada-para-vender-uma-boa-causa/" target="_blank">NO: quando a publicidade é usada para vender uma boa causa</a>”, escrito pela Liliane Machado no blog da Cynara Menezes.Vinicius Cabralhttp://www.blogger.com/profile/02972282144353255052noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5563839915167134879.post-82403305733830859432020-09-21T09:47:00.022-03:002020-09-21T09:47:01.923-03:00Como foram construídas as pirâmides do Egito?<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIyhzjjHxvP_dHOOY7wQW6lVNDIqCaobyDjciHBVsS2F-U68Rrjv62tTGuQvd7k4Rqb8JfRIPBhKxURuKjgJLMxkNtIdl_u9snUv61_nBI4jbLefDu_LrxUoC90xdMdk0fzrM85NKXyr4/s0/gize-01.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="812" data-original-width="1910" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiIyhzjjHxvP_dHOOY7wQW6lVNDIqCaobyDjciHBVsS2F-U68Rrjv62tTGuQvd7k4Rqb8JfRIPBhKxURuKjgJLMxkNtIdl_u9snUv61_nBI4jbLefDu_LrxUoC90xdMdk0fzrM85NKXyr4/s0/gize-01.jpg"/></a></div><br>Este texto foi “resgatado” do antigo HZ e respondia a uma pergunta do leitor Roberto Matos:<br><br><i><b>Boa Noite,<br>Meu nome é Roberto e sou muito curioso quando se trata deste pais maravilhoso que é o Egito, sou totalmente leigo no assunto, portanto se minha duvida for boba eu peço desculpas kkk… mas enfim nas construções das piramides como se fazia a arquitetura? Já que não tinha evolução alguma em maquina ou algo do tipo? E a outra duvida porem a mais fascinante são de pragas e lendas sobre os faraós, alguma dessas lendas tem relatos que aconteceram de fato?</b></i><br><br>Vamos por partes. Primeiro, a pergunta sobre a construção das pirâmides egípcias eu poderia responder da seguinte forma:<br><br><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3utA7cpb5kUqZ7VBJMFnVIce5g1RG3Hu1L6w6xAivbg2jJ-T0ueICQzkYmAit7fSm8bTtq0tkpbpgAxqsqeqF9lVDT1ICbg-kUaqaFE9f2h6OyZbJGqh8H2MLhxC9bFDwvMEBeQwuFuM/s0/aliens.jpeg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="700" data-original-width="800" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3utA7cpb5kUqZ7VBJMFnVIce5g1RG3Hu1L6w6xAivbg2jJ-T0ueICQzkYmAit7fSm8bTtq0tkpbpgAxqsqeqF9lVDT1ICbg-kUaqaFE9f2h6OyZbJGqh8H2MLhxC9bFDwvMEBeQwuFuM/s0/aliens.jpeg"/></a></div><br><b>Brincadeiras à parte, vamos ao que interessa:</b><br><br><h2>Como as pirâmides foram construídas?</h2>A verdade é que <b>ainda NÃO existe uma confirmação oficial</b> de como os egípcios colocaram de pé a única das <b><a href="https://www.historiazine.com/2019/12/as-sete-maravilhas-da-antiguidade.html" target="_blank">Sete Maravilhas da Antiguidade</a></b> que conseguiu sobreviver ao tempo e está de pé até hoje.<br><br>O conjunto de pirâmides de Gizé chama atenção e excita a curiosidade não só pela grandiosidade da obra, mas também pelo fato de que as pessoas consideram que os egípcios construíram poucas pirâmides — ou seja, eles não teriam tanta experiência na construção destes gigantescos monumentos mortuários. Ou, se era um costume da época, <i>por que não esbarramos em pirâmides por todo o Egito?</i><br><br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Links horizontal -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="9104490679"
data-ad-format="link"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br><br>Mesmo hoje em dia não é fácil colocar de pé uma montanha de pedras recortadas com precisão quase milimétrica. Mesmo assim, as margens do Nilo contabilizam uma centena destas construções, a maioria formada por pirâmides bem pequenas, se comparadas à maior de todas, a de Queops.<br><br>Estima-se que entre 30 mil e 100 mil trabalhadores fizeram parte da construção da pirâmide de Queops, em funções que iam desde o corte dos blocos nas pedreiras mais próximas, passando pelo transporte dos blocos — pois eles ainda precisavam atravessar o Nilo — e a colocação dos blocos, formando a pirâmide.<br><br>Após <b>20 anos de trabalho ininterruptos</b> e contando com a mão-de-obra de quase todos os trabalhadores do Egito disponíveis na época — já que o <b>Modo de Produção Asiático</b> previa que cada trabalhador serviria ao Estado durante alguns meses do ano — a pirâmide de Queops ficou pronta, um grande mausoléu nas areias egípcias. Entendeu também porque não existem pirâmides <i>por todo o Egito</i>? Imagina se TODA construção egípcia fosse uma pirâmide, o tamanho do TRABALHO que seria colocar tudo de pé. Não existiria mão-de-obra (nem material) suficiente!<br><br>Nós poderíamos discutir aqui todas as teorias de construção existentes, mas vamos logo para uma das últimas teorias, proposta pelo engenheiro galês Peter James, que trabalhou anos na conservação das pirâmides do Complexo de Gizé. Confesso que a teoria tem lá sua pitada de inacreditável, mas é bem melhor do que a teoria alienígena.<br><br>O vídeo está em inglês, mas tem tradução para o português, basta selecionar nas legendas…<br><br><iframe width="560" height="315" src="https://www.youtube.com/embed/TJcp13hAO3U" frameborder="0" allow="accelerometer; autoplay; clipboard-write; encrypted-media; gyroscope; picture-in-picture" allowfullscreen></iframe><br><br>Pensando bem, o uso da água é até plausível, pois o período de cheia do Nilo favorecia o uso dos canais. Não sei se na época eles teriam condições de criar um sistema assim, mas não é nada absurdo. Lembrem-se, os caras empilhavam pedras pesadíssimas e a construção tá lá de pé até hoje.<br><br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Links horizontal -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="9104490679"
data-ad-format="link"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br><br><h2>E as pragas dos faraós?</h2>A segunda pergunta diz respeito às pragas e maldições dos faraós. Na verdade, o problema da “praga” do faraó é bem simples e surgiu quando os exploradores — ou melhor, ladrões — entraram nas câmaras mortuárias pela primeira vez.<br><br>É simples: imagine um lugar fechado há séculos, com uma ou mais múmias dentro. Por mais que as múmias tenham o processo de decomposição atrasado, o corpo apodrece e solta micro organismos, micróbios, bactérias e vírus pelo ar da câmara mortuária — que, repito, está fechada e em um ambiente extremamente seco como o deserto do Saara.<br><br>Quando alguém abre a câmara, o que acontece? Ela entra em contato com aquele ar completamente cheio de elementos muitas vezes desconhecidos para o sistema imunológico da maioria das pessoas, já que estas múmias estava ali há mais de três mil anos. Adoecer e morrer após ficar exposto a esta carga de contaminação é relativamente fácil, concordam? Por isso existe esta lenda da maldição dos faraós, nada mais simples.<br><br>Serve também como curiosidade o fato de que muitos papiros guardados nestas mesmas câmaras simplesmente desmancharam ao simples contato com o ar exterior. Para você ver como o ambiente interno das câmaras era completamente diferente do ambiente externo.<br><br><h2>Fonte</h2><a href="https://mundoestranho.abril.com.br/geografia/como-foram-erguidas-as-piramides-do-egito/" target="_blank">Como foram erguidas as pirâmides do Egito?</a><br>Vinicius Cabralhttp://www.blogger.com/profile/02972282144353255052noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5563839915167134879.post-21463666414280591702020-09-15T11:51:00.001-03:002020-09-15T11:53:31.173-03:00Maquiavel<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0oJFS0C6VvunLBBE8eNmi6Wdtqs2GfbILB60Up6ar5lA0A0NkwypqH-IvyMEr2qbdMRjZ-gO1hmNipjQAEagfuFDzULEmO88wRvDQuDuS7bGt8kuhaJcuwf1lTpV38GSKAVBotVE250Y/s0/maquiavel.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="370" data-original-width="800" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi0oJFS0C6VvunLBBE8eNmi6Wdtqs2GfbILB60Up6ar5lA0A0NkwypqH-IvyMEr2qbdMRjZ-gO1hmNipjQAEagfuFDzULEmO88wRvDQuDuS7bGt8kuhaJcuwf1lTpV38GSKAVBotVE250Y/s0/maquiavel.jpg"/></a></div><br><b>Niccolo di Bernardo Machiavelli</b> (Florença, 3 de Maio de 1469 a 21 de Junho de 1527), ou como nós o conhecemos, <b>Nicolau Maquiavel</b>, é considerado por muitos um filósofo, diplomata, historiador e cientista político.<br><br>É também considerado um dos principais pensadores — talvez até mesmo o fundador — da ciência política e da arte de governar.<br><br>Maquiavel viveu o Renascimento italiano, em uma época que a Península Itálica ainda estava dividida em reinos, repúblicas e ducados, além dos Estados Pontifícios, controlados pelo clero. Os cinco principais eram: o Ducado de Milão, a República de Veneza, a República de Florença, o Reinado de Nápoles e os já citados Estados Pontifícios. Mais ou menos como no mapa abaixo:<br><br><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZFeIzxD70n8uk9Q2sb1PlvBCtnWr0BIdEsN0wdilI4KfHgZk1LYQSJKwkIQC7AMo3t3QiGG7uIAsL6K6P0g-0inq0dfBC3DKT2QhLkGoOqADuL804L6goIDzCidJEOoSJVzauu6mtvJ4/s0/italia-renascimento.png" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="429" data-original-width="500" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjZFeIzxD70n8uk9Q2sb1PlvBCtnWr0BIdEsN0wdilI4KfHgZk1LYQSJKwkIQC7AMo3t3QiGG7uIAsL6K6P0g-0inq0dfBC3DKT2QhLkGoOqADuL804L6goIDzCidJEOoSJVzauu6mtvJ4/s0/italia-renascimento.png"/></a></div><br>Na época de Maquiavel havia o interesse pela implantação de um Estado absolutista na península, mas o poder era muito fragmentado, apesar da <i>ilegitimidade</i> da maioria dos Estados.<br><br>Como tirar do controle os homens que comandavam Veneza, por exemplo, cidade com grande comércio, que tinha condições até de financiar expedições navais para exploração de territórios desconhecidos, com a intenção de aumentar a quantidade de rotas comerciais?<br><br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Links horizontal -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="9104490679"
data-ad-format="link"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br>Mesmo com os avanços culturais do <b>Renascimento</b> e com o poderio dos reinados, ducados e repúblicas italianas, a península sofria com constantes invasões, além de disputar poder diretamente com os Estados Pontifícios. Como então formar um Estado Absoluto, uma unidade, em uma região fragmentada? Maquiavel tinha em volta da Itália alguns exemplos que estavam passando pelo processo de unificação, como por exemplo a Espanha, Portugal, Inglaterra e França.<br><br>E foi neste cenário que ele escreveu <b>“O Príncipe”</b>, sua obra mais importante e leitura fundamental para todos que desejam entender um pouco a política.<br><br><h2>O Príncipe</h2><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCoOjZfiufeZ-dwQvlQIugJrH4LG5Q787Q9kD5uzY9iUlDEfCdOiqpJDHggsqw87pTp2BQmiT4-2dMkfkMD8sg7NVWl8Vh1NDPnjXxRPN4AmOV_WgoQOQiVg-5neZMrY4ka9HViJYHq5c/s0/m-01.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" data-original-height="449" data-original-width="493" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCoOjZfiufeZ-dwQvlQIugJrH4LG5Q787Q9kD5uzY9iUlDEfCdOiqpJDHggsqw87pTp2BQmiT4-2dMkfkMD8sg7NVWl8Vh1NDPnjXxRPN4AmOV_WgoQOQiVg-5neZMrY4ka9HViJYHq5c/s0/m-01.jpg"/></a></div><br>Escrito em 1513 e publicado apenas em 1532, o livro é um verdadeiro tratado político.<br><br>Maquiavel não escreveu apenas sobre os Estados conhecidos até então, mas também como um governante deve portar-se frente aos seus súditos ou comandados, seus soldados, seus amigos… enfim, como um comandante deve tomar suas decisões, frente aos desafios inevitáveis do posto.<br><br>Um “príncipe” deveria constantemente policiar-se e evitar atitudes nas quais pudesse ser odiado pelos “súditos”. Não deveria confiscar propriedades, nem demonstrar desinteresse ou avareza pelos assuntos públicos. O “príncipe” deveria buscar sempre a felicidade do povo, manter distância dos bajuladores e controlar seus secretários para evitar abusos de poder.<br><br>É de Maquiavel a ideia de que <b>“os fins justificam os meios”</b>, e talvez seja a premissa fundamental do livro: <b>um líder não deve medir esforços para manter-se no poder</b>, independente das escolhas, elas devem preservar em primeiro lugar a cadeia de comando, depois os comandados.<br><br><h3><i><b>“Note-se que é preciso tratar bem os homens ou então aniquilá-los. Eles se vingarão de pequenas injurias, mas não poderão vingar-se de agressões graves; por isso só podemos injuriar alguém se não temermos sua vingança.”</b></i></h3><br><br>Maquiavel foi além, explicando como alguns príncipes italianos perderam seus domínios, e o que deveriam ter feito para evitar a derrota. Na verdade, Maquiavel faz um estudo, uma análise das estruturas de governo e oferece ao príncipe Lorenzo de Médici uma forma de manter-se no poder e ser amado pelo seu povo. Duas frases ilustram bem a essência do trabalho do líder (mesmo que sejam dois fragmentos um pouco contraditórios):<br><br><h3><i><b>“Chegamos assim à questão de saber se é melhor ser amado do que temido. A resposta é que seria desejável ser ao mesmo tempo amado e temido, mas que, como tal combinação é difícil, é muito mais seguro ser temido, se for preciso optar.”<br><br>“Não obstante, o príncipe deve fazer-se temer de modo que, mesmo que não ganhe o amor dos súditos, pelo menos evite seu ódio.”</b></i></h3><br><br>Ao ser publicado o livro tornou-se leitura obrigatória de muitos líderes europeus, que usaram das táticas e das dicas de Maquiavel para controlar seus domínios. Nos séculos seguintes, as políticas absolutistas e colonialistas dos Estados europeus e suas medidas protecionistas, visando a acumulação de riquezas, têm, em parte, os ensinamentos de Maquiavel nas atitudes do Estado.<br><br>Além de uma leitura interessante, o livro é de fundamental importância para entendermos um pouco mais os últimos séculos. Maquiavel é exemplo até hoje, e podemos encontrar muitas de suas palavras em determinadas atitudes de alguns líderes atuais.<br><br>Caso você esteja interessado em ler o livro, você pode visualiza-lo de forma gratuita em formato PDF, <a href="http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cv000052.pdf" target="_blank">neste link</a>.<br><br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Texto - 16/12/19 -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="1659883022"
data-ad-format="auto"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br>Vinicius Cabralhttp://www.blogger.com/profile/02972282144353255052noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5563839915167134879.post-3517627156456330502020-09-11T10:13:00.011-03:002020-09-11T10:13:00.377-03:00A Guerra do Yom Kipur<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcZB54xC-hwnMRikhpBulphlTKCyAm7Jag5U3kMsTMWeNxqYziQGm7-Ao55G4FnOHn_EondZech6iEI_6xbe3iEW7TOyftbely8gFGB_78jiKxNhyq9rTRs_y3PGm1YUqVnKxNJV3npjE/s0/yom-01.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="812" data-original-width="1910" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcZB54xC-hwnMRikhpBulphlTKCyAm7Jag5U3kMsTMWeNxqYziQGm7-Ao55G4FnOHn_EondZech6iEI_6xbe3iEW7TOyftbely8gFGB_78jiKxNhyq9rTRs_y3PGm1YUqVnKxNJV3npjE/s0/yom-01.jpg"/></a></div><br>Após a <b><a href="https://www.historiazine.com/2020/09/a-guerra-dos-seis-dias.html" target="_blank">Guerra dos Seis Dias</a></b>, que ocorreu em 1967 com esmagadora vitória israelense, a situação do Oriente Médio era a seguinte: Israel espalhou sua população e suas forças militares na Península do Sinai, nas Colinas de Golan e na Cisjordânia, territórios ocupados ao final deste primeiro conflito.<br><br>Só que os países de maioria islâmica na região estavam cada vez mais furiosos com a presença dos israelenses controlando a Palestina e os territórios citados.<br><br>O tempo passou mas o clima de tensão continuou presente entre as nações. Em 1° de outubro de 1973 <b>o Egito e a Síria decretaram estado de alerta máximo</b> ao longo de suas fronteiras e a Síria movimentou tropas até a fronteira com Golan. Aos israelenses, a medida apenas soou como retaliação a um episódio ocorrido em 13 de setembro do mesmo ano, quando 13 aviões de combate sírios foram abatidos pela força aérea de Israel.<br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Links horizontal -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="9104490679"
data-ad-format="link"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br>Assim, o chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel, David Elazar, determinou o deslocamento de uma brigada até a região.<br><br>A ideia de Elazar era também mobilizar os reservistas, mas o Ministro da Defesa, <b>Moshe Dayan</b>, não aprovou a medida, já que os judeus estavam às vésperas de comemorar o <b>Yom Kipur</b>, também conhecido como “<i>O Dia do Perdão</i>”, uma das datas mais importantes do calendário judaico e que prevê 25 horas de jejum e orações. A Primeira-Ministra <b>Golda Meir</b> também era favorável à mobilização dos reservistas, mas foi vencida nesta questão.<br><br>A movimentação de tropas do Egito para o Canal de Suez também foi considerada pelos israelenses como um ato de “solidariedade” à movimentação síria, mas que não traria maiores problemas à ocupação no Sinai. Mesmo com equipamento superior, Israel tinha poucos homens na defesa de suas fronteiras.<br><br>E foi aí que a coisa começou a ficar meio feia para os israelenses, com vários sinais de que algo ruim ia acontecer…<br><br><h2>As peças do tabuleiro e a inatividade de Israel</h2>Nos dias posteriores à movimentação síria, o rei Hussein, da Jordânia, deu uma entrevista à revista Time afirmando o seguinte:<br><h3><i>“A menos que Israel saia de todos os territórios ocupados durante a guerra de 1967, em troca de uma garantia para a paz, um novo desastre de grande magnitude será inevitável.”</i></h3><br>Esta declaração seria suficiente para alarmar o MOSSAD e movimentar as tropas israelenses. Mas em uma reunião o Gabinete de Governo decidiu por não mobilizar os reservistas, pois o ato poderia incitar acusações de que Israel estaria se preparando para uma grande ofensiva militar.<br><br>Aquela linha tênue entre a paz e a guerra estava de novo presente no Oriente Médio, apenas esperando alguém dar o primeiro tiro em direção ao outro lado.<br><br>Daí, em 6 de outubro, no dia do Yom Kipur, Israel foi atacado por tropas sírias e egípcias. Inicialmente, as tropas encontraram pouca resistência israelense, pois o número de soldados e veículos era pequeno nas fronteiras. Egito e Síria ainda receberam, ao todo, o reforço de sete nações árabes. Uns participaram enviando equipamentos e homens — o Iraque, por exemplo, enviou para o Egito e a Síria 60 mil soldados, 73 aeronaves e 700 tanques, a maioria equipamento soviético. A Líbia enviou aviões Mirage para o Egito —, enquanto outros países colaboraram financeiramente com o conflito, casos de Arábia Saudita e Kuwait.<br><br>Aos israelenses, restou organizar a defesa. Golda Meir foi a público convocar os reservistas, enquanto as forças militares regulares preparavam os armamentos e a Defesa Civil instruía a população quanto à guerra, informando sobre abrigos, o toque de recolher e o blecaute regular.<br><br><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidxOiXmqLpW8BVn0rNqTGGe5ymo6ympliSxybojR6UzJNW7u5Zwf5Wh6P64T1y8juGPLjXE-RazhCwBTgIu7onYFK6iwXtXlX2X6Ivsx6owUPYdW_U2_Pmt9q_vERx3GcOCo7Z7XYRQ0M/s0/M60A1crossingsuezcanal21feb1973_zpsf6c3a957.png" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="736" data-original-width="1225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidxOiXmqLpW8BVn0rNqTGGe5ymo6ympliSxybojR6UzJNW7u5Zwf5Wh6P64T1y8juGPLjXE-RazhCwBTgIu7onYFK6iwXtXlX2X6Ivsx6owUPYdW_U2_Pmt9q_vERx3GcOCo7Z7XYRQ0M/s0/M60A1crossingsuezcanal21feb1973_zpsf6c3a957.png"/></a></div>Descrição: tanques M60A1 do exército israelense (mas de fabricação norte-americana), próximos ao Canal de Suez.<br><br>Enquanto isso, os egípcios destruíram pedaços da <b>linha Bar-Lev</b> e invadiram regiões desprotegidas da fronteira no Sinai, provocando a rendição dos soldados israelenses na região e conseguindo uma importante passagem para a península, que logo estava repleta de soldados egípcios.<br><br>Os sírios, ao norte, bombardearam Golan e tomaram quase todo o território. Aparentemente, Egito e Síria apenas desejavam retomar as regiões perdidas na Guerra dos Seis Dias, mas Israel não queria entregar estes territórios <i>de mão-beijada</i>…<br><br><h2>O contra-ataque israelense</h2>Nos dias 7 e 9 de outubro a marinha israelense conquistou duas importantes vitórias ao vencer sírios e egípcios, respectivamente, nas batalhas de Latakia e Baltim. Com isso, Israel conseguiu o domínio do litoral, eliminando o risco de sofrer bombardeios pelo mar.<br><br>Nas três semanas seguintes, os israelenses obrigaram sírios e egípcios a retroceder de suas conquistas. Além de ter melhores armas, as forças israelenses são, muitas vezes, cirúrgicas em seus ataques. Imaginem o seguinte: com poucos homens os israelenses permitiram a invasão, pois os ataques inimigos foram maciços. Porém, os soldados que não foram capturados ou mortos resistiram até o dia 8, quando os reservistas começaram a chegar nos dois fronts para reforçar as linhas israelenses e iniciar ataques que visavam bombardear posições além das fronteiras, tentando levar a guerra para dentro da Síria e do Egito.<br><br><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiCmSjz5PsviMkxgQvSba_xJDgJ-fXr5qwcB3hE7sU3ZT_ycyCOTWhHLxXb0xOQJKxoKecE2lvwQrPCHKVSnLzAJgFWR3FE4feFDOGjZM6KgWAwJ7A2uZAfjLYsBq3BBq3FSOJf4smpE8/s0/Su100Golan_zpsf83605bd.png" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="738" data-original-width="1067" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiiCmSjz5PsviMkxgQvSba_xJDgJ-fXr5qwcB3hE7sU3ZT_ycyCOTWhHLxXb0xOQJKxoKecE2lvwQrPCHKVSnLzAJgFWR3FE4feFDOGjZM6KgWAwJ7A2uZAfjLYsBq3BBq3FSOJf4smpE8/s0/Su100Golan_zpsf83605bd.png"/></a></div>Descrição: tanque SU-100 egípcio (de fabricação soviética) destruído na beira da estrada.<br><br>No dia 11, uma contra-ofensiva foi autorizada pelo Estado-Maior. Na Síria, os israelenses em um dia conseguiram chegar a 40 Km de Damasco, enquanto tropas sírias recuavam de Golan deixando para trás cerca de 900 tanques, muitos danificados por forças israelenses. No Egito, após o dia 15, divisões de paraquedistas atravessaram em botes o Canal de Suez e montaram uma cabeça-de-ponte do lado egípcio, permitindo a passagem de mais soldados e a destruição de muitas baterias anti-aéreas, garantindo a operação da Força Aérea Israelense (IAF) na região.<br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Texto - 16/12/19 -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="1659883022"
data-ad-format="auto"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br>Com a superioridade aérea, Israel conseguiu expulsar os egípcios do Sinai e empurrá-los território adentro. Israel até tentou conquistar a cidade de Suez, mas suas forças foram repelidas. Mas a fronteira sul estava segura de novo e os exércitos israelenses estavam a apenas 101 Km do Cairo!<br><br>No dia 22 o Conselho de Segurança da ONU aprovou a <b>Resolução 338</b>, que pedia o fim da guerra e o início das negociações para implementação de uma paz duradoura no Oriente Médio.<br><br>Como a região é praticamente um barril de petróleo ambulante, havia a pressão externa pelo fim dos conflitos vinda de vários países dependentes do combustível — principalmente os EUA e países europeus.<br><br>Após várias negociações, onde Egito e Síria exigiram a saída de Israel dos novos territórios (agora) reocupados, em 11 de novembro o acordo de paz foi assinado entre Egito e Israel. Com a Síria não houve assinatura de nenhum tratado, mas Israel deixou as posições conquistadas na guerra, ocupando apenas as Colinas de Golan.<br><br><h2>Consequências da Guerra do Yom Kipur</h2>O Egito percebeu que, pela via militar, ele jamais conseguiria alguma coisa contra um exército melhor equipado e treinado. Negociando e mantendo conversas cordiais, em 1979 Israel e Egito assinaram o <b>Tratado de Camp David</b>, que previa o fim permanente das hostilidades entre os dois Estados.<br><br>Já os países árabes membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) iniciaram um boicote aos EUA e aos países que apoiavam a existência do Estado de Israel. Os preços do produto aumentaram 300%, causando uma grande <b>Crise Mundial do Petróleo</b>, que se arrastou por alguns anos. A sorte dos países consumidores é que na época foram descobertas outras jazidas em diversos lugares do planeta, o que aliviou um pouco a demanda crescente pelo combustível.<br><br>Aqui <b>no Brasil</b> foi a época em que o governo desenvolveu o <b>Programa Proálcool</b>, ainda em 1975, visando diminuir a dependência do país à gasolina. Foram inclusive oferecidos créditos e vantagens a produtores de cana-de-açúcar e montadoras de carros que passaram a investir em motores movidos a etanol. Infelizmente esta política - que foi meio que retomada durante o governo Lula - hoje não recebe mais tanto incentivo, mas foi a partir dela que nasceram os carros "flex", que aceitam tanto gasolina quanto etanol.<br><br><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://www.historiazine.com/2020/09/a-guerra-dos-seis-dias.html" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="125" data-original-width="700" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmB22Txdg-Uo29u-PijRl4z1AsCFyGLj_dcsPkID489ZyXRLxuEUf8qAF0opxHMpwuyXxHUEEyslOF8DLgPN2hFdm7j3SUnP9syk537RV8IS5_4ybx8tgoNJEf5hpFQ1KCaJtO7TEi8gE/s0/6-D.jpg"/></a></div>Vinicius Cabralhttp://www.blogger.com/profile/02972282144353255052noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5563839915167134879.post-26088276526096950782020-09-08T08:30:00.013-03:002020-09-08T08:30:07.080-03:00A Guerra dos Seis Dias<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfnPcbfMLRQhVusxdg24CEW8Pd0UzJeFXzF5eE7RC02R0nq9RMWAYysF2ZJSWyf2YSlqePz82feDbULLCdKActhQGq6usdlTHJHWyFiRE6GVhyrD-w27KFN2FBQsDe4z8HbjuooFoFOvs/s0/6-dias-01.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="812" data-original-width="1910" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhfnPcbfMLRQhVusxdg24CEW8Pd0UzJeFXzF5eE7RC02R0nq9RMWAYysF2ZJSWyf2YSlqePz82feDbULLCdKActhQGq6usdlTHJHWyFiRE6GVhyrD-w27KFN2FBQsDe4z8HbjuooFoFOvs/s0/6-dias-01.jpg"/></a></div><br>Desde o fim da <b>Segunda Guerra Mundial</b> em 1945 e da <b>criação do Estado de Israel</b> em 1948 que o Oriente Médio vive em uma constante tensão bélica por conta das inúmeras discordâncias entre os povos da região — que já viviam ali há séculos — e os israelenses.<br><br>E a <b>Guerra dos Seis Dias</b> não foi apenas um fato isolado. Ela está dentro deste contexto e faz parte dos fatos que marcaram a História recente do Oriente Médio.<br><br><h2>As tensões pré-conflito: Israel, quem diria, se sentiu acuado…</h2>A ONU reconheceu e estabeleceu as fronteiras do Estado de Israel em 1948. Antes, sem uma “pátria”, sem um local geográfico definido, os judeus tinham apenas o laço religioso como principal fator de união de todo o povo, desde a Antiguidade. Eles viviam espalhados por diversos países, mas mesmo um judeu nascido no Brasil ou em Angola, por exemplo, se considerava judeu antes de ser um brasileiro ou um angolano (aliás, é assim até hoje).<br><br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Links horizontal -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="9104490679"
data-ad-format="link"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br>A criação do Estado de Israel veio justamente para suprir esta <i>lacuna pátria</i> dos judeus. E a “Terra Prometida” citada nas escrituras sagradas do povo era justamente ali, onde ficou definido o território israelense. <b>Só que nunca perguntaram aos palestinos se estes aceitavam passar a viver em um local que de uma hora para outra seria administrado pelos judeus.</b><br><br>Nem perguntaram aos países vizinhos que, assim como o povo palestino, são de maioria muçulmana, se eles aceitariam os judeus vivendo ali ao lado. Óbvio que deu problema. E é mais óbvio ainda imaginar que no meio deste barril de pólvora, qualquer desconfiança poderia gerar um atrito e inflamar a região. E foi isso que aconteceu em 1967, a partir do dia do aniversário da fundação do Estado de Israel, 14 de maio.<br><br>Rumores de que <b>o exército israelense estaria mobilizando tropas na fronteira com a Síria</b> fez com que os egípcios — que tinham um acordo de ajuda mútua com os sírios no caso de uma agressão — mobilizassem suas tropas para a Península do Sinai, além de fechar o Estreito de Tiran, única via de acesso dos israelenses ao Oceano Índico.<br><br><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqyY0BjSC0AObQilAU4hrpQImk9MZQQzfiUgOnDGDF2KiLQyPhomstYYgOgxHzXJfNhNrftNIMLM0xmP7rp5GaHjprYCeDdGHlBX0w7rhTBvjPQhcSHzBzIi16HmCHn4f_NwA4wM4oGuk/s0/mig-21-forca-aerea-egipcia.jpeg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="342" data-original-width="800" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiqyY0BjSC0AObQilAU4hrpQImk9MZQQzfiUgOnDGDF2KiLQyPhomstYYgOgxHzXJfNhNrftNIMLM0xmP7rp5GaHjprYCeDdGHlBX0w7rhTBvjPQhcSHzBzIi16HmCHn4f_NwA4wM4oGuk/s0/mig-21-forca-aerea-egipcia.jpeg"/></a></div>Descrição: foto de um caça MIG-21 da Força Aérea Egípcia.<br><br>Esta informação teria sido passada aos egípcios pelo serviço secreto soviético (<i>é, vai imaginando o rolo, enfim, Guerra Fria, não é mesmo?</i>), mas até hoje não existe uma confirmação oficial de que a movimentação de tropas israelenses era verdadeira ou não. <b>O fato é que ao perceber a movimentação dos egípcios, os israelenses aumentaram sua força militar na fronteira sul.</b> No início de abril, antes destes rumores, Israel já havia derrubado seis caças MIGs egípcios que invadiram o espaço aéreo israelense.<br><br>Outro fato que deixou os israelenses mobilizados foi <b>o pedido do Egito para que os boinas azuis da ONU deixassem o Sinai.</b> Mesmo sendo território egípcio, o Sinai tinha soldados da ONU trabalhando para garantir uma certa <i>neutralidade</i> na região, devido justamente ao Estreito de Tiran, usado pelos navios israelenses.<br><br>Dias depois os sírios mobilizaram suas tropas nas Colinas de Golan, região da fronteira com Israel. Governantes árabes iniciaram discursos inflamados contra o Estado Israelense, e até mesmo inimigos fizeram as pazes: Gamal Abdel Nasser, do Egito, e o rei Hussein, da Jordânia, assinaram um pacto de defesa, e o Iraque logo se juntaria ao pacto.<br><br><b>Junho começou com Israel cercada por inimigos prontos para atacar.</b> Estima-se que haviam cerca de 190 mil combatentes mobilizados nas fronteiras de Israel aguardando o comando para invadir o país, enquanto o exército israelense contava com 70 mil homens ao todo.<br><br>Como as forças armadas israelenses eram equipadas com armas de primeira linha norte-americanas, havia um certo equilíbrio nos exércitos, já que os árabes contavam com equipamentos, armas e veículos soviéticos que, convenhamos, apesar da excelente qualidade, eram armas mais <i>velhas</i> que as israelenses. A diferença era a quantidade de material humano a favor dos árabes.<br><br>E é aí que entrou em cena a estratégia do <b>MOSSAD</b>, o serviço secreto israelense.<br><br><h2>A “blitzkrieg” israelense: pegando os árabes de surpresa</h2>Não dá para não comparar a tática de guerra utilizada pelos israelenses no dia 5 de junho com a que foi usada pelos alemães no início da Segunda Guerra. As forças armadas de Israel, lideradas pelo general Moshe Dayan, iniciaram um ataque relâmpago contra as bases do Egito e da Síria.<br><br>Simulando voos de rotina, dezenas de caças israelenses rumaram para o sul logo pela manhã, e as 8h45 invadiram o espaço aéreo do Egito. <b>Antes que qualquer avião da força aérea egípcia pudesse levantar voo para interceptar os israelenses, bombas já caíam nas pistas de decolagem e nos hangares, destruindo mais de 400 aeronaves em 19 bases militares.</b><br><br>Um esquema especial de reabastecimento foi montado nas bases israelenses, de modo que os caças ficavam apenas 7 minutos no solo e rapidamente decolavam para atacar novos alvos egípcios. Á tarde foi a vez de atacar bases e pistas na Síria. Ao fim do dia, quase 500 aeronaves foram destruídas sem sequer sair do chão, além da destruição de centenas de tanques que estavam nestas bases.<br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Texto - 16/12/19 -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="1659883022"
data-ad-format="auto"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br>No dia 6, o rei Hussein recebeu uma mensagem do primeiro-ministro israelense, Levi Eshkol, informando que Israel não atacaria a Jordânia se a Jordânia não atacasse Israel.<br><br>Mas, incentivado por Nasser e a falsa informação de que o Egito estava indo bem no confronto (<i>que falta fazia a internet!</i>), Hussein autorizou que forças jordanianas bombardeassem a parte israelense de Jerusalém.<br><br>Falta de informações precisas ou não, o fato é que a movimentação jordaniana não lá foi muito feliz. Como já haviam destruído grande parte das aeronaves inimigas, não havia muito apoio aéreo dos vizinhos para ajudar a Jordânia. Pra piorar, Israel ainda utilizou soldados e tanques por terra.<br><br>Até o fim do segundo dia, Israel já havia empurrado os jordanianos para além do rio Jordão, ocupando toda a parte oriental da cidade de Jerusalém e a Cisjordânia. O acordo de cessar-fogo entre Israel e Jordânia foi assinado ainda no dia 7.<br><br><h2>Israel já havia vencido a guerra, mas os árabes demoraram um pouco para entender…</h2>No campo diplomático os EUA — que se declararam neutros logo no início do conflito — solicitaram à ONU que forçasse a abertura das negociações de paz entre árabes e israelenses. Mesmo com a <i>vantagem tática</i>, Israel e os EUA temiam uma guerra maior, uma mobilização a longo prazo dos civis e o rearmamento dos árabes pela União Soviética.<br><br><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilF9V8Lq7C02i4kacFMxsYhI0jRFATDnYYhf3IdM2BaFyFuCEeh_UEjsfXpSiesHJGHVab0qoWpFv7NPS0_aiTvfcP5ACqZBU0Kqc9C-fW5MHzEPMNPm5vAsLaNgq7_VnaPwF8n6M_xr8/s0/6D_conquistas_israel.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="473" data-original-width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilF9V8Lq7C02i4kacFMxsYhI0jRFATDnYYhf3IdM2BaFyFuCEeh_UEjsfXpSiesHJGHVab0qoWpFv7NPS0_aiTvfcP5ACqZBU0Kqc9C-fW5MHzEPMNPm5vAsLaNgq7_VnaPwF8n6M_xr8/s0/6D_conquistas_israel.jpg"/></a></div>No mapa acima, os territórios conquistados após o conflito: Península do Sinai, Cisjordânia, Colinas de Golan e a Faixa de Gaza.<br><br><b>A organização militar israelense contrastava com a incrível desorganização militar árabe</b>, em grande parte devido ao forte ataque surpresa, além da já citada desinformação.<br><br>Nos países árabes as informações sobre os confrontos que chegavam para a população eram animadores, o que fez milhares de pessoas buscarem o alistamento voluntário.<br><br>Só que na realidade as forças israelenses que estavam de prontidão no Sinai, lideradas pelo então general <b>Ariel Sharon</b>, já avançavam no dia 8 de junho sobre a península sem posições definidas e <i>praticando tiro-ao-alvo</i> contra as poucas e frágeis posições egípcias que sobraram após os ataques do dia 5.<br><br>No fim do dia, toda a força militar egípcia que deveria ocupar e defender a Península do Sinai estava do outro lado do canal de Suez, e os egípcios tiveram que aceitar o cessar-fogo.<br><br>No dia 9 Israel virou seus canhões para as Colinas de Golan, já que dali os sírios conseguiriam bombardear Israel se usassem armamento de longa distância. Nos dias anteriores os sírios e os israelenses trocaram tiros nas colinas, mas a chegada do grosso da artilharia israelense e o apoio aéreo logo resolveram o confronto. O cessar-fogo foi aceito e assinado pelos sírios dia 10, pondo fim à guerra.<br><br><h2>As consuquências da Guerra dos Seis Dias</h2><b>Israel demonstrou imensa superioridade tecnológica e estratégica</b> para vencer de forma rápida seus inimigos e estabelecer novas fronteiras para seu Estado, que <b>triplicou de tamanho em seis dias</b> com os novos territórios anexados.<br><br>Os árabes pouco puderam fazer contra a estratégia israelense, mas <b>no plano interno seus governos ganharam força com a população ao desafiar Israel.</b> Nasser, por exemplo, assinou o cessar-fogo e renunciou à presidência do Egito, mas cedeu ao apelo popular e voltou ao cargo. O forte discurso nacionalista do líder egípcio fez diferença.<br><br><b>Os confrontos reacenderam o ódio contra os israelenses no Oriente Médio</b>, e desde então Israel mantém suas forças militares em constante prontidão contra possíveis ataques. Nos anos seguintes, novos confrontos militares aconteceram na região, mas Israel sempre esteve pronto para rechaçar os inimigos.<br><br><b>Após a Guerra dos Seis Dias a URSS rompeu relações diplomáticas com Israel e os países árabes, após a Cúpula de Cartum, não reconheceram o Estado de Israel.</b> A ONU aprovou a <b>Resolução 242</b>, determinando que os israelenses retirassem as forças militares dos territórios ocupados e resolvessem o problema dos mais de 300 mil refugiados que <i>nasceram</i> depois desta guerra.<br><br><b>Israel nunca cumpriu a Resolução 242,</b> e conta a lenda que o general Moshe Dayan, horas depois do fim dos conflitos, teria levado Ben Gurion — o fundador do Estado de Israel — para um voo de helicóptero sobre alguns dos territórios recém-anexados. Passaram sobre Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental. Quando o helicóptero aterrissou, Gurion segurou Dayan pelo braço e disse ao general que se Israel quisesse um dia ter paz, deveria devolver a maior parte do que conquistou naqueles seis dias.<br><br>O conselho não foi seguido, e os conflitos e atentados movidos por grupos árabes contrários à presença israelense na região continuam até hoje, assim como as constantes denúncias contra os ataques que Israel faz aos palestinos.Vinicius Cabralhttp://www.blogger.com/profile/02972282144353255052noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5563839915167134879.post-14308288490049092352020-09-03T16:31:00.017-03:002020-09-03T16:36:42.172-03:00Os pobres nobres cruzados<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7e7t3cS0SODDv-X0RVhQCRdrmFN_zFO_JaYWywhHS_Hi33lDljat0RvVUEZivClCNA031BX4DwriAtzJMzoFwDbC4nK6SsrOt-E0Lokuxs58fCUj0Z-oIzm0pu_YWwfej8nunS2N1kr4/s0/pobres-cruzados.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="318" data-original-width="1021" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7e7t3cS0SODDv-X0RVhQCRdrmFN_zFO_JaYWywhHS_Hi33lDljat0RvVUEZivClCNA031BX4DwriAtzJMzoFwDbC4nK6SsrOt-E0Lokuxs58fCUj0Z-oIzm0pu_YWwfej8nunS2N1kr4/s0/pobres-cruzados.jpg"/></a></div><br>Europa, século XI. Grande parte do continente estava fragmentado em vários reinos. Ao leste, tínhamos o <b>Império Bizantino</b>. A oeste, o <b>califado omíada</b> ocupava toda a Península Ibérica, até as fronteiras dos reinos de Navarra e Aragão — mais ou menos onde hoje é a fronteira da Espanha com a França.<br><br>Os europeus, fragmentados e sem grandes lideranças políticas, literalmente dependiam de uma <i>ordem divina</i>. Roma tinha forte influência sobre todos os reinos europeus católicos, os papas podiam não mandar diretamente, mas aprovavam (ou não) as ações dos nobres, ungiam reis e mediavam conflitos.<br><br>E desde sempre pensavam em <b>retomar a Terra Santa</b> e os territórios considerados sagrados e ocupados desde a expansão árabe, iniciada no século VII.<br><br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Links horizontal -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="9104490679"
data-ad-format="link"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br><h2>A Europa estagnada querendo abrir seus mercados, sob as graças do Senhor…</h2>É preciso entender que <b>as Cruzadas não foram um movimento isolado</b> de um grupo específico de europeus interessados apenas em retomar o controle dos lugares sagrados do cristianismo. Ela significou, pelo menos de forma inconsciente para as pessoas da época, <b>um movimento de grande reabertura do continente europeu.</b><br><br>Analisando hoje, as Cruzadas ajudaram a movimentar o então estagnado comércio da Europa. Em algumas regiões, provocou a criação de várias vilas e feudos para sustentar novas relações comerciais, no litoral provocou a construção de pequenos portos, além da construção de estalagens em locais ermos, para abrigar os viajantes, que com o tempo acabavam criando pequenas vilas (<i>estão percebendo a circularidade disso tudo?</i>) e forçou a melhoria de estradas há muito esquecidas ou que eram apenas trilhas nos campos e florestas.<br><br>Óbvio que não devemos imaginar que uma pequena trilha em pouco tempo transformou-se em uma larga estrada pavimentada, pois estamos na Idade Média, mas acredito que vocês tiveram uma noção bem <i>pé-no-chão</i> das mudanças expostas no parágrafo anterior. O que é importante frisar é que <b>com as Cruzadas, os reinos feudais da Europa começaram a sair da estagnação característica da Alta Idade Média.</b><br><br>Devemos ter em mente também que a peregrinação à Terra Santa era, até certo ponto, comum naquela época, mas era uma viagem muito perigosa.<br><br><h2>Então, como começaram as Cruzadas?</h2>À esta equação de retomada dos locais sagrados e de relações comerciais esquecidas ao longo de séculos, um fator facilitava o discurso de Roma: os cristãos que peregrinavam a estes locais sempre voltavam com relatos de perseguições e violência dos muçulmanos.<br><br>Para piorar a relação, no ano de 1009 o califa fatímida <b>Al-Hakim</b> ordenou a destruição de todas as igrejas de Jerusalém, inclusive a Igreja do Santo Sepulcro, principal local de peregrinação dos cristãos.<br><br>Era um recado claro de que os cristãos não eram bem vindos ali.<br><br><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgamlGKTHu-2BpcUQ85Inl42SsHaVlx01KzpnYZwLjp07e5n9yK1yt1Zm7_SfLvupHpSovka9SwtmtlIEC4mF2cjI0uvXXD0YPsFbCON9kF7wkqHZSc7OCTsBk733yJmENSWmllJ0KoOqU/s0/santo-sepulcro.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="391" data-original-width="584" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgamlGKTHu-2BpcUQ85Inl42SsHaVlx01KzpnYZwLjp07e5n9yK1yt1Zm7_SfLvupHpSovka9SwtmtlIEC4mF2cjI0uvXXD0YPsFbCON9kF7wkqHZSc7OCTsBk733yJmENSWmllJ0KoOqU/s0/santo-sepulcro.jpg"/></a></div><center>Descrição: interior da igreja do Santo Sepulcro. Certamente um dos lugares mais sagrados para o cristianismo.</center><br>Mas entre os anos de 1027 e 1028 o filho de Al-Hakim, <b>Ali az-Zahir</b>, costurou com o Império Bizantino um acordo de reconstrução do Santo Sepulcro, além de permitir a volta da peregrinação dos cristãos, com uma diferença: cessariam as perseguições, mas os cristãos pagariam uma espécie de <i>pedágio</i> para ter acesso aos locais sagrados.<br><br>Mas em 1076 o controle de Jerusalém saiu das mãos dos fatímidas. Os <b>seljúcidas</b>, turcos recém-convertidos ao islamismo e de temperamento muito mais agressivo e completamente contrários aos cristãos conquistaram a região e rasgaram os acordos feitos para evitar a perseguição religiosa dos peregrinos, passando a governar sem o menor interesse de receber os europeus em seus domínios.<br><br>Os cristãos continuaram seguindo para Jerusalém, mas os relatos de agressões aumentavam cada vez mais, o que fez o <b>papa Urbano II</b>, no Concílio de Clermont (em 1095) conclamar os nobres para ajudar o imperador Aleixo, de Constantinopla, que já havia enviado um pedido de ajuda à Roma, pois temia uma investida seljúcida em seus territórios.<br><br>O raciocínio de Urbano II foi simples: se o Império Bizantino cair, os muçulmanos poderão facilmente bater nas portas de Roma. Mas antes que os nobres partissem para Jerusalém naquela que ficou conhecida como a <b>Primeira Cruzada</b>, um numeroso grupo de pessoas comuns resolveram enfrentar a estrada até Jerusalém.<br><br><h2>A Cruzada Popular</h2>Também chamada de <b>“Cruzada dos Mendigos”</b>, foi organizada principalmente pelo monge <b>Pedro, O Eremita</b>, atendendo ainda em 1095 o apelo do papa Urbano II.<br><br><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUND0t9f-LsoFIUqdGsesiQeDuGdDbYUH-KXxddQLnjgOJGACpmRq5TxbVQAVar-nQqRLA4Ayl-GZBZBPU1O1qKXVQ2IfekaYNtXwBJu8m9UODmBiw-RX6xJ9LrptAa69o90daPl4BY08/s0/pedro-o-eremita.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: left;"><img alt="" border="0" data-original-height="300" data-original-width="192" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUND0t9f-LsoFIUqdGsesiQeDuGdDbYUH-KXxddQLnjgOJGACpmRq5TxbVQAVar-nQqRLA4Ayl-GZBZBPU1O1qKXVQ2IfekaYNtXwBJu8m9UODmBiw-RX6xJ9LrptAa69o90daPl4BY08/s0/pedro-o-eremita.jpg"/></a></div>Pedro conseguiu reunir cerca de 20 mil plebeus e cavaleiros de pequenos feudos — algumas fontes falam em 40 mil pessoas no total, mas o que importa é que era um número considerável de <i>gentes</i> para aquela época! — que rumaram sem qualquer organização para Constantinopla.<br><br>Agora você se pergunta: “<i>como um bando de gente seguiu sob ordens de um monge, ao invés de um líder militar, até um local ocupado pelo inimigo?</i>”<br><br>É simples: Urbano II declarou que aquele que ajudasse na disputa pela Terra Santa, e morresse a serviço desta libertação, teria seu lugar garantido no Paraíso, ou seja, <b>teria a indulgência plena de seus pecados.</b><br><br>Juntamente com Pedro, o cavaleiro <b>Gualtério Sem-Haveres</b> (do francês Gautier Sans-Avoir) também reuniu um considerável contingente — entre 17 e 19 mil pessoas. Pedro partiu de Colônia, em abril de 1096, enquanto Gualtério partiu de Poissy um pouco antes, rumo à Constantinopla.<br><br>O problema de deslocar um grande contingente de pessoas — relembrando: a maioria não tinha treinamento militar, eram plebeus, camponeses e cavaleiros menores, pobres — é que este povo precisa se alimentar de alguma forma. Se manter a disciplina de um batalhão sob a hierarquia militar já é difícil, imaginem manter a disciplina de um bando de homens, mulheres, idosos e crianças esfomeados?<br><br>Desnecessário dizer que algumas vilas foram saqueadas, vários feudos mais fortificados não receberam os viajantes — pois simplesmente não tinham comida nem água para todos — e várias lutas foram travadas ao longo da estrada até as portas de Constantinopla.<br><br><h2>Como o imperador Aleixo teve que lidar com a massa camponesa...</h2>Imagine-se um imperador pedindo ajuda para seu vizinho e, como resultado, num belo dia você é avisado que cerca de 30 mil pessoas estão batendo no portão de sua capital, esfomeados e sem qualquer liderança firme que os mantenha organizados.<br><br><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqk_BxJVyBsdc9DAgivw7_rwwhTHFf8lbbfxShadjzdGJ1Hpv76oGdDMEmZ4LyvAOe9L65gqr6Gha2-FaeHfnoDfrIQFyEbGt-NWlKEYritAnv4MAeziG2HWKYn0aLZBFXJxleI3VC1nk/s0/Peter_the_Hermit_2.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="400" data-original-width="490" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqk_BxJVyBsdc9DAgivw7_rwwhTHFf8lbbfxShadjzdGJ1Hpv76oGdDMEmZ4LyvAOe9L65gqr6Gha2-FaeHfnoDfrIQFyEbGt-NWlKEYritAnv4MAeziG2HWKYn0aLZBFXJxleI3VC1nk/s0/Peter_the_Hermit_2.jpg"/></a></div><center>Descrição: pintura retratando o imperador Aleixo I recebendo Pedro, O Eremita.</center><br>Esta era mais ou menos a situação que Aleixo I tinha que administrar no final de julho de 1096, quando as hostes de Pedro — já sem a mínima moral para controlar seu grupo — e de Gualtério chegaram a Constantinopla. Como não havia condições de manter todas estas pessoas na cidade, sequer nos campos próximos, Aleixo apressou-se em financiar o transporte deste contingente pelo Estreito de Bósforo.<br><br>E ainda foi claro ao pedir para que, ao chegar na Ásia Menor, eles não entrassem em confronto com os muçulmanos e aguardassem a chegada dos exércitos dos nobres europeus que, nesta altura, já estavam a caminho — naquela que ficou conhecida, oficialmente, como a Primeira Cruzada.<br><br>Mas adiantou avisar que os seguidores de Pedro não poderiam <i>arrumar confusão</i>? Claro que não. A fome falou mais alto e os peregrinos atacaram várias cidades turcas, com destaque para os subúrbios de Nicéia, que era considerada a capital dos seljúcidas mas, como era uma cidade muito fortificada, pode manter-se de pé mesmo com todo o assédio. Já a fortaleza de Xerigordon caiu após o ataque de um grupo de germânicos.<br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Links horizontal -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="9104490679"
data-ad-format="link"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br>Como os turcos conheciam o terreno e, principalmente, tinham maior organização militar, eles aguardaram um tempo até contra-atacar. Quando foram retomar Xerigordon, o cerco turco durou pouco mais de duas semanas. Sem água, os cristãos tiveram que se render. Os que renegaram sua fé foram feitos escravos. Quem se recusou, morreu.<br><br>Os próprios turcos espalharam boatos de que Nicéia havia caído para os peregrinos, e o grupo que aguardava em uma região próxima, evitando se envolver antes da chegada dos nobres, resolveu seguir até a cidade, deixando apenas as mulheres, crianças, os feridos e os idosos no acampamento.<br><br>Emboscados em um vale pelos turcos, poucos peregrinos daquele grupo sobreviveram. No acampamento, as mulheres e crianças foram poupadas do massacre e os sobreviventes conseguiram se reagrupar em um castelo abandonado na região, e dias depois foram encontrados por soldados bizantinos, que os escoltaram de volta para Constantinopla.<br><br>Lá, estes peregrinos que ainda quiseram lutar pela libertação da Terra Santa juntaram-se, enfim, aos primeiros cruzados “oficiais” e voltaram a lutar contra os turcos. Mas a Primeira Cruzada (oficial) é assunto para outro texto…<br><br>Ah, antes de acabar: sobre a expansão árabe, já publicamos um texto sobre a conquista da Península Ibérica. Clica na imagem aí embaixo...<br><br><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://www.historiazine.com/2020/01/a-conquista-da-peninsula-iberica.html" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="125" data-original-width="700" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggMDWWPtc1vxmpWJKUbgs_qVU-idPPMqrOGeOxcrHYTDjxCwto0uTHno-cKKqRraAklfvfgr-eBcD4fejGdK-yRUCyEu8dJsmNFnhBK1kbjXdgPon-zn9TyQ_w_IPhKPAvNeFOBpetBik/s0/CONQUISTA.jpg"/></a></div>Vinicius Cabralhttp://www.blogger.com/profile/02972282144353255052noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5563839915167134879.post-84693479339423291452020-08-27T11:42:00.002-03:002020-08-27T11:42:58.577-03:00O Martelo contra as bruxas<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGa8pZpWnVAYfTjuAeM1MW_LsjgYlAIkEU9QoQqpgijyUPZViz0kjprwkWzH2WRFxPwwUlRFBLTycPSGSRaLeLpnlLvjvQW5HACTvxaYZTXUSjq71ajSbySLh4FSiO0-EOXqMo9o6E0_E/s0/bruxas.jpg" style="display: block; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="812" data-original-width="1910" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGa8pZpWnVAYfTjuAeM1MW_LsjgYlAIkEU9QoQqpgijyUPZViz0kjprwkWzH2WRFxPwwUlRFBLTycPSGSRaLeLpnlLvjvQW5HACTvxaYZTXUSjq71ajSbySLh4FSiO0-EOXqMo9o6E0_E/s0/bruxas.jpg" /></a></div><br />Publicado em 1486, o livro <b>Malleus Malleficarum</b>, escrito pelos inquisidores alemães James Sprenger e Heinrich Kramer, era um manual sinistro de como localizar, identificar e punir bruxas ou qualquer outro ser humano que, segundo os <i>dogmas católicos</i>, era um adorador do demônio e/ou herege.<br /><br />O livro — que foi traduzido para o português como “Martelo das Feiticeiras” ou “Martelo das Bruxas” — também trazia em suas páginas explicações sobre os efeitos de feitiços e os motivos pelos quais, desde Eva, a mulher era considerada uma ameaça constante às <i>almas puras</i>.<br /><br />Mais do que um livro que dava um certo apoio teórico à Santa Inquisição, o Malleus é um marco na transição entre a Idade Média e a Modernidade, em uma Europa marcada por guerras, peste, fome, fogueiras e, porque não, temor.<br /><br />Mas vamos falar um pouco sobre as bruxas, normalmente culpadas por todos os males que assolavam a Europa.<br /><br /><script async="" src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!--Links horizontal-->
<ins class="adsbygoogle" data-ad-client="ca-pub-5231292265723788" data-ad-format="link" data-ad-slot="9104490679" data-full-width-responsive="true" style="display: block;"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br /><h2>Igreja versus Mitos antigos = paganismo</h2>Já na Antiguidade havia o mito romano de <b>Diana</b>, deusa dos bosques e das matas, que costumava fazer cavalgadas celestes na companhia de <b>amazonas</b>. Entre os povos germânicos, figuras ameaçadoras, conhecidas como <b>streghes</b>, tinham o hábito de, no meio das florestas, fazer reuniões em torno de caldeirões para realizar seus rituais. Depois invadiam as casas para sugar a energia vital das crianças.<br /><br /><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBKHIkx_1eVwm7G4L267OvtLRFPnDvWAmL3jxD72QGC__uqKqu3aaO5OQW2heP1PnRiF4_lUqbYjHQXILaM0_AD00Zr8jBXfv8_qhJc984XzFqXT1DFNn2hKEj0Pz7-hT44RFP5TBqW7c/s480/bruxas+%25282%2529.jpg" style="clear: left; display: block; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em; padding: 1em 0px; text-align: left;"><img alt="" border="0" data-original-height="480" data-original-width="289" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBKHIkx_1eVwm7G4L267OvtLRFPnDvWAmL3jxD72QGC__uqKqu3aaO5OQW2heP1PnRiF4_lUqbYjHQXILaM0_AD00Zr8jBXfv8_qhJc984XzFqXT1DFNn2hKEj0Pz7-hT44RFP5TBqW7c/s320/bruxas+%25282%2529.jpg" /></a></div>Quando o <a href="https://www.historiazine.com/2016/09/resumo-da-historia-de-roma-imperio.html" target="_blank">Império Romano</a> foi catequizado, os mitos antigos foram assimilados ou deixados de lado pelos ritos da Igreja Católica.<br /><br />E quando o Império sucumbiu às invasões bárbaras, novos costumes, crenças e ritos, estranhos ao costume católico já vigente, assustavam e tinham que ser combatidos. Adorar a natureza e reverenciar deuses antigos ao invés de santos era uma afronta à Igreja e um desvio da alma.<br /><br />A verdade é que com a descoberta de novos territórios e povos naquela Europa “fechada”, o que era apenas crença passou a atiçar cada vez mais o imaginário popular e a Igreja era a principal combatente deste “mal”.<br /><br />Resumindo: o que a Igreja Católica não assimilou, ela tratou como obra do demônio, como bruxaria. E o termo <b>“pagão”</b> servia para designar tudo que era contrário ao cristianismo. Até hoje este termo é usado desta forma, mas na Europa medieval ser pagão era ir contra a maioria da população que acreditava que sua falta nos ritos cristãos era, obrigatoriamente, sua presença em rituais demoníacos.<br /><br />E o que fazemos contra o que achamos perigoso? Atacamos, antes que nos ataquem. E com as bruxas não foi diferente. Na Idade Média existia o temor de que o demônio um dia iria dominar o mundo, e seus servos — a maioria mulheres — deveriam ser combatidos de qualquer forma. Nuas, sentadas em vassouras, as bruxas espalhavam o terror pelos vilarejos, cidades e castelos, cumprindo os mandos do demônio.<br /><br /><h2>Queimem as bruxas!</h2>Mas de onde veio este temor contra as mulheres na Idade Média? Logo elas que <a href="https://www.historiazine.com/2020/03/o-sagrado-feminino-atraves-da-historia.html" target="_blank">na Antiguidade eram consideradas sagradas</a>, pois traziam vida ao mundo! Talvez um versículo do Eclesiástico [25:26] possa ajudar:<br /><center><h3><i>“Toda malícia é leve, comparada com a malícia de uma mulher.”</i></h3></center><br />A ideia de que a mulher perverteu a humanidade não é exclusividade da época da caça às bruxas, iniciada lá pelos séculos XIII e XIV. Ela tem sua raiz no cristianismo de Pedro e nas primeiras grandes reuniões de bispos católicos, os famosos Concílios, que determinavam os rumos do pensamento católico. As ideias que saíam daquelas reuniões ditavam as crônicas e textos da época, como escreveu Quinto Tertuliano, escritor cartaginês que viveu entre 160 e 225:<h3><center><i>“Tu deverias usar sempre o luto, estar coberta de andrajos e mergulhada na penitência, a fim de compensar a culpa de ter trazido a perdição ao gênero humano. (…) Mulher, tu és a porta do Diabo.”</i></center></h3><br />Tertuliano teve lá suas <i>rusgas</i> com os católicos e deixou a instituição de lado ao longo da vida, mas é interessante citar que ele nasceu de pais pagãos — ou, pelo menos, não-adeptos do catolicismo.<br /><br />A ideia de que a mulher era fraca e, portanto, atendia ao chamado do mal com facilidade, não interfere só no que diz respeito à bruxaria. Vocês com certeza já ouviram falar do cinto de castidade? Ele nada mais era do que um modo do marido proteger a honra de sua mulher — e do marido, lógico! — , ou de um pai proteger a virgindade de sua filha. Para o homem medieval, a mulher estava em constante pecado, conforme escreveu Bernard de Morlas, monge de Cluny, lá pelo séc. XII:<br /><center><h3><i>“Toda mulher se regozija de pensar no pecado e de vivê-lo.”</i></h3></center><br />E como funcionavam os temidos Tribunais de Inquisição, para salvar o mundo do pecado? Como era feito todo o processo de caça às bruxas?<br /><br /><script async="" src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!--Links horizontal-->
<ins class="adsbygoogle" data-ad-client="ca-pub-5231292265723788" data-ad-format="link" data-ad-slot="9104490679" data-full-width-responsive="true" style="display: block;"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br /><h2>Delação, tortura, confissão e fogueira</h2>Normalmente o processo de <i>caça</i> começava com uma <b>delação</b>. Alguém entregava uma vizinha ou uma pessoa que vivia próxima e que muita das vezes sabia usar ervas para cura ou então era uma parteira. Enfim, qualquer pessoa podia ser acusada de bruxaria.<br /><br />Uma observação rápida: parteiras eram muito visadas, pois as bruxas eram acusadas de roubar crianças recém-nascidas e ainda não batizadas para seus rituais macabros.<br /><br />Quando capturada, essa pessoa passava por um interrogatório. A recusa em dizer “a verdade” levava a acusada à tortura. Desta forma, até quem não era ligada aos ritos pagãos confessava que era bruxa!<br /><br />Se mesmo com a tortura a pessoa não admitisse suas bruxarias, <b>o ato era visto pelos inquisidores como uma prova de que a pessoa tinha realmente pacto com o demônio</b>, pois aguentava a dor da tortura sem se entregar.<br /><br />Desnecessário comentar o absurdo desse raciocínio, não é mesmo? Mas desta forma, após a "confissão", só restava ao tribunal lavrar a sentença, que normalmente era a fogueira. E dependendo da sentença a pessoa tinha seu pescoço quebrado antes da fogueira ser acesa. Mas na maioria das vezes a condenada era queimada viva.<br /><br /><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3cnD7M__FqDkAIEKNJnm0CFXszOI10YQNgj2gq0a4c3VmvWaGbptYUxwvmSJ6rgkLTVzozs-kX57D1UeJRUd7FL8FJZ-jzJYRZExA57XQ4x-bbWjGmfzNqggGb1GooHHv6JYc0IJES2Q/s0/Witch_Burning.jpg" style="display: block; padding: 1em 0px; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="419" data-original-width="550" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3cnD7M__FqDkAIEKNJnm0CFXszOI10YQNgj2gq0a4c3VmvWaGbptYUxwvmSJ6rgkLTVzozs-kX57D1UeJRUd7FL8FJZ-jzJYRZExA57XQ4x-bbWjGmfzNqggGb1GooHHv6JYc0IJES2Q/s0/Witch_Burning.jpg" /></a></div><br />Talvez o maior absurdo de todos — pelo menos é o mais famoso — aconteceu com <b>Joana D’Arc</b> em 1431, acusada de herege e queimada pela Inquisição após ajudar seus compatriotas franceses na luta durante a <b>Guerra dos Cem Anos</b>, contra os ingleses.<br /><br />Está certo que Joana D’Arc foi capturada pelos bourguignons, aliados dos ingleses, mas o fato dela ter sido considerada uma herege, julgada por um bispo e queimada viva — durante uma guerra — demonstra que qualquer pessoa estava sujeita à condenação por bruxaria.<br /><br />Estima-se que durante os três séculos em que o Tribunal da Inquisição atuou de forma enérgica na Europa foram abertos cerca de 100 mil processos contra pessoas consideradas hereges.<br /><br /><a href="https://www.historiazine.com/2019/12/galileu-galilei.html" target="_blank">Galileu</a>, por exemplo, foi julgado pela Inquisição, mas saiu vivo do processo porque desmentiu suas teorias — pelo menos na frente do tribunal — , mas cerca de 60 mil pessoas não tiveram a mesma “sorte” de Galileu e perderam a vida nas fogueiras, acusadas de bruxaria.<br /><br /><h2>Fontes</h2>- Todas as citações foram retiradas da revista Superinteressante, <a href="https://super.abril.com.br/historia/inquisicao-idade-moderna-e-as-bruxas-as-mulheres-em-chamas/" target="_blank">edição de fevereiro de 1993.</a>Vinicius Cabralhttp://www.blogger.com/profile/02972282144353255052noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5563839915167134879.post-28139585697742795302020-08-24T12:26:00.000-03:002020-08-24T12:26:53.323-03:00A MPB e a História do Brasil no século XX<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgO-eqVoh9_mnUYsIGlONCAIYx0qYqzlmtleeSwwbfD5YQnAp3YsLzIs39JNO37dZPBzVB1arU-7MMEi-nKB-ae0e0DflMNTuph7IiB1f-9o_p8fahueGvpOkk0_VD912hI2QOvW4WSM44/s0/04.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="400" data-original-width="1000" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgO-eqVoh9_mnUYsIGlONCAIYx0qYqzlmtleeSwwbfD5YQnAp3YsLzIs39JNO37dZPBzVB1arU-7MMEi-nKB-ae0e0DflMNTuph7IiB1f-9o_p8fahueGvpOkk0_VD912hI2QOvW4WSM44/s0/04.jpg"/></a></div><br><br>É muito difícil falar de um tema tão vasto e tão importante, como foi a
MPB (Música Popular Brasileira) para o Brasil no século XX. Os dois andaram lado a lado nestes cem anos. A música brasileira ora moldou, ora exibiu – e, porque não, tentou explicar – o brasileiro. Deu voz a minorias, ao povão, tratou de temas polêmicos, às vezes foi perseguida, mas jamais silenciada.<br><br>Centenas de artistas foram alçados ao patamar de gênios, poetas, até mesmo “imortais”. A música é, talvez, a maior expressão da alma humana e muitos artistas nacionais desta época provaram isso, mesmo que de forma inconsciente.<br><br> Peço antecipadas desculpas pelo texto vago e todas as omissões. Como já disse, é difícil lidar com este tema sem ser extremamente extenso (o que transformaria esta humilde revista em um livro) ou muito vago. Omissões algumas vezes foram propositais, em outros casos, é só culpa da cultura musical deste que voz escreve. Mesmo assim, espero que vocês curtam o “show”. ;)<br><br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Links horizontal -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="9104490679"
data-ad-format="link"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br><br>Para ler a revista, basta clicar na imagem abaixo, acessar o arquivo e baixá-lo. Você pode ler em seu celular, em seu tablet ou em seu computador. Aproveite!<br><br><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://drive.google.com/file/d/0B7S0J5YikEqEN3hXWE9RUGZ2S28/view" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center;"><img alt="" border="0" data-original-height="400" data-original-width="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgnTZCMTntqpEu_zNpVAGiGMY8_4vkKuRZcwDCdkLfY7Jtso1kIJbaMkfDMWCD7o0Wd8R_Xz-m7-zKqDxXeBU_8psPcukUlFiABA2QcoEWy0LmRw-CCbO2Aa2sZ0X6SbYSuybWzt1ey0_I/s0/capinha-04.png"/></a></div><br><br><b>“HistóriaZine – A MPB e a História do Brasil no século XX” é uma revista digital ligada ao site HistóriaZine. Esta publicação não tem fins lucrativos e não pode ser comercializada. A reprodução de trechos em trabalhos escolares e pesquisas é livre, mediante crédito ao autor do texto e editor do site, Vinicius Cabral Pignaton.</b><br>
Vinicius Cabralhttp://www.blogger.com/profile/02972282144353255052noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5563839915167134879.post-12016174370099661342020-08-17T11:48:00.002-03:002020-08-17T11:50:52.189-03:00Trafalgar e a incrível vitória de Nelson<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxpwASOcPzkWBD5nlRwtiZ4cNXpjZ7M6ij3Twpu5IACdFvgAIOhFgbZuDk0hosBSRdskaeuAYYbn7rE5EaifONHS1Bx732CpLqDdHWs0axwqMDoI9owLkJluqJfKKyQ-5uwR6-ebVuw3g/s1200/trafalgar-03.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="Trafalgar" border="0" data-original-height="500" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhxpwASOcPzkWBD5nlRwtiZ4cNXpjZ7M6ij3Twpu5IACdFvgAIOhFgbZuDk0hosBSRdskaeuAYYbn7rE5EaifONHS1Bx732CpLqDdHWs0axwqMDoI9owLkJluqJfKKyQ-5uwR6-ebVuw3g/d/trafalgar-03.jpg" /></a></div><br /><br />Europa, início do século XIX. Após passar por um grande processo revolucionário, a França se vê acuada por forças reacionárias. Para livrar o país desta ameaça, um general <i>baixinho, porém invocado</i> toma as rédeas do exército francês. Venceu batalhas importantes e foi além, tomando o poder e iniciando uma grande expansão militar pelo continente.<br /><br />Até 1805 ninguém conseguiu parar as tropas do (então) imperador <b>Napoleão Bonaparte.</b> Até que no dia 21 de outubro, 33 navios da frota napoleônica — 18 franceses e 15 espanhóis — encontraram 27 navios britânicos na região do cabo Trafalgar, a uns 30Km do Estreito de Gibraltar, no litoral da Espanha.<br /><br />Ali a estratégia de batalha do comandante inglês <b>Horatio Nelson</b> frustraria definitivamente os planos de Napoleão para invadir a Inglaterra.<br /><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Links horizontal -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="9104490679"
data-ad-format="link"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br /><h2>O maior comandante inglês</h2><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZblowBuu1sP173eoLxFHbhanQGKSpeTvVR4fPfCogboQr2z79DmQl8IEBl1Vj0AsGLUFs9IfYAhyphenhyphenXrqmWYSJHbDAX8-vTUsdsIeE3xV18alh2i_rvzgnN-E9czcP2QfmBaIWflK3iS1k/s423/horatio-nelson.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="423" data-original-width="306" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZblowBuu1sP173eoLxFHbhanQGKSpeTvVR4fPfCogboQr2z79DmQl8IEBl1Vj0AsGLUFs9IfYAhyphenhyphenXrqmWYSJHbDAX8-vTUsdsIeE3xV18alh2i_rvzgnN-E9czcP2QfmBaIWflK3iS1k/w231-h320/horatio-nelson.jpg" width="231" /></a></div>Horatio Nelson nasceu em Norfolk no ano de 1758. De família relativamente <i>abastada</i>, ingressou na marinha britânica em 1771 como timoneiro do navio HMS Raisonnable.<br /><br />Após servir em outros navios, conseguiu seu primeiro comando em 1778, logo após a eclosão da Guerra da Independência Americana.<br /><br />Entre suas várias viagens, servindo ou comandando, Nelson foi à Ásia escoltar o transporte de cargas das colônias britânicas até a Europa, foi ao Pólo Norte — em uma expedição com o explorador Constantine Phipps —, além de diversos patrulhamentos e escoltas nas Américas Central e Norte.<br /><br />Já muito experiente, Nelson foi um dos comandantes responsáveis pelo <b>bloqueio continental</b> imposto pela Inglaterra à França e seus aliados logo após o início das Guerras Napoleônicas.<br /><br />Mesmo com o bloqueio, Napoleão tinha planos para invadir a Inglaterra. A princípio era um plano bem simples, bastava atravessar o Canal da Mancha. Mas como conseguir executar este plano contra a maior potência marítima do planeta na época? E pior: com seus navios aquartelados em diversos portos, vigiados de perto por uma força equivalente da marinha britânica?<br /><br /><h2>A estratégia de Napoleão: tirar os ingleses dos portos e fazê-los atravessar o Atlântico</h2>Napoleão tinha mais de mil navios preparados para transportar cerca de 100 mil homens e 7 mil cavalos para invadir a Inglaterra. Mas como já foi dito, os ingleses controlavam o Canal da Mancha bloqueando os portos franceses.<br /><br />Napoleão então mandou navios franceses atravessar o Atlântico e atacar os portos ingleses na América Central. A estratégia era tirar os ingleses de seus postos de vigília e <i>descongestionar</i> o canal, além de agregar a ajuda de navios espanhóis durante a empreitada. Só que o plano não era lá muito inteligente para ser aplicado no mar. Era um plano ousado, sem dúvida, mas que dependia muito das marés e dos ventos para dar certo.<br /><br />Alguns navios franceses até que conseguiram furar o bloqueio britânico em uns portos, mas os principais navios, entre os quais o <b>Bucentaure</b>, comandado pelo vice-almirante francês Pierre Villeneuve e que contava com 80 canhões — uma verdadeira fortaleza marítima — continuaram presos em Brest, na costa francesa.<br /><br />Como o plano poderia dar errado, deu. Os franceses que conseguiram atravessar o bloqueio e rumaram para a América acabaram se perdendo no caminho. Nelson tinha saído atrás dos franceses — nesta época Nelson comandava o HMS Victory — , mas sem sucesso na caçada, deu meia-volta.<br /><br />Neste meio tempo, Napoleão adiou a invasão à Inglaterra e mandou Villeneuve ir para o Mediterrâneo apoiar a campanha da invasão à Áustria. Quando rumavam para o Mediterrâneo, os franceses e espanhóis toparam com a frota inglesa.<br /><br /><h2>A Batalha de Trafalgar: uma manobra ousada de Nelson que também tinha tudo para dar errado…</h2>Nelson já tinha combinado com os comandantes dos outros navios: iria sofrer danos iniciais causados pelos canhões inimigos mas o objetivo era infiltrar os navios ingleses no meio da frota franco-hispânica. Esta era a única forma de superar os canhões inimigos, que excediam em número os canhões ingleses. Nelson tinha o vento a favor e dispôs sua frota desta forma:<br /><br /><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj83MiWqodvUZixH9GhoVH_p-zqc2_CnMzInk-Nkx0vVATIQCn4nEyXL0LHRp7FCSkjOyA7HMppddeVPNI-Qc_xfVoBUX65lQwoML52T3rNSpzfXEsPt0sMfS6cLelG-UVpO35rrYFLlro/s1550/trafalgar-01.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1046" data-original-width="1550" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj83MiWqodvUZixH9GhoVH_p-zqc2_CnMzInk-Nkx0vVATIQCn4nEyXL0LHRp7FCSkjOyA7HMppddeVPNI-Qc_xfVoBUX65lQwoML52T3rNSpzfXEsPt0sMfS6cLelG-UVpO35rrYFLlro/d/trafalgar-01.jpg" /></a></div><center>Descrição: ilustração demostrando a posição das embarcações no início da Batalha de Trafalgar. Os navios ingleses estão ao centro, em duas linhas horizontais, investindo contra o centro da frota franco-hispânica, que forma uma barreira vertical. A ideia era infiltrar nesta barreira e dividir os inimigos. A linha superior era comandada por Nelson e a inferior pelo vice-almirante Collingwood.</center><br /><br />Nelson mandou os navios ingleses colocarem três balas em cada canhão. Os tiros perderiam o longo alcance, mas ganhariam em poder de destruição em curta distância. Na hora da batalha, Nelson utilizou as bandeiras de sinalização dos navios — também usadas para enviar ordens a outros navios — para escrever a frase:<br><br><center><h2><b><i>“England expects that every man do his duty.”</i></b></h2>(A Inglaterra espera que cada homem cumpra o seu dever.)</center><br><br>Conforme dá para perceber na disposição dos navios, os franceses e espanhóis iniciaram a batalha atacando com toda a força os ingleses, já que seus navios estavam de lado, com pelo menos metade dos canhões apontados para a frota britânica. E realmente os ingleses sofreram muitas avarias iniciais, mas logo entraram na linha franco-hispânica.<br><br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Links horizontal -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="9104490679"
data-ad-format="link"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br><br>Para vocês terem uma noção da eficiência da estratégia de Nelson, a linha do vice-almirante Collingwood — ao sul —, ao conseguir fechar o cerco aos inimigos, acabou vencendo-os em apenas duas horas e meia de combate.<br><br>Na linha superior, o Neptune, com 98 canhões, venceu fácil o Santíssima Trinidad, que contava com 130 canhões, pelo simples fato de que a artilharia inglesa disparou mais rápido!<br><br>No centro do combate, Nelson se preocupou em perseguir o <b>Bucentaure</b>, onde estava Villeneuve. Sofreu cerca de 40 minutos de bombardeio, mas conseguiu passar pelo navio francês e disparar seus canhões lotados de balas.<br><br>Seguindo o rumo, o HMS Victory acabou chegando bem perto do Redoutable, um perigoso navio francês que tinha quase toda sua tripulação preparada para o combate corpo-a-corpo, pois contava com alguns elementos da elite da infantaria imperial.<br><br>Apesar dos dois navios não se atracarem, seguiu-se a batalha e a troca de balas dos dois lados, agora com o HMS Victory auxiliado pelo Temeraire.<br><br>Mas um destes tiros de mosquete acabou acertando Horatio Nelson, que morreu no meio da batalha. Sem perder as esperanças e a vontade de vencer, os ingleses conseguiram fazer 17 navios se renderem e outros desistiram da batalha e seguiram para Cadiz, a grande maioria com sérias avarias e muitos mortos e feridos.<br><br>No fim, a Batalha de Trafalgar trouxe resultados satisfatórios para a Inglaterra. Napoleão nunca mais tentou desafiar os ingleses em uma batalha de larga escala e desistiu definitivamente de invadir a ilha britânica.<br><br>As lutas no continente continuaram até 1815 e a Inglaterra ajudou os inimigos de Napoleão sempre que solicitada ou quase sempre solicitada, como foi o caso do <b>escoltamento da Família Real para o Brasil</b>, quando os ingleses usaram de sua influência econômica para manter a realeza de Portugal longe do domínio napoleônico.<br><br>Horatio Nelson foi alçado definitivamente na categoria dos heróis nacionais da Inglaterra. Nada mais justo. E os franceses que não participaram da batalha só ficaram sabendo da derrota 8 anos depois, quando Napoleão perdeu o poder! Sim, naquela época já existia a tal da <i>manipulação da opinião pública</i>…Vinicius Cabralhttp://www.blogger.com/profile/02972282144353255052noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5563839915167134879.post-67310413604834992962020-07-21T18:01:00.003-03:002020-07-21T18:01:26.528-03:00O que é Stonehenge?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhq6rYD3cC3i24IfZC6XkEOQKjc4CLULmIiW3yQMhpOqB0TdpB4P69RnT64ot3Op-DstDF_IsvUDSyyDJcXJ9KAY2AXGzgycaYasE40BAjK1kXy2TM1aCc6kxL59Dzcy0mrljNsU1BI7wY/s1600/stone-01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhq6rYD3cC3i24IfZC6XkEOQKjc4CLULmIiW3yQMhpOqB0TdpB4P69RnT64ot3Op-DstDF_IsvUDSyyDJcXJ9KAY2AXGzgycaYasE40BAjK1kXy2TM1aCc6kxL59Dzcy0mrljNsU1BI7wY/s1600/stone-01.jpg" data-original-width="1600" data-original-height="681" /></a></div><br><br>Um dos maiores <b>mistérios da Pré-História</b> fica na Inglaterra, próximo a Londres, e é considerado hoje um <b>santuário</b> por arqueólogos e historiadores.<br><br>Mas sempre que citamos <b>Stonehenge</b> (do inglês arcaico “stan” = pedra, e “hencg” = eixo), fica a dúvida: o que foi e para que serviu este conjunto de pedras dispostas em círculo? E o mais importante, <b>qual a real importância de Stonehenge para os povos que viveram naquela região?</b><br><br><h2>Mapa astronômico? Centro ritualístico de cura?</h2>Muito se fala sobre este misterioso círculo de pedras e o comentário mais comum é que o conjunto foi construído pelos <b>druidas</b>, mas só se tem notícia dos druidas na Inglaterra por volta do ano 300 a.C.; entretanto, é fato que os druidas utilizaram Stonehenge como altar, realizando sacrifícios e rituais destinados à adoração da divindade solar.<br><br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Links horizontal -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="9104490679"
data-ad-format="link"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br><br>Outra versão responsabilizava os <b>romanos</b> pela construção, mas eles chegaram na Inglaterra após o ano 43 d.C., bem depois dos druidas. O que garante estas afirmações é a datação feita com carbono 14, que determinou que Stonehenge foi finalizado por volta de 2000 a.C.<br><br>Antes, por volta de 3500 a.C., existia nas proximidades um cemitério e o círculo original onde hoje estão as pedras pode ter sido, segundo arqueólogos, a parte reservada aos indivíduos mais importantes da tribo — ou do conjunto de tribos — que viveram na região.<br><br>Arqueólogos também estimam que o local talvez servisse como <b>centro religioso</b> bem antes até mesmo do uso da região como cemitério.<br><br><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPTNaWN14FpBudvyCr_lfBCdUmssNBJS8epwP6i3OeecSP_L4fMC0Al0LJ5N07aOHba2QjeA6kHE9KnOZFalVUxjZ_SA-YuloVu3Y6Wpkze0d8Awg7-2p0OjE-A6FB-ru_8LImmZlIZvE/s1600/StonehengeAerial-640x353.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhPTNaWN14FpBudvyCr_lfBCdUmssNBJS8epwP6i3OeecSP_L4fMC0Al0LJ5N07aOHba2QjeA6kHE9KnOZFalVUxjZ_SA-YuloVu3Y6Wpkze0d8Awg7-2p0OjE-A6FB-ru_8LImmZlIZvE/s1600/StonehengeAerial-640x353.jpg" data-original-width="640" data-original-height="353" /></a></div><center>Vista aérea de Stonehenge.</center><br><br>Estima-se que inicialmente foram colocadas estruturas de madeira com a mesma disposição circular das pedras. Séculos depois, por volta de 2150 a.C., foram colocadas as chamadas “pedras azuis”, trazidas das montanhas de Gales, 400Km ao norte de Stonehenge.<br><br>Estas são pedras que continuam no local até hoje, no centro da construção.<br><br>Por volta de 2075 a.C., estas pedras azuis foram derrubadas e grandes pedras, medindo em média 5,5 metros e pesando cerca de 25 toneladas cada, foram dispostas de forma circular, como conhecemos hoje, com um detalhe: o círculo externo era completo… hoje faltam muitas pedras.<br><br>E séculos depois, por volta de 1500 a.C., as pedras azuis foram reorganizadas dentro do círculo.<br><br>Tudo leva a crer que houve sim uma orientação para a formação do santuário, pois é possível observar o alinhamento perfeito do conjunto durante o solstício de verão — que é o dia mais longo do ano.<br><br><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNykKL02lMJqzENLjMMfyT67-P6NNzC74zxBxIgP9HDC1Fa_9jtP_cogvjK9Ry0JXEC4KKtSJCLtks-UKqJC82yFYzpRrEyY5_A2QkOsv5V0ukWnv9SrSXlRxCPrCR-JyGrXWak9BuIIc/s1600/stonehenge-solst%25C3%25ADcio.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNykKL02lMJqzENLjMMfyT67-P6NNzC74zxBxIgP9HDC1Fa_9jtP_cogvjK9Ry0JXEC4KKtSJCLtks-UKqJC82yFYzpRrEyY5_A2QkOsv5V0ukWnv9SrSXlRxCPrCR-JyGrXWak9BuIIc/s1600/stonehenge-solst%25C3%25ADcio.jpeg" data-original-width="620" data-original-height="1007" /></a></div><center>Sequencia de fotos mostrando o nascimento do sol no solstício de verão. <a href="https://www.flickr.com/photos/vintagedept/3370162223/" target="_blank">Fonte</a>.</center><br><br>É óbvio que no local aconteceram cerimônias “pagãs”, de adoração ao deus-sol. E além do solstício, Stonehenge também apontava o <b>equinócio</b>, servindo para orientar quanto à mudança das estações, o que leva a crer que o local era utilizado como santuário o ano todo.<br><br>Aliás, é sempre bom citar que a transição do homem pré-histórico, de nômade/caçador/coletor para sedentário/agricultor só foi possível quando o homem teve noção das estações do ano e programou o plantio, aumentando a colheita e diminuindo o ímpeto em desbravar novas regiões, pois eles já conseguiam retirar seus alimentos da região onde moravam. Já falamos sobre isso <a href="https://www.historiazine.com/2018/10/a-revolucao-neolitica.html" target="_blank">neste texto sobre a Revolução Neolítica</a>.<br><br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Texto - 16/12/19 -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="1659883022"
data-ad-format="auto"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br><br>Stonehenge, para os povos que habitavam aquela região no passado, serviu para estes propósitos.<br><br>Mas muitas dúvidas ainda pairam sobre Stonehenge, ainda mais porque existem outros sítios arqueológicos semelhantes na Inglaterra. Ao norte existe o <b>complexo de Avebury</b>, com datação próxima a de Stonehenge. Foram encontrados indícios de construções semelhantes no norte da Escócia; nas ilhas Orkney temos o <b>Promontório de Brodgar</b>, que é um complexo de centenas de construções, cercadas por uma grande muralha, possivelmente 200 anos mais antigo que Stonehenge.<br><br>Há até estudos que tentam provar que Stonehenge pode ter sido um grande instrumento musical. Pode parecer maluquice, mas o estudo tem lá suas bases.<br><br>E você, o que acha que é, ou o que foi Stonehenge???<br><br><center><b>= = = = = = = = = = = = = =</b></center><br><b>Observação:</b> originalmente este texto foi publicado em 2013. Mais recentemente, arqueólogos conseguiram “chegar mais perto” da resposta. Confira no link abaixo:<br><br><a href="https://super.abril.com.br/historia/arqueologos-descobrem-as-origens-de-stonehenge/" target="_blank">Arqueólogos descobrem as origens de Stonehenge</a><br>Vinicius Cabralhttp://www.blogger.com/profile/02972282144353255052noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5563839915167134879.post-56148759025677822242020-07-02T19:30:00.000-03:002020-08-27T11:50:51.826-03:00Os povos bérberes<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7wQdUlYcEQlWhieCyZuamtVYud9hA9a-OYa1NboVt9qoLQBaQVEOdYN8WyVF8EaCL3IZk0HDH2EZj39lYFWoQxW1SCEP4ZMKASLg0oNx70HYQZ1SZ60HSrCGdYAzK_L73JR2JdaKuPE0/s1600/tuaregues.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh7wQdUlYcEQlWhieCyZuamtVYud9hA9a-OYa1NboVt9qoLQBaQVEOdYN8WyVF8EaCL3IZk0HDH2EZj39lYFWoQxW1SCEP4ZMKASLg0oNx70HYQZ1SZ60HSrCGdYAzK_L73JR2JdaKuPE0/s1600/tuaregues.jpg" data-original-width="1600" data-original-height="681" /></a></div>Conhecidos desde a Antiguidade, os bérberes são <b>povos autóctones</b> (ou seja, povos naturais da região) do norte da África. Não fosse por eles, as rotas comerciais da África sub-saariana com o Oriente Médio e até mesmo com a Europa demorariam séculos para tornar-se realidade.<br><br>Inicialmente os bérberes viviam em tribos esparsas que cobriam uma boa parte do <b>deserto do Saara</b>, principalmente na região que nós costumamos chamar de <b>“Magreb”</b>, onde hoje temos Mauritânia, Marrocos, Argélia, Mali, Líbia e até mesmo uma parte da Tunísia.<br><br><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYJ8ZyMYxBiOzeBAqgDH3f46Rx0PYsyC38tll-1v1P0uFaWatvMWrUXz4N7QIMY9keixoZDNnSvvcp_ebhFVfODn7dQTr8jonSDsM7vqVYHrQoTineNXI4r_dBUxT49-9m8sCZqTD3_cU/s1600/berberes.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYJ8ZyMYxBiOzeBAqgDH3f46Rx0PYsyC38tll-1v1P0uFaWatvMWrUXz4N7QIMY9keixoZDNnSvvcp_ebhFVfODn7dQTr8jonSDsM7vqVYHrQoTineNXI4r_dBUxT49-9m8sCZqTD3_cU/s320/berberes.jpg" width="320" height="293" data-original-width="449" data-original-height="411" /></a></div>Como nômades, ao longo do tempo eles desenvolveram a capacidade de viver e cobrir grandes distâncias no deserto, acostumando-se às limitações físicas e climáticas que só um deserto pode impor a quem o desafia.<br><br>Hoje os antropólogos que estudam os bérberes não os classificam como apenas UM povo comum, mas sim <b>um conjunto de povos nômades que tem características sociais e linguísticas bem parecidas</b>, mas que não tem uma definição — até os dias de hoje — como um povo unido em torno de um Estado, apesar de uma identidade cultural bem comum entre as diversas tribos.<br><br>Permitam-me um exemplo rápido de povo que mesmo sem uma nação geograficamente definida, sempre se identificou como povo comum: os judeus, que mesmo expulsos da Palestina na Antiguidade e espalhados por diversos países, mantinham-se ligados por laços culturais e religiosos. Isto mudou com a fundação do Estado de Israel em 1948, mas acho que vocês entenderam bem o exemplo.<br><br>Cabe aqui também citar uma peculiaridade dos bérberes: após a expansão islâmica entre os séculos VIII e IX, muitos se converteram ao islã e transmitiram sua herança religiosa. Hoje podemos dizer que a característica mais comum ao povo bérbere é justamente o islamismo.<br><br>Normalmente os bérberes são classificados de acordo com os dialetos específicos de cada grupo, que também costumam ocupar uma região de forma esparsa ou não. Os três principais grupos berberes — que são também grupos linguísticos — são os <b>tuaregues</b>, os <b>tamazights</b> e os <b>chleuhs</b>. Temos também os chamados bérberes dos oásis, os <b>chaouias</b>, os <b>rifains</b> e os <b>kabyles</b>.<br><br><h2>Os mercadores do deserto</h2>Com o tempo os constantes deslocamentos credenciaram os bérberes à tarefa de comerciantes e principais transportadores de produtos entre a parte central e sul do continente — onde nós temos savanas e florestas tropicais que ficaram isoladas por séculos por conta da proteção do deserto do Saara — com os grandes centros consumidores da Antiguidade.<br><br>
Desnecessário dizer que os principais aliados na árdua tarefa dos berberes em viajar pelo deserto por semanas ou meses sempre foram o camelo e o dromedário, animais que suportam viver nas condições extremas da região.<br><br><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_ujYvvjeiyKmyxgG5Ewm-570k1ncPysVF9WH-9_PVmZtEkarXg81U7zpiiNLcMJhe88WBTaWV54Dxc8bFIPzRVNU2CAdGD9N4PQ_12gxMiEXF-IdYNGKcnH9ip13ScvLbKdBH9Wy_3Yk/s1600/141356-050-3836E4A8.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_ujYvvjeiyKmyxgG5Ewm-570k1ncPysVF9WH-9_PVmZtEkarXg81U7zpiiNLcMJhe88WBTaWV54Dxc8bFIPzRVNU2CAdGD9N4PQ_12gxMiEXF-IdYNGKcnH9ip13ScvLbKdBH9Wy_3Yk/s1600/141356-050-3836E4A8.jpg" data-original-width="1600" data-original-height="1067" /></a></div><center><i>“Sabe aquela piada do camelo que bebida 10 litros de água ‘bem tijolado’?”</i></center><br>Os berberes transportavam e comercializavam de tudo, desde peles de animais selvagens abatidos nas florestas e savanas, marfim, cerâmicas, lanças, pedras preciosas e até escravos, capturados depois de batalhas entre as tribos sub-saarianas e vendidos no Egito, na Núbia e no Oriente Médio.<br><br>Normalmente os berberes faziam a ponte entre as mercadorias produzidas pelos ashantis, bantos, songhais, haussas e bambaras, entre outros povos sub-saarianos e da região do <b>sahel</b> — aquela região logo abaixo do Saara que precede as florestas africanas — para outras regiões e vice-versa, garantindo a circulação de muitos produtos entre o continente africano e o Oriente Médio, abastecendo de especiarias as cidades litorâneas do Mediterrâneo, do Atlântico e da Península Arábica.<br><br><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuJrMG-ukWyi7o1iNrtSDOeTfDaGu0rwNoaBd01bDu_qTLxeY3hcIJEUR-n8SB9UI7I47nJlJ9magQ7pWPpafCLy7Ncny9KCvb0co_uIMqf5F1EBOEfaJriIp-_8IfdY8KN3Q0VhSac8c/s1600/Mercado_Especiarias_Marrocos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuJrMG-ukWyi7o1iNrtSDOeTfDaGu0rwNoaBd01bDu_qTLxeY3hcIJEUR-n8SB9UI7I47nJlJ9magQ7pWPpafCLy7Ncny9KCvb0co_uIMqf5F1EBOEfaJriIp-_8IfdY8KN3Q0VhSac8c/s1600/Mercado_Especiarias_Marrocos.jpg" data-original-width="600" data-original-height="398" /></a></div><center>Mercado de especiarias em Marrocos. Há séculos abastecido pelos berberes.</center><br><h2>Fontes:</h2>Quando pesquisava para escrever sobre o assunto, encontrei dois textos bem interessantes sobre os povos berberes, e deixo como fontes:<br>- "<a href="https://margaridasantoslopes.com/2012/04/07/tuaregues-guia-dos-homens-livres/" target="_blank">Tuaregues: Guia dos 'Homens Livres'</a>", da Margarida Santos Lopes;<br>- “Os Berberes na Antiguidade” [<a href="http://civilizacoesafricanas.blogspot.com/2011/03/os-berberes-na-antiguidade-1-parte.html" target="_blank">primeira parte</a>] e [<a href="http://civilizacoesafricanas.blogspot.com/2011/03/os-berberes-na-antiguidade-2-parte.html" target="_blank">segunda parte</a>], de Valter Pitta.Vinicius Cabralhttp://www.blogger.com/profile/02972282144353255052noreply@blogger.com1Deserto do Saara23.4162027 25.66283-8.236630574495905 -9.49342 55.069035974495904 60.81908tag:blogger.com,1999:blog-5563839915167134879.post-18401566092379870912020-06-09T18:00:00.002-03:002020-08-27T11:47:06.131-03:00A França Antártica<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuPO83Iz_ssHdJJvZvWZRL7GQYeoNuUu2ZkF_77rxXM5D4uCfj4F7dPlmXuhGbmLFkAZmEl4C31QrqOdeZIE4QpGxDoQ4RRPb9CixGljHO29zXYceXbb1q41duwCzZUIfKDsIsST1rLPs/s1600/F_A-01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjuPO83Iz_ssHdJJvZvWZRL7GQYeoNuUu2ZkF_77rxXM5D4uCfj4F7dPlmXuhGbmLFkAZmEl4C31QrqOdeZIE4QpGxDoQ4RRPb9CixGljHO29zXYceXbb1q41duwCzZUIfKDsIsST1rLPs/s1600/F_A-01.jpg" data-original-width="750" data-original-height="544" /></a></div><center>Mapa da Baía de Guanabara, ou melhor… da França Antártica.</center><br><br><b>A França Antártica pode ser entendida como a tentativa de colonização de parte da atual região do município do Rio de Janeiro</b> — mais precisamente, a região e as proximidades da Baía de Guanabara — pelos <b>franceses</b>, que instalaram-se, em 10 de novembro de 1555, na ilha de Serigipe (atual Ilha de Villegagnon), construindo ali uma fortificação que ficou conhecida como Forte Coligny.<br><br>A expedição responsável por alcançar a Baía de Guanabara foi comandada por <b>Nicolas Durant de Villegagnon</b>, que já havia explorado anteriormente a região de Cabo Frio e feito contato com os nativos tamoios. Neste contato, Villegagnon teve conhecimento da relação dos portugueses com os tupinambás, que na época habitavam a região do Rio de Janeiro. Esta relação não era nada amistosa, e o francês aproveitou para semear boas relações com as duas tribos.<br><br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Links horizontal -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="9104490679"
data-ad-format="link"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br><br>Como os portugueses evitavam os tupinambás, os franceses escolheram a região, certamente para evitar conflitos com seus pares europeus. A ideia de Villegagnon era fundar uma colônia francesa no local, para aí sim construir um porto que funcionaria como entreposto comercial. Só que antes disso ele precisava convencer o rei da França que a empreitada daria certo...<br><br><h2>10 mil libras, prisioneiros e uma “despistada”</h2>Villegagnon voltou para a França com uma valorosa carga, resultado do escambo com os nativos em Cabo Frio. Lucrou com a venda e após uma demorada explicação para o rei Henrique II, convenceu o soberano de que uma colônia em território português seria algo viável.<br><br>Naquela época, apesar do <a href="https://www.historiazine.com/2019/12/cabral-descobriu-o-brasil-ou-veio-aqui-tomar-posse.html">Tratado de Tordesilhas</a> — que praticamente dividia o continente americano entre portugueses e espanhóis —, franceses e holandeses também buscavam conquistar terras no “Novo Mundo”. Sobre este assunto, recomendamos a leitura do texto linkado acima, sobre o Tratado de Tordesilhas.<br><br>Continuando nosso texto… O rei investiu cerca de 10 mil libras na expedição de Villegagnon, valor considerado pequeno na época. Como precisava de uma tripulação — pois ele não tinha tanto dinheiro para contratar muitos marinheiros e não encontrava quem estivesse com vontade de encarar a viagem, mesmo com a promessa de pagamento — Villegagnon percorreu várias prisões francesas prometendo liberdade aos que aceitassem fazer parte da viagem.<br><br>E para despistar o ministro português em serviço na França, Villegagnon mandou espalhar o boato de que sua expedição iria para a Guiné, na costa africana.<br><br>Talvez por causa dos presos libertos que seguiram na expedição, ou talvez pela precariedade das instalações e da quantidade de trabalho em território português, Villegagnon teve alguns problemas com a disciplina de seus comandados, pois algumas exigências feitas a alguns franceses pelo comandante — como o casamento forçado com as nativas — não foram atendidas por alguns comandados.<br><br>Vários acabaram fugindo para as matas e passaram a viver com os nativos.<h2>No caminho dos franceses, muitas dificuldades</h2>Imaginem-se chegando por mar na Baía de Guanabara. Os morros que mais tarde seriam conhecidos como Pão-de-Açúcar e Corcovado ao fundo. Uma bonita imagem colocando a floresta, o asfalto, o concreto e o mar em contato quase indefinível. Onde começa e onde termina cada um? Bonito, não é? Agora façam o favor, pois nós estamos falando de 1555: retirem mentalmente TODOS os prédios, o asfalto, e deixem apenas a floresta e o mar. Imaginaram? Fica mais ou menos assim:<br><br><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSOt95THrsGcG8pAKOjaG-rxPn7v0sSZunw3rZ0rkDUBGvXQyaB2boJEHYcKUAjEme3KeW9raSMHLxGxFIRduHv0hVu3CZ6qFMj-6BdcQbYMeiS89tRgvaD1YNlsJu0cmf-Jxvtmao7_o/s1600/o-RIO-570.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgSOt95THrsGcG8pAKOjaG-rxPn7v0sSZunw3rZ0rkDUBGvXQyaB2boJEHYcKUAjEme3KeW9raSMHLxGxFIRduHv0hVu3CZ6qFMj-6BdcQbYMeiS89tRgvaD1YNlsJu0cmf-Jxvtmao7_o/s1600/o-RIO-570.jpg" data-original-width="570" data-original-height="391" /></a></div><center>Descrição: montagem do que seria a região da praia de Botafogo, Pão-de-Açúcar ao fundo, sem qualquer casa, prédio ou outra intervenção humana. Só mato.</center><br><br>Pois este foi o cenário encontrado pelos franceses. Agora coloquem na floresta milhares de nativos completamente acostumados à vida que levavam antes da chegada do “homem branco”. E um forte para a defesa, casas e outros abrigos para construir pois, como eu disse, eles não vieram à passeio, e sim construir uma colônia.<br><br>Os franceses até receberam ajuda dos nativos no começo da empreitada, mas com o tempo os <i>espertos</i> nativos perceberam que os franceses não estavam com muita vontade de <i>pegar no pesado</i> e pararam de ajudar.<br><br>Assim, em alguns meses Villegagnon solicitou ao rei francês um efetivo de 3 a 4 mil soldados profissionais, operários para ajudar nas construções e algumas centenas de mulheres para casar com os franceses que aqui viviam. O rei, entretanto, estava impossibilitado de atender às solicitações de Villegagnon. Mesmo com todas estas dificuldades, em 1556 os franceses instalaram uma colônia em terra firme, batizada de <b>Henriville</b>, em homenagem ao rei francês.<br><br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Texto - 16/12/19 -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="1659883022"
data-ad-format="auto"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br><br><h2>A resposta portuguesa</h2>Na falta de ajuda da Coroa francesa, em 1556 cerca de 300 <b>calvinistas</b> exilados em Genebra foram até o encontro de Villegagnon, mas a intenção também era a de transformar o local em uma colônia protestante, transferindo milhares de franceses perseguidos pelos conflitos religiosos na França.<br><br>Villegagnon acolheu o pequeno reforço com entusiasmo, mas as dificuldades eram tantas que os calvinistas retornaram à França e ainda por cima acusaram Villegagnon, que teve que voltar à Europa para esclarecimentos junto à Coroa.<br><br><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXAJri-RvWXePZlYgfLAQ9S42jkbgaT1CqSVlVgQ7e93P219k0q2DTfl2UbcOYYOSGDV0IE0UNKb9sdQ1s79Q4ppcIrIwei_QI4g3wDMxHRJXa-LagxK3CZSz59sBjNa0kT9kT_R558Uo/s1600/mem-de-sa.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXAJri-RvWXePZlYgfLAQ9S42jkbgaT1CqSVlVgQ7e93P219k0q2DTfl2UbcOYYOSGDV0IE0UNKb9sdQ1s79Q4ppcIrIwei_QI4g3wDMxHRJXa-LagxK3CZSz59sBjNa0kT9kT_R558Uo/s1600/mem-de-sa.jpg" data-original-width="200" data-original-height="250" /></a></div>Em 1559, o Governador Geral do Brasil, <b>Mem de Sá</b> (ao lado), recebeu ordens da coroa portuguesa para que expulsasse os franceses do local, pois aquelas terras eram garantidas pelo Tratado de Tordesilhas.<br><br>As forças portuguesas chegaram à Baía de Guanabara dia 21 de fevereiro, mas apenas em 15 de março Mem de Sá mandou um ultimato aos franceses que, uma vez não atendido, custou o domínio do Forte Coligny aos invasores.<br><br>Porém, por não ter um efetivo de soldados tão grande, Mem de Sá acabou não deixando uma guarnição para cuidar do local, e também não perseguiu os franceses que fugiram por terra firme e se esconderam nas matas. O comércio francês continuou com os nativos em terra firme.<br><br><b>Estácio de Sá</b>, sobrinho de Mem de Sá, quando foi à corte levar notícias da destruição do Forte Coligny, recebeu da regente D. Catarina da Áustria a missão de fundar uma cidade na região, para auxiliar na ocupação do território. Estácio de Sá recebeu o título de Capitão-mor, poderes e instruções da Coroa para expulsar definitivamente os franceses dali.<br><br>Em 1564, já no Brasil, Estácio de Sá recebeu em sua frota o reforço do Capitão Belchior de Azevedo e do chefe <b>Araribóia</b>, à frente de guerreiros temiminós, inimigos dos tamoios.<br><br>Finalmente, a 1º de março de 1565, após algumas batalhas contra os franceses que já duravam desde o dia 6 de fevereiro de 1564, Estácio de Sá desembarcou numa estreita praia entre o morro do Pão-de-Açúcar e o morro Cara de Cão, iniciando imediatamente a construção de uma paliçada — onde hoje é Fortaleza de São João — e declarou fundada a <b>cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.</b><br><br><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjy9mtWN0NKJJFe8J4MOeWa_0GWVg9hJTmiuD1MNNrJHN8KOl_h2wwiUwOxTGP4kSsdVmVPf4dD0gEJITBH7BRGGQnIuNg-gmgniM7gZve3hNAP2KkKNoWnZBsD4FZljhYuVoEdUGuum4I/s1600/fundacao-rio-de-janeiro.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjy9mtWN0NKJJFe8J4MOeWa_0GWVg9hJTmiuD1MNNrJHN8KOl_h2wwiUwOxTGP4kSsdVmVPf4dD0gEJITBH7BRGGQnIuNg-gmgniM7gZve3hNAP2KkKNoWnZBsD4FZljhYuVoEdUGuum4I/s1600/fundacao-rio-de-janeiro.jpg" data-original-width="1024" data-original-height="673" /></a></div><center>Quadro “Fundação da Cidade do Rio de Janeiro”, de Antonio Firmino Monteiro.</center><br>Ainda com os primeiros muros da fortaleza sendo levantados, a recém-fundada cidade sofreu um assalto por mar, a 6 de março, desfechado por três naus francesas e mais de cento e trinta canoas de guerra de Cabo Frio. Após alguns dias resistindo ao assalto, Estácio de Sá decidiu passar ao contra-ataque, repelindo as embarcações francesas.<br><br>Em 24 de julho de 1565 foi realizada a cerimônia de posse da cidade, mesmo com algumas batalhas ainda sendo travadas entre os nativos e os portugueses.<br><br>A região foi dividida em trinta e três sesmarias, e em 1566, mais vinte e duas sesmarias foram concedidas na região, algumas inclusive ficando a cargo de alguns franceses que não resistiram aos portugueses.<br><br>Em 1567 não havia mais nenhum vestígio da ocupação francesa iniciada por Villegagnon, toda a região estava sob controle português.<br><br><h2>Você sabia?</h2>- <b>“Carioca”</b>, palavra habitualmente empregada para denominar aqueles nascidos na cidade do Rio de Janeiro, quer dizer “casa de branco” em tupi-guarani (kari-oca).Vinicius Cabralhttp://www.blogger.com/profile/02972282144353255052noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5563839915167134879.post-68500898781304850532020-06-01T18:09:00.000-03:002020-06-01T18:09:05.870-03:00Viva o Folclore brasileiro!<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiv-pbGKnoz7bcxM7bv4nNF2P4ym_cfcQEdbmYXtQo-HD3MReoHU__6I7HvgpIJ1aAOM607sXj8IKsgzyCNxE4Qkx-VCkXsAl-uXoYpaRvL50hC05obRdPyvC5IIOzCYjTh_OeyQ3VxnXQ/s1600/conto_03_by_gabrielmelo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiv-pbGKnoz7bcxM7bv4nNF2P4ym_cfcQEdbmYXtQo-HD3MReoHU__6I7HvgpIJ1aAOM607sXj8IKsgzyCNxE4Qkx-VCkXsAl-uXoYpaRvL50hC05obRdPyvC5IIOzCYjTh_OeyQ3VxnXQ/s1600/conto_03_by_gabrielmelo.jpg" data-original-width="886" data-original-height="531" /></a></div><br>Todo ano, na época do “halloween”, podemos constatar, entre brasileiros, algumas manifestações contrárias a esta festa. É simples: o costume veio dos EUA e nós estamos no Brasil. Portanto, deveríamos valorizar a cultura nacional.<br><br>Eu acho que a reclamação é, até certo ponto, justa. Mas talvez as pessoas que reclamam estejam querendo chamar atenção na época errada, já que nós temos o <b>Dia do Folclore Brasileiro</b>, que é festejado em <b>22 de agosto</b>.<br><br>Acho justíssimo a valorização da cultura tupiniquim. Como experiência pessoal, posso dizer que eu cresci na década de 1980 tendo contato com todo este conjunto de lendas e mitos brasileiros, principalmente na escola (e estudando em um colégio religioso, vejam só!).<br><br>Outro fato que temos que destacar é que em várias culturas a veneração aos mortos toma ares festivos, bem diferente do que acontece aqui no Brasil com a celebração aos “finados” tão pesada, forçada na tradição católica apostólica romana. Temos, como exemplo, o “Dia de los Muertos”, que é comemorado no México. E nunca é demais lembrar a veneração de várias culturas da antiguidade aos mortos e à vida além-túmulo. Muitos povos mantém estes costumes até hoje!<br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Links horizontal -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="9104490679"
data-ad-format="link"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br><h2>E a Cultura Nacional? O nosso Folclore?</h2>Bom, a intenção do texto é falar um pouco das nossas lendas, então vamos a elas!<br><br>Pesquisando um pouco mais a fundo, acabei topando com <a href="https://brasilescola.uol.com.br/folclore/assassinando-as-lendas-brasileiras.htm" target"_blank">um texto interessante da Letícia de Castro</a>, onde ela dizia o seguinte:<br><br><h3>“<i>Nosso folclore está morrendo, as fábulas e contos que nos levavam para o mundo imaginário através da literatura ou de estórias contadas no intuito de um universo de aprendizado interior. A magia dos contos foi se consumindo ao longo dos tempos e em casa os pais já não contam lendas como, por exemplo, a do saci Pererê, Iara, Corpo-seco, Boitatá entre outras inúmeras lendas folclóricas. Em muitas cidades ainda persistem tais contos como um fator cultural e importantíssimo na riqueza de nosso país, hoje devastado por culturas tecnológicas, entre tantas que se reduzem à modernidade de um mundo consumista e não mais com o brilho da leitura ou de estórias contadas pelos pais ou avós.</i>”</h3><br><br>A Letícia está certa. Sinto isto no dia-a-dia, as pessoas mais jovens que eu — vá lá, a geração que hoje está com 20 anos, ou menos — não conhece boa parte da nossa cultura.<br><br>Saci? Conhecem porque hoje algumas crianças ainda assistem Sítio do Pica-Pau Amarelo. Curupira? Boitatá? Mãe-D’Água? Mais do que lendas, hoje são estórias perdidas no meio de várias outras. Parte disto é culpa da internet, que nos coloca em contato com a cultura do mundo todo a um clique. E veja bem, essa <i>culpa</i> não é algo necessariamente ruim.<br><br>Por isso, antes de querer dissecar as lendas brasileiras, buscar suas origens de forma mais detalhada (muitas lendas vieram com os colonizadores europeus e os escravos africanos), vamos citar aqui cinco lendas que, na minha época de moleque, davam aquele frio na espinha, seja pela estória sombria, ou pelo inusitado da coisa.<br><br><h2>Saci-Pererê</h2><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNoAE7NL4_iMLZqyyVYLAgzP51yakfSneC0gaMNBajxq7A9uE2ottQ_SQRD89gaFvkyvCUtF1t9d2p8O3AZhRs4lNY1luwDeAsNLY1XOkAdD7T7DFWwf4nooTBIQ1bOzrZmdTaHFnm6Ro/s1600/saci_perere.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhNoAE7NL4_iMLZqyyVYLAgzP51yakfSneC0gaMNBajxq7A9uE2ottQ_SQRD89gaFvkyvCUtF1t9d2p8O3AZhRs4lNY1luwDeAsNLY1XOkAdD7T7DFWwf4nooTBIQ1bOzrZmdTaHFnm6Ro/s320/saci_perere.jpg" width="320" height="243" data-original-width="379" data-original-height="288" /></a></div>O Saci é representado por um garoto negro com apenas uma perna. Sempre está com um cachimbo na boca, chamado de “pito”, e usa um gorro vermelho que, dependendo do local onde a lenda é contada, pode ser o responsável pelos poderes do Saci — ele pode ficar invisível ou se esconder no meio de um redemoinho de vento.<br><br>Nas casas e fazendas do interior, é creditado ao Saci tudo de errado que acontece, desde o fogo que se apaga no fogão à lenha, até os objetos que desaparecem ou trocam de lugar.<br><br>Chegado numa travessura, o Saci também é acusado de afugentar os animais e fazer tranças nas crinas dos cavalos à noite, que são impossíveis de serem desfeitas, forçando o dono do animal a cortar a crina.<br><br>Vindo das tradições africanas, o Saci teria perdido sua perna jogando capoeira. Em alguns lugares a lenda diz que os sacis nascem do gomo do bambu, onde são gerados por 7 anos. Após nascer, o Saci vive por 77 anos atormentando os homens.<br><br><h2>Mula-sem-cabeça</h2><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiu8IVyhRJatoc7NVPOappQMDWMpEKqTdOl3gEioIrRsxq8nkSc8xJnckEx7TCjDjmleAKEOPK5Tevs2S42qX7IZMN39Ca_ft_6Ef6thJpZU5EaAfD37bxcjJiFNmQFDh0jfiifjkwUeRU/s1600/mulasemcabe%25C3%25A7a.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiu8IVyhRJatoc7NVPOappQMDWMpEKqTdOl3gEioIrRsxq8nkSc8xJnckEx7TCjDjmleAKEOPK5Tevs2S42qX7IZMN39Ca_ft_6Ef6thJpZU5EaAfD37bxcjJiFNmQFDh0jfiifjkwUeRU/s1600/mulasemcabe%25C3%25A7a.jpg" data-original-width="720" data-original-height="522" /></a></div><center><i>Calma, não precisa se assustar, não estamos falando do Biruleibe...</i></center><br>Também chamada de “Mulher de Padre”, “Mula de Padre”, “Mula Preta”, entre outros nomes, a Mula sem Cabeça teve sua origem como uma lenda católica. A “mula” seria simplesmente uma mulher que havia se apaixonado por um padre e, por causa disso, se transformou neste “monstro”, cuja cabeça é cortada e no lugar há uma labareda de fogo (em algumas versões, o rabo da mula também é de fogo).<br><br>A versão que eu ouvia quando garoto era que a mula na verdade era um padre que, apaixonado por uma mulher, seria amaldiçoado virando a mula durante a lua cheia - ou seja, praticamente o inverso do que eu escrevi acima. E a mula corria de forma ininterrupta durante o tempo em que a lua estivesse no céu, pouco se importando com o que, ou quem estivesse na frente.<br><br>Diferenças de narrativa à parte, uma forma de desfazer a maldição é retirando, com uma agulha virgem, pelo menos uma gota de sangue da mula. Mas como a mula não para de correr…<br><br>É interessante notar como certas lenda são criadas para servir como proibições, assim como no caso da manga e do leite — que servia para manter os escravos longe do leite da fazenda, ou das plantações de manga — a lenda da mula servia como proibição às mulheres, que deveriam ver os padres como homens intocáveis, pois o amor e o desejo por um <i>homem santo</i> seria punido com uma maldição.<br><br><h2>Curupira</h2><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjH9JQpQGv9ibZ1XbOeSEBt5O8N0PVCd5vX9Gzo-6QwoZbHCo6fXW-ZcSxDYt2sE0eTw-9PH3BozXaADLqn4Cbb4Z_e-hJqpO_DZocGtEpj22VowWBYH2jSjiJH0z3Zt4MsGDXP8VyDTJ0/s1600/curupira.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjH9JQpQGv9ibZ1XbOeSEBt5O8N0PVCd5vX9Gzo-6QwoZbHCo6fXW-ZcSxDYt2sE0eTw-9PH3BozXaADLqn4Cbb4Z_e-hJqpO_DZocGtEpj22VowWBYH2jSjiJH0z3Zt4MsGDXP8VyDTJ0/s320/curupira.jpg" width="229" height="320" data-original-width="573" data-original-height="800" /></a></div>O Curupira parece um pequeno demônio, mas na verdade é um grande protetor das florestas. Normalmente retratado como um garoto que tem os pés virados para trás — com a intenção de confundir os caçadores — o Curupira é uma lenda tipicamente nativa do Brasil.<br><br>Os índios brasileiros costumavam colocar a culpa do insucesso nas caçadas na ação do Curupira, que ajudaria os animais a fugir, desorientando o caçador. Outras versões dizem que o Curupira só deixa o homem tirar da mata aquilo que é estritamente necessário para sua sobrevivência, punindo os excessos.<br><br>E quando o homem branco veio explorar nossas florestas, a lenda do Curupira ganhou mais vida, pois nesta época começou a caça desordenada e o desmatamento provocado pelas primeiras grandes plantações no país. O Curupira geralmente era culpado por desorientar aquele que entrasse na mata com intenção de causar algum mal.<br><br>O Curupira normalmente é confundido com o Caipora, outro personagem com características quase idênticas… a diferença é que o Caipora tem os pés normais.<br><br><h2>Boitata</h2><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbG3_CPdmZqkp_Xq6kWFPL6bRoFtp8xc0aPKx7ZUamDDjLcT4fStony3brOMTKI2mlGme21skmn_AwylYGvzE0kd6FBvqrBwJTZr9f7TeRtE1QJvO9XhJKv8K8TKBbT4OB_iW5RgDo0ag/s1600/boitata.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjbG3_CPdmZqkp_Xq6kWFPL6bRoFtp8xc0aPKx7ZUamDDjLcT4fStony3brOMTKI2mlGme21skmn_AwylYGvzE0kd6FBvqrBwJTZr9f7TeRtE1QJvO9XhJKv8K8TKBbT4OB_iW5RgDo0ag/s320/boitata.png" width="216" height="320" data-original-width="430" data-original-height="637" /></a></div>O Boitata ou “mboitata” é uma grande cobra que solta fogo pela boca e, em alguns locais, também é considerada uma cobra de fogo.<br><br>Em tupi, mboi significa cobra e tata, fogo.<br><br>A lenda foi citada pela primeira vez em um texto do padre José de Anchieta em 1560, como uma entidade protetora das florestas contra os incêndios. “<i>Mas como assim, se ela é uma cobra de fogo? Ela deveria colocar fogo na floresta!</i>”<br><br>Aí é que tá, gafanhoto, o fogo do Boitata é mágico, só queima quem tenta incendiar a mata, e não apaga quando a cobra vai para dentro d’água!<br><br>No fundo, a lenda é a explicação dos nativos brasileiros para os incêndios espontâneos que aconteciam nas matas, tanto que no nordeste o Boitata também é conhecido como “fogo corredor”.<br><br><h2>Mapinguari</h2><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgf2P0jAkYrblkBTuA4k-sJCnRcNITlIwKU3o5z90ABWOhn7irs_a5rPFPElCNuxbv3TILtnpKqBcVgIo8JIuahGP9bu8RcShQQ4mxSm7eBGo1PUNvA9mb5mrnJl2DlyRg7MbWViNpwCMo/s1600/Mapinguari.png" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgf2P0jAkYrblkBTuA4k-sJCnRcNITlIwKU3o5z90ABWOhn7irs_a5rPFPElCNuxbv3TILtnpKqBcVgIo8JIuahGP9bu8RcShQQ4mxSm7eBGo1PUNvA9mb5mrnJl2DlyRg7MbWViNpwCMo/s320/Mapinguari.png" width="271" height="320" data-original-width="591" data-original-height="697" /></a></div>O Mapinguari é um monstro amazônico, muito comum nas lendas do Acre, Amazonas e Pará.<br><br>Alguns relatos dizem que o monstro tem um olho só na cara e uma boca gigante na barriga, enquanto outros falam que o bicho tem um olho na barriga (ao invés da boca), ou uma boca na vertical.<br><br>O fato é que o Mapinguari é bem assustador, concordam? Ele tem o costume de caçar as pessoas que se embrenham nas florestas, atacando qualquer um que passe pelo seu caminho.<br><br>Diferente das outras lendas, o Mapinguari é mal, não está preocupado em proteger a floresta, sua intenção é matar e se alimentar.<br><br>Quando eu pesquisei melhor sobre esta lenda, algumas imagens do Mapinguari lembram, de longe, a preguiça-gigante e o <a href="https://pt.wikipedia.org/wiki/Megat%C3%A9rio#mediaviewer/File:Megatherum_DB.jpg" target="_blank">megatério</a>, dois animais que viveram onde hoje é o território brasileiro, durante a pré-história, e podem ter influenciado estas lendas.<br><br><center><b>- - - - - - - - - -</b></center><br><br>E vocês, o que acharam da lista? Deixei de fora a Mãe D’Água, o Boto, a Cuca, o Negrinho do Pastoreio e o Lobisomem, só para ficar em alguns exemplos que poderiam ter entrado neste texto.<br><br>Conhecem alguma lenda que não está nesta lista? Conhece alguma particularidade destas lendas que ficou de fora da descrição? Conte aí nos comentários!<br><br>Ah, apenas como crédito, a imagem que abre o texto é obra do <a href="https://www.deviantart.com/gabomelo/art/Tupinambas-160514432" target="_blank">GaboMelo</a>.Vinicius Cabralhttp://www.blogger.com/profile/02972282144353255052noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5563839915167134879.post-37764449280343955502020-05-12T18:00:00.001-03:002021-03-16T14:07:09.734-03:00Escola de Sagres: Lenda ou Realidade?<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2HAPWCQwId4hYEkYtUVupX3c5yduaX45FazQPnX0kDqL5QL9MCXt9gLMPzMBF0gnwXlHFpwHqoaviXGnaQuMpnsMb8rMzMOg0v8BJ-RAvBVg_W6EpRr_DlTNgoGnyzYSl_fb1uj29Az4/s1600/sagres.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2HAPWCQwId4hYEkYtUVupX3c5yduaX45FazQPnX0kDqL5QL9MCXt9gLMPzMBF0gnwXlHFpwHqoaviXGnaQuMpnsMb8rMzMOg0v8BJ-RAvBVg_W6EpRr_DlTNgoGnyzYSl_fb1uj29Az4/s1600/sagres.jpg" data-original-width="1600" data-original-height="681" /></a></div><br>Quando falamos dos grandes descobrimentos marítimos europeus do início da Idade Moderna, alguém sempre cita a <b>Escola de Sagres</b>, instituição que teria sido fundada pelo <b>infante d. Henrique</b> ainda no século XV e que foi a principal responsável pelo sucesso português nas navegações e <i>descobrimentos</i> da época.<br><br>Mas a escola realmente existiu?<br><br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Links horizontal -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="9104490679"
data-ad-format="link"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br><br><h2>Lenda ou Realidade?</h2><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4-VvYLv_1tdDXY5uAjmt4AX9ctJRNaOMWqRP5gB8roCfpK6_oiyjeb_7NhFxoL-0SL5rxhrqSFZ7EISoJTZPYcpBgpn6roo1Oc6yQB_p5c9UwlwjOFOBIrJog5Oxwb6vHZFp7Y3xF1OI/s1600/mapa-sagres.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4-VvYLv_1tdDXY5uAjmt4AX9ctJRNaOMWqRP5gB8roCfpK6_oiyjeb_7NhFxoL-0SL5rxhrqSFZ7EISoJTZPYcpBgpn6roo1Oc6yQB_p5c9UwlwjOFOBIrJog5Oxwb6vHZFp7Y3xF1OI/s320/mapa-sagres.jpg" width="137" height="320" data-original-width="300" data-original-height="700" /></a></div>Em 1443 o infante d. Henrique pediu a seu irmão, d. Pedro — que era o regente português na época (e por favor não confundam com o d. Pedro que foi imperador do Brasil alguns séculos depois) — a permissão para fundar uma vila na região de Sagres.<br><br>Na época Sagres era uma área inóspita, pouco povoada, mas sua localização geográfica era (e ainda é) perfeita para a instalação de um porto, pois fica bem ao sul de Portugal e <i>de cara</i> para o Atlântico.<br><br>D. Henrique realmente fundou a vila, mas não existe qualquer menção a uma “escola náutica” no local.<br><br>O que existe é a intenção do infante, explícita em uma carta de 1460, em fazer com que a vila seja reconhecida como um ponto de assistência aos navegadores que por ali estivessem de passagem e/ou necessitando de mantimentos ou de abrigo até que as condições de navegação estivessem melhores.<br><br>No local também foi construída a fortaleza de Sagres, que devido à sua posição estratégica, deveria também funcionar como defesa do local.<br><br><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1rTy7UnY0luHtuAQwJ1SBq7L6GKjNm0mdbL2d0ctwLzPfFg4b3CwWO5qPpXdlvcpkTabpgqgT4v6ko8KYsbkTmdhd6Yx5cA0Xip4JHb4uDI3J61-K3iLb6LmkOhRQappgAIv8IXC5OkY/s1600/Fortaleza-de-Sagres.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1rTy7UnY0luHtuAQwJ1SBq7L6GKjNm0mdbL2d0ctwLzPfFg4b3CwWO5qPpXdlvcpkTabpgqgT4v6ko8KYsbkTmdhd6Yx5cA0Xip4JHb4uDI3J61-K3iLb6LmkOhRQappgAIv8IXC5OkY/s1600/Fortaleza-de-Sagres.jpg" data-original-width="720" data-original-height="414" /></a></div><center>Fortaleza de Sagres. Não é porque existe uma fortaleza que vai existir uma escola…</center><br><br>A lenda de Sagres enquanto escola náutica que reunia dezenas de especialistas e formava grandes navegadores cresceu na mesma proporção em que os <i>descobrimentos</i> portugueses tornavam-se cada vez mais fantásticos e importantes para o enriquecimento de Portugal.<br><br>Ou seja: Sagres só foi reconhecida como uma importante escola náutica algumas décadas, ou séculos depois que d. Henrique já havia falecido. Isto fica provado nos escritos de seus contemporâneos, que só citam a construção ou a existência da vila em Sagres, sem citar a escola, enquanto a existência da escola é citada por escritores dos séculos XVI e XVII, que certamente não viveram na mesma época que d. Henrique.<br><br>Já a partir dos séculos XVIII e XIX a historiografia portuguesa começou a contestar a existência da escola, como disse Ayres de Sá em seu livro “Frei Gonçalo Velho”:<br><br><h3>“<i>Não consta a fundação de um observatório e escola em Sagres ou em qualquer outra parte. Não existe o mínimo sinal de antigo edifício desse gênero. Finalmente seria para espantar que uma tão importante inovação passasse despercebida aos próprios biógrafos do infante, seus contemporâneos, e que os sábios estrangeiros fossem, por tal forma, desprezados que nem se lhes sabe os nomes</i>” <b>[1]</b></h3><br>Mesmo contestada, a lenda continuou crescendo entre escritores que consideravam a escola como principal responsável pela expansão marítima portuguesa.<br><br><h2>Realidade ou lenda?</h2>Existiu em Lagos, também ao sul de Portugal, uma espécie de escola que, após décadas de explorações marítimas, acabou reunindo informações náuticas importantes para a expansão portuguesa. De lá saíram os principais navegadores que iniciaram a circunavegação do continente africano e ali as informações relativas aos problemas náuticos que surgiam com as viagens eram apresentados, assim como as soluções encontradas pelos mesmos navegadores ou por outros que acabavam por topar com o mesmo problema.<br><br><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgADdDYobxLkosEhFdYPMhrAvvfeyfdjw7kQbY7ZU3uMg-4Pc8ghyphenhyphenhVJ9YWC59BHngMO39h0ZMWwLPYOjubMJDiFhf4YrhigIjGXUJHqAH2os5ZN53u57D2l7j8VV0Wkb4JYCWnN8gtt5M/s1600/Sagres_02.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgADdDYobxLkosEhFdYPMhrAvvfeyfdjw7kQbY7ZU3uMg-4Pc8ghyphenhyphenhVJ9YWC59BHngMO39h0ZMWwLPYOjubMJDiFhf4YrhigIjGXUJHqAH2os5ZN53u57D2l7j8VV0Wkb4JYCWnN8gtt5M/s1600/Sagres_02.jpg" data-original-width="300" data-original-height="198" /></a></div>Certamente em Lagos nós também tivemos outras importantes trocas de informações. Mapas, anotações sobre o clima dos locais descobertos, a posição das estrelas, as marés etc…<br><br>Talvez Sagres tenha recebido os louros de toda esta informação que era compartilhada em Lagos, onde realmente houve um movimento que contribuiu para as navegações portuguesas.<br><br><b>Mas talvez não tenha sido exatamente assim. Segundo alguns historiadores, Sagres foi uma empreitada templária em Portugal.</b> Quando d. Henrique conquistou Ceuta em agosto de 1415, apoiado por uma esquadra de 200 navios, ele foi nomeado pelo Papa Martinho V como “Príncipe Ecumênico e Administrador Apostólico” da Ordem Militar da Cavalaria de Nosso Senhor Jesus Cristo, ou simplesmente a <b>Ordem de Cristo.</b><br><br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Texto - 16/12/19 -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="1659883022"
data-ad-format="auto"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br><br>Esta seria herdeira da <b>Ordem dos Templários</b>, extinta em 1312 pela própria Santa Sé. Os rendimentos da Ordem de Cristo teriam ficado à disposição de d. Henrique por decreto do próprio papa, para que as riquezas fossem usadas para financiar novas navegações em nome de Portugal e da Igreja Católica.<br><br>Seria inocência nossa imaginar que em uma vila que tinha como principal objetivo auxiliar navegadores — e até mesmo reuni-los, dependendo da ocasião e do tempo (des)favorável — não teve em suas estalagens, casas e vielas, em algum momento, alguns navegadores reunidos trocando informações sobre suas viagens, como faziam em Lagos.<br><br>Talvez daí venha a lenda de Sagres como uma “escola”, pois a troca de conhecimento não é a primeira função de uma instituição de ensino?<br><br>Sagres pode ter sido romanceada por escritores portugueses através dos séculos e sofrido com o exagero da narrativa, mas certamente há um pouco de <i>verdade</i> em toda esta história.<br><br>Nós, historiadores, lidamos com fatos e provas materiais, além de reconhecer e analisar as tradições orais. Não existe hoje, nem na região sequer nos registros históricos portugueses, menções à escola feitas por contemporâneos de d. Henrique, muito menos provas materiais no local — uma construção ou ruína que seja — que comprove a existência de Sagres enquanto escola náutica.<br><br>Sendo assim, nós não podemos considerar a Escola de Sagres como uma verdade histórica absoluta. Ela faz parte das lendas portuguesas e assim será até que alguém prove ao contrário.<br><br><h2>Fontes</h2><b>[1]</b> "<a href="https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/acervo/escola-sagres-realmente-existiu-435886.phtml" target="_blank">A Escola de Sagres realmente existiu?</a>", artigo de Luciana Taddeo para a revista Aventuras da História.<br><br>- “<a href="http://cvc.instituto-camoes.pt/navegaport/g19.html" target="_blank">Escola de Sagres</a>”, texto de Luísa Gama para o Instituto Camões (leiam este texto, ele é muito interessante!).<br><br>Os dois links foram verificados dia 12/05/2020.Vinicius Cabralhttp://www.blogger.com/profile/02972282144353255052noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-5563839915167134879.post-67809383582441317732020-05-04T11:34:00.000-03:002020-05-04T11:38:39.579-03:00A Guerra Civil Espanhola<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLb4TAsFY9IiLz0v7ALbGLBtiQAy8PSoM6CtUwC_DzdcNRg0YwSuYeWq5S3gPvr-r0f6USr5CPDqXXLkxfc6yyu85CesWt0lC2-zXuzbdzzJ3mbHYYd8oAg575xwRBi6V2aVOB0hzUWGk/s1600/guernica.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLb4TAsFY9IiLz0v7ALbGLBtiQAy8PSoM6CtUwC_DzdcNRg0YwSuYeWq5S3gPvr-r0f6USr5CPDqXXLkxfc6yyu85CesWt0lC2-zXuzbdzzJ3mbHYYd8oAg575xwRBi6V2aVOB0hzUWGk/s1600/guernica.jpg" data-original-width="1600" data-original-height="681" /></a></div><center>Quadro "Guernica", do genial Pablo Picasso</center><br>Um dos conflitos mais sangrentos do século XX contou com parte dos ingredientes da <a href="https://www.historiazine.com/search/label/Segunda%20Guerra">Segunda Guerra Mundial</a> e também serviu de treinamento para as forças armadas da Alemanha e da Itália. A <b>Guerra Civil Espanhola</b> deixou mais de 500 mil mortos e uma ditadura no poder que durou de 1939 a 1975.<br><br>Mas antes de falar do conflito em si, vamos tentar entender como a Espanha chegou a este ponto? Vamos lá.<br><br><h2>Espanha: país rico no passado, mas o ouro escorreu pelos dedos</h2>Pioneira das grandes navegações iniciadas nos séculos XV e XVI, a Espanha manteve por muito tempo diversas colônias, principalmente na América e na África. Mas com o passar dos anos estas colônias, principalmente as americanas, foram lutando cada uma pela sua independência e a Espanha foi perdendo espaço enquanto Metrópole, além de não conseguir manter tanta influência econômica nestes países que nasceram a partir de suas colônias.<br><br>Culpa, em grande parte, da Inglaterra, dos EUA e até mesmo da França, que em algum momento ajudaram os movimentos de independência e reconheceram estes novos países, tomando a frente das futuras relações comerciais.<br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Texto - 16/12/19 -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="1659883022"
data-ad-format="auto"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br>Um outro agravante que influenciou negativamente a economia espanhola através dos séculos foi <b>o fato do ouro e da prata recolhidos na América não ter financiado o crescimento tecnológico do país.</b> Ao invés de investir em manufaturas e indústrias, os monarcas espanhóis compravam os produtos prontos de países como Inglaterra e França.<br><br>Assim, a balança comercial espanhola uma hora começou a ficar desfavorável, apesar das toneladas de ouro e prata que fluíam da América para a Espanha.<br><br>Quando observamos a Espanha no início do século XX, percebemos que sua <b>economia</b> ainda era majoritariamente <b>agrária</b> e a <b>industrialização, tardia</b>. A situação da maioria da população espanhola era parecida com a população russa antes da revolução de 1917, mas não era assim tão miserável quanto a dos russos, apesar da pobreza dos camponeses e dos operários.<br><br><h2>Da monarquia parlamentar para a ditadura e depois para a república em menos de duas décadas</h2>O parlamentarismo espanhol sofreu um Golpe de Estado em 1923, quando o militar <b>Primo de Rivera</b>, em <i>nome da ordem</i> e para conter a expansão dos sindicatos anarquistas — principalmente os da região da Catalunha — tomou o poder e implantou uma ditadura que durou até 1931, quando, acuado por diversas denúncias de corrupção, Rivera renunciou ao posto.<br><br>O rei Afonso III então tratou de convocar eleições para as municipalidades, que ocorreram em abril de 1931 com vitória dos monarquistas na maioria das grandes cidades. Mas no restante do país a vitória dos republicanos — maioria de partidários identificados com a esquerda — foi esmagadora.<br><br>Já imaginando o cenário meio tumultuado, Afonso III abdicou do trono e um governo provisório ficou encarregado de redigir uma nova constituição, onde a discussão principal era a separação entre Igreja e Estado, já que o clero era culpado pelos republicanos de apoiar os grandes latifundiários e os donos de indústrias contra os sindicatos. Novas eleições foram convocadas para dezembro, e <b>Alcalá Zamora</b> foi eleito presidente e nomeou <b>Manuel Azaña</b> para organizar o governo.<br><br>Azaña era um político moderado e procurou conciliar as reivindicações sindicais com os interesses dos donos da Espanha. Óbvio que esta estratégia não deu certo, pois a Espanha já passava por turbulências: os anarquistas e os esquerdistas, mesmo os mais moderados, atacavam a Igreja e os latifundiários, enquanto estes dois grupos tramavam contra os sindicatos. Não eram simples discussões ideológicas, os grupos opostos chegavam às vias de fato, com mortes e atentados sendo praticados pelos dois lados.<br><br>Os Anarquistas acabaram não apoiando a Esquerda nas eleições parlamentares de 1933. Sem este apoio, a Direita venceu o pleito. Algumas insurreições esquerdistas ocorreram por toda a Espanha, mas a única que teve um real impacto foi a <b>Comuna das Astúrias</b>, que dominou a cidade de Gijón por alguns dias.<br><br>Já em 1936, apoiados pelos anarquistas, a esquerda venceu as eleições. Inflamados pela derrota, a Direita tentou um golpe.<br><br><h2>O início da Guerra Civil</h2><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaCuq-g0sIbVBXndDJRwlzBDxluxg6CqP-8MOtvt0yQy37uwWRwonyg4cHQi_2HP2GB0FLPz8S4ZQOtCxLcBw6I4eYxGj-FS7BJjAn25qayQE8S8ZqmLSlU9ZNMK5HUvFxP6MQn4QgEUQ/s1600/19.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaCuq-g0sIbVBXndDJRwlzBDxluxg6CqP-8MOtvt0yQy37uwWRwonyg4cHQi_2HP2GB0FLPz8S4ZQOtCxLcBw6I4eYxGj-FS7BJjAn25qayQE8S8ZqmLSlU9ZNMK5HUvFxP6MQn4QgEUQ/s320/19.jpg" width="247" height="320" data-original-width="775" data-original-height="1003" /></a></div>A guerra não começou porque os dois lados envolvidos queriam apenas resolver as coisas à bala.<br><br>Além das agitações internas da Espanha, havia também o cenário político-ideológico europeu que não deixava dúvidas: nazi-fascismo ou comunismo, só um deveria sobreviver nesta queda-de-braço (<i>porque diferente do que dizem alguns malucos, são duas ideologias completamente diferentes, ok?</i>).<br><br>O nazi-fascismo já havia vencido na Itália, na Alemanha, em Portugal e já engatinhava na Áustria, enquanto o comunismo mostrava sua força na URSS.<br><br>A Espanha teria que pender para um lado. E assim os militares de direita, liderados pelo general <b>Francisco Franco</b>, orquestraram o golpe que teve início em 17 de julho de 1936, auxiliados pelos latifundiários e pela Igreja, além do apoio bélico maciço de Itália e Alemanha.<br><br>Do outro lado estavam a <b>Frente Popular</b>, base do governo eleito em 1936, apoiado pelos sindicatos, os partidos de esquerda e os simpatizantes do republicanismo, além do apoio bélico da URSS.<br><br>Quando a direita tentou tomar o poder em todo o país, a Espanha ficou dividida. Uma parte acabou controlada facilmente pelas tropas de Franco, os Nacionalistas, e outra parte ficou sob controle dos Republicanos.<br><br>Nestas áreas sob controle dos Republicanos, as terras foram socializadas, os latifundiários e a Igreja perderam suas posses e os simpatizantes da Esquerda lutavam bravamente para conter o avanço nacionalista.<br><br><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgilsuqCJyF1sYqaGMs0cqiGFhC4Z73brxdOxZkgctX4kIYhJhU6iVLtYAb2G7EGzFLoJNFxkqyYJbnjub2z9DcM5nj-z3IAnea3126tXP7h2I6-bm33kDINahOjj2Q9vB38xtHz5GxJbo/s1600/Franco-Hitler.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgilsuqCJyF1sYqaGMs0cqiGFhC4Z73brxdOxZkgctX4kIYhJhU6iVLtYAb2G7EGzFLoJNFxkqyYJbnjub2z9DcM5nj-z3IAnea3126tXP7h2I6-bm33kDINahOjj2Q9vB38xtHz5GxJbo/s1600/Franco-Hitler.jpg" data-original-width="600" data-original-height="458" /></a></div><center>Enquanto o general Franco buscava o apoio de “certas pessoas”, o povo pegava em armas para lutar contra o fascismo…</center><br>Mas a verdade é que a maioria das tropas republicanas eram formadas por milícias que lutavam com as armas que tinham nas mãos, e mesmo com o apoio da URSS, ficava muito difícil manter as linhas de defesa contra as táticas da blitzkrieg, já testadas pelos alemães em solo espanhol.<br><br>Alguns historiadores inclusive concordam com o fato de que o teste final do exército alemão antes da grande expansão territorial nos primeiros anos da Segunda Guerra Mundial foi a Guerra Civil Espanhola.<br><br><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsnHIuROvrrpRBHe7brCfbzMvC4hiGv7HPKJMblSurdQpbtveCIcISD_xr_DkAu9wkCnXHIJTujMKXKOV4S4AwW1lNNjtEcbaTeCzvjqE7gRwLMNo4YvV6MU0i0rbeNufI5cWzMB4_j2M/s1600/guerra-civil-espanola-agosto-septiembre-1936.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjsnHIuROvrrpRBHe7brCfbzMvC4hiGv7HPKJMblSurdQpbtveCIcISD_xr_DkAu9wkCnXHIJTujMKXKOV4S4AwW1lNNjtEcbaTeCzvjqE7gRwLMNo4YvV6MU0i0rbeNufI5cWzMB4_j2M/s1600/guerra-civil-espanola-agosto-septiembre-1936.png" data-original-width="614" data-original-height="437" /></a></div><br>Com o tempo as regiões republicanas foram perdendo forças. O mapa acima mostra a situação logo no início da guerra, ainda em 1936. Em outubro de 1937 os Nacionalistas já haviam tomado todo o norte e toda a região mais ao sul, onde fica Málaga e Sevilla, além de Granada.<br><br>Já em novembro de 1938 só sobravam aos Republicanos as regiões de Valencia, Alicante, Madri, Barcelona e Gerona.<br><br>Ao estudar este conflito é comum ler sobre as atrocidades cometidas pelas tropas do general Franco. Cidades foram arrasadas e muitas pessoas morreram em bombardeios e execuções sumárias, além da fome, comum nestes conflitos. Afinal, era uma guerra. Um dos maiores protestos contra as atrocidades franquistas foi pintado pelo genial Pablo Picasso. O quadro “Guernica”, que abre este texto, representa o cruel bombardeio que a cidade sofreu em 26 de abril de 1937.<br><script async src="https://pagead2.googlesyndication.com/pagead/js/adsbygoogle.js"></script>
<!-- Links horizontal -->
<ins class="adsbygoogle"
style="display:block"
data-ad-client="ca-pub-5231292265723788"
data-ad-slot="9104490679"
data-ad-format="link"
data-full-width-responsive="true"></ins>
<script>
(adsbygoogle = window.adsbygoogle || []).push({});
</script><br>A Guerra Civil espanhola também teve <i>testemunhas ilustres</i>. Além de Picasso e Dalí, George Orwell — aquele mesmo, do famoso livro “1984” — após vagar por Paris e Londres, foi em 1936 para a Espanha integrar a Frente Popular e lutou ao lado dos republicanos. Ernest Hemingway foi cobrir a Guerra Civil para um jornal dos EUA e também acabou pegando em armas a favor dos republicanos. Federico Garcia Lorca, um dos principais escritores espanhóis, foi fuzilado por franquistas no início do conflito, em Granada.<br><br>O último grande reduto republicano a cair foi Madri, em 26 de março de 1939. Restaram, sem muita força, Valencia e Alicante, que se renderam em 30 de março, e a cidade de Murcia rendeu-se dia 31.<br><br>Em 1º de abril de 1939 deu-se início ao regime franquista, que comandou a Espanha até 1975, quando o general Franco enfim morreu e deixou um país cheio de diferenças ideológicas, sentimentos de independência de algumas regiões e feridas abertas até hoje.<br><br><h2>Fontes</h2>- “<a href="https://www.infoescola.com/historia/guerra-civil-espanhola/" target="_blank">Guerra Civil Espanhola</a>”, texto de Pedro Augusto Rezende Rodrigues;<br>- <a href="http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-01882008000200016&script=sci_arttext" target="_blank">Texto</a> de Rodrigo Patto Sá Motta sobre o livro “A Guerra Civil Espanhola”, de Francisco J. Romero Salvadó.<br>Os dois links foram verificados em 28/04/2020.Vinicius Cabralhttp://www.blogger.com/profile/02972282144353255052noreply@blogger.com0